segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Companhia das Lezírias Verdelho 2007


Ribatejo DOC
Companhia das Lezírias – Samora Correia
4,31€ Jumbo
16,5/20

A Companhia das Lezírias é a maior exploraração agro-pecuária e florestal existente em Portugal, com cerca de 6.300 hectares de área, divididos em duas zonas: a Lezíria norte e a sul, divididas pela recta do cabo que liga Vila Franca de Xira ao Porto Alto. Grande parte desta enorme área é explorada indirectamente, através de arrendamentos. Cerca de 2000 hectares são afectos a pastagens e/ou à produção de forragens. Apenas 120 ha estão actualmente afectos à vinha, 65% da área por castas tintas e os restantes 35% por castas brancas.
Nacionalizada em 1975, passou a sociedade anónima de capitais maioritariamente públicos em 1989 e vem consolidando a sua situação financeira e tecnológica numa estratégia de desenvolvimento sustentado desde 1997.
O início da actividade vitícola da Companhia das Lezírias remonta ao ano de 1881, ano em que se instalou a vinha na charneca de Catapereiro. Essa área foi crescendo até 1934, ano em que a vinha atingiu o seu máximo expoente - cerca de 400 ha. As castas dominantes na altura eram o Periquita (Castelão) e o Bastardo. Hoje predominam entre as tintas a Trincadeira, Alicante-Bouschet, Aragonez, Touriga-Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Touriga-Franca, Tinta Barroca e Tinto Cão e nas brancas a Fernão Pires, Trincadeira das Pratas, Arinto, Roupeiro, Tália, Verdelho e Vital.
Versão nacional da casta espanhola Verdejo, o Verdelho tem ganho adeptos nos últimos anos pela boa frescura e leveza dos vinhos que proporciona, particularmente indicada assim para os solos quentes e secos do sul do País que geram tendencialmente brancos fortes e encorpados.
Este Verdelho 2007 da Companhia das Lezírias foi elaborado a partir de vinhas novas (com 4 anos de idade) cultivadas em solos arenosos e fermentado em inox com estabilização e filtragem. Produziram-se apenas 6.800 garrafas e recebeu a medalha de ouro no Concurso de Vinhos Engarrafados do Ribatejo de 2008.
De cor citrina límpida e brilhante é um vinho de bela apresentação e fraca concentração. O aroma denota citrinos (sobretudo abacaxi) e algumas notas minerais. Frutado, límpido, elegante e fresco. Um vinho que não tem nada a ver com o Ribatejo tradicional! Antes parece do Minho ou do Douro… Após agitar surgem notas mais doces de fruta madura e leve rebuçado. Exibe ainda alguma frescura vegetal. Muito conseguido.
Na boca tem corpo leve e muita frescura. De acidez média e limonada denota fruta madura e citrina, levemente adocicada. Redondo, elegante e agradável. Um belo branco do Ribatejo. Final correcto, limpo e de média dimensão. Preço atractivo.

Alvarinho Dorado Superior 2005



Vinho Verde DOC
Quinta do Feital – Paderne (Melgaço)
12,98€ Jumbo
17/20

O Alvarinho Dorado é produto de duas quintas, ambas propriedade da família Dorado: a Quinta do Feital e a Quinta do Dorado situadas em Paderne, Melgaço, em plena região do Alvarinho. Com adega própria, construída em 1996 e estreada na colheita de 2000, o alvarinho Dorado existe em duas declinações: o “colheita”, mais jovem, leve e fresco e o “selecção” mais estruturado e encorpado, engarrafado mais tarde.
Este Dorado Superior é do segundo tipo o que significa que foi privilegiada a maturidade da fruta com vista à obtenção de um vinho mais estruturado e encorpado. Um branco de Inverno, como agora se costuma chamar, distante portanto dos padrões mais usuais do Alvarinho nacional e mais próximo do conceito galego desta casta.
Não admira por isso que este seja um dos maiores sucessos do alvarinho português em terras de Espanha.
De cor amarelo palha, bom brilho e concentração algo elevada para um vinho verde, este Alvarinho distingue-se dos restantes logo pelo aspecto. No nariz predominam os citrinos com um agradável toque mineral. Limonado e com notas frutadas elegantes é um vinho que só secundariamente porém exibe toda a sua frescura, revelando impressões de maçã verde que se prolongam no bouquet. Aroma limpo e sofisticado com boa frescura.
Na boca mostra-se encorpado e quase sem bolha. Um branco muito mais do que um “verde”… Acidez contida sem nunca comprometer a frescura. É um vinho com corpo e personalidade Original e muito conseguido.
Finaliza perfeito e prolongado, cheio de classe. Um excelente Alvarinho, distinto e personalizado.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Quinta da Viçosa 2003


Vinho Regional Alentejano
João Portugal Ramos (Estremoz)
22,49€ Garrafeira Nacional
17,5/20

A Quinta da Viçosa é uma das marcas de topo da produção de João Portugal Ramos, um dos mais conceituados e empreendedores produtores nacionais, com projectos espalhados já pelas principais regiões vinícolas nacionais. Elaborado a partir de uvas produzidas na Quinta da Viçosa, perto de Estremoz, das castas Touriga Nacional e Merlot, parcialmente pisadas em lagares de mármore e o restante com fermentação a temperatura controlada em cubas de aço inox. Estagiou ainda 12 meses em meias pipas novas de carvalho francês e americano.
Estamos perante um original vinho alentejano de perfil aristocrático bordalês. A touriga nacional faz aqui as vezes do Cabernet Sauvignon, casta com quem partilha variadas características organolépticas, como a frescura, a elegância e um sedutor perfil vegetal.
Aspecto denso, belo e irrepreensível. Fortemente concentrado.
Nariz fumado com a fruta vermelha e silvestre bem presente. Após agitar revela elegância e complexidade, com um agradável lado vegetal.
Na boca exibe bom corpo com taninos sedosos e de enorme elegância. Um vinho de grande nobreza e profundamente sedutor. Poderoso mas muito delicado.
Final longo e de enorme elegância.
Um grande vinho alentejano!

Quinta do Ferro Bruto 2006



Vinho Verde DOC
Quinta do Ferro (Baião)
6,25€ Revista de Vinhos
16/20

Foi com curiosidade que abordei este espumante produzido na região dos vinhos verdes, a partir de uma casta menos comum mas de inegáveis méritos como é o Avesso. Devo confessar que foi uma agradável surpresa.
Exibe uma bela cor citrina, brilhante e de bolha abundante mas fina. Concentração e viscosidade medianas. O nariz revela boas notas frutadas com os citrinos sempre a dominar o aroma. Tem contudo um agradável toque mineral. Um nariz limonado e sedutor. Após agitar a frescura mineral liberta-se revelando um espumante elegante e com um ligeiro toque herbáceo.
Na boca apresenta uma agradável bolha fina, como é devido, e uma mousse suave e cremosa. A acidez mostra-se no ponto. Seco, limonado, fresco e mineral este Quinta do Ferro Bruto 2006 revela-se um parceiro privilegiado da boa mesa.
Finaliza guloso e cheio de classe.
Um excelente espumante de vinho verde, com garra e originalidade e por um preço irrecusável.
Uma excelente prenda de Natal!

Cimarosa Gran Reserva Pinot Noir 2005


Central Valley – Chile
Via Wine Group – LIDL
6,99€ LIDL
15,5/20

Marca produzida pela chilena Via Wine Group para os supermercados LIDL, exclusiva para os seus vinhos Gran Reserva monocasta. Neste caso foi o Pinot Noir de 2005, uma casta de origem borgonhesa (é também utilizada no fabrico do Champagne) mas que encontrou uma pátria adoptiva nos vales chilenos, caracterizados por um clima de forte influência marítima. É aliás um dos poucos locais do mundo onde esta difícil casta francesa se adaptou, originando vinhos frescos e frutados, no melhor estilo da Borgonha, o que geralmente não sucede em adaptações levadas a cabo noutros climas, como o português, em que os Pinot Noir surgem geralmente mais densos e encorpados, menos característicos.
Esta colheita de 2005 mostra cor granada aberta e brilhante, de viscosidade média e baixa concentração, como é costume na casta. O nariz exibe boas notas frutadas de morangos e groselhas, compotas e leves notas balsâmicas e vegetais. Secundariamente a fruta surge fresca e apetecível, com algum mineral e leve vegetal verde e legumes (feijão verde).
Na boca revela corpo e acidez medianas. Fruta vermelha característica (morangos, cerejas, groselhas) com alguma doçura. Algum vegetal cozido. É um vinho leve e elegante, que finaliza correcto e sem defeitos.
Um vinho de qualidade mas que se mostrou abaixo da colheita de 2003, de porte mais aristocrático e exclusivista. Ainda assim exibe uma boa relação preço/qualidade, para um Pinot Noir, claro está...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Quinta da Garrida 2004



Dão DOC
Caves Aliança (Gouveia)
Jumbo, 5,78€
16/20

A Quinta da Garrida, propriedade da Aliança desde 1998, está situada em Vila Nova de Tazém, no concelho de Gouveia, na região demarcada do Dão. Com uma área total de 112 hectares, tem 80 hectares de vinhas com 15 anos e os restantes com novas plantações efectuadas com o recurso às mais modernas técnicas. A vinha é constituída pelas principais castas desta região, como a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro Preto. Aqui são produzidos dois vinhos: o Quinta da Garrida e o Touriga Nacional Reserva, sob a direcção dos enólogos Francisco Antunes (enólogo residente) e Pascal Chatonnet (enólogo consultor).
Este Quinta da Garrida 2004 foi elaborado a partir das castas Jaen, Tinta Roriz e Touriga Nacional, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. É um vinho de bela apresentação, com cor rubi brilhante, boa concentração e viscosidade média. O nariz é elegante com leves notas balsâmicas, fruta vermelha e silvestre macerada, num conjunto cheio e redondo, bem expressivo das boas características da região. Após agitar surge muita frescura, algum mineral e metal, num aroma limpo e fresco.
A boca é leve e aristocrática. Num vinho suave e sedoso sente-se a elegância da touriga nacional, bem casada com a fruta. O perfil austero das terras beirãs é manifestado com classe neste bom exemplo das potencialidades do Dão. Final persistente sem nunca perder a elegância.
Magnífica relação preço/qualidade.

Conde d’Ervideira Reserva 2004



Alentejo DOC
Ribeira d’Ervideira (Évora)
Revista de Vinhos, 5,95€
16/20

Propriedade da família Leal da Costa, descendente do Conde da Ervideira, cuja tradição vinícola remonta a 1880, os vinhos da Ervideira provêm de 160 hectares de vinha distribuída por duas propriedades, as herdades do Monte da Ribeira na Vidigueira e da Herdadinha na Vendinha, Reguengos de Monsaraz. O enólogo residente é Nelson Rolo sendo consultor da casa o enólogo Paulo Laureano. A exportação é o destino de quase metade da produção da Ribeira d’Ervideira, com o Brasil a liderar o top das vendas internacionais, numa lista de fazem igualmente parte a China, Angola ou o Canadá. Da produção fazem parte as marcas Ervideira, Terras d’Ervideira, Lusitano, Vinha d’Ervideira, Castas d’Ervideira e este Conde d’Ervideira, o topo de gama da casa que existe em duas versões: o Reserva e o Garrafeira, produzido apenas nos anos de melhor qualidade.
Este Conde d’Ervideira Reserva 2004 foi produzido a partir das castas Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon a partir de uma selecção dos melhores lotes de uvas, vinificados casta por casta. Estagiou 8 meses em barricas novas, maioritariamente, de carvalho francês. Foi depois engarrafado, permanecendo em cave durante o período mínimo de um ano. Foram produzidas 26 000 garrafas.
De cor rubi brilhante e de concentração elevada, é um vinho bem apresentado e de viscosidade média. No nariz ressaltam os frutos silvestres e compotas, com boa frescura. Após agitar surgem notas de marroquinaria e de metais brancos, com muita frescura. Exibe mesmo um elegante bouquet frutado. Na boca revela-se surpreendentemente leve e com boa acidez. Os taninos são sedosos e elegantes, num vinho fresco e distinto com notas de frutos silvestres e vermelhos. Termina com agradável persistência.
Um vinho muito bem feito, revelador das novas tendências alentejanas de privilegiar a frescura em detrimentos da excessiva extracção, que pontificou nos tempos mais recentes e nos vinhos desta região. Excelente relação preço/qualidade.