sábado, 27 de dezembro de 2008

Quinta da Garrida 2004



Dão DOC
Caves Aliança (Gouveia)
Jumbo, 5,78€
16/20

A Quinta da Garrida, propriedade da Aliança desde 1998, está situada em Vila Nova de Tazém, no concelho de Gouveia, na região demarcada do Dão. Com uma área total de 112 hectares, tem 80 hectares de vinhas com 15 anos e os restantes com novas plantações efectuadas com o recurso às mais modernas técnicas. A vinha é constituída pelas principais castas desta região, como a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro Preto. Aqui são produzidos dois vinhos: o Quinta da Garrida e o Touriga Nacional Reserva, sob a direcção dos enólogos Francisco Antunes (enólogo residente) e Pascal Chatonnet (enólogo consultor).
Este Quinta da Garrida 2004 foi elaborado a partir das castas Jaen, Tinta Roriz e Touriga Nacional, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. É um vinho de bela apresentação, com cor rubi brilhante, boa concentração e viscosidade média. O nariz é elegante com leves notas balsâmicas, fruta vermelha e silvestre macerada, num conjunto cheio e redondo, bem expressivo das boas características da região. Após agitar surge muita frescura, algum mineral e metal, num aroma limpo e fresco.
A boca é leve e aristocrática. Num vinho suave e sedoso sente-se a elegância da touriga nacional, bem casada com a fruta. O perfil austero das terras beirãs é manifestado com classe neste bom exemplo das potencialidades do Dão. Final persistente sem nunca perder a elegância.
Magnífica relação preço/qualidade.

Conde d’Ervideira Reserva 2004



Alentejo DOC
Ribeira d’Ervideira (Évora)
Revista de Vinhos, 5,95€
16/20

Propriedade da família Leal da Costa, descendente do Conde da Ervideira, cuja tradição vinícola remonta a 1880, os vinhos da Ervideira provêm de 160 hectares de vinha distribuída por duas propriedades, as herdades do Monte da Ribeira na Vidigueira e da Herdadinha na Vendinha, Reguengos de Monsaraz. O enólogo residente é Nelson Rolo sendo consultor da casa o enólogo Paulo Laureano. A exportação é o destino de quase metade da produção da Ribeira d’Ervideira, com o Brasil a liderar o top das vendas internacionais, numa lista de fazem igualmente parte a China, Angola ou o Canadá. Da produção fazem parte as marcas Ervideira, Terras d’Ervideira, Lusitano, Vinha d’Ervideira, Castas d’Ervideira e este Conde d’Ervideira, o topo de gama da casa que existe em duas versões: o Reserva e o Garrafeira, produzido apenas nos anos de melhor qualidade.
Este Conde d’Ervideira Reserva 2004 foi produzido a partir das castas Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon a partir de uma selecção dos melhores lotes de uvas, vinificados casta por casta. Estagiou 8 meses em barricas novas, maioritariamente, de carvalho francês. Foi depois engarrafado, permanecendo em cave durante o período mínimo de um ano. Foram produzidas 26 000 garrafas.
De cor rubi brilhante e de concentração elevada, é um vinho bem apresentado e de viscosidade média. No nariz ressaltam os frutos silvestres e compotas, com boa frescura. Após agitar surgem notas de marroquinaria e de metais brancos, com muita frescura. Exibe mesmo um elegante bouquet frutado. Na boca revela-se surpreendentemente leve e com boa acidez. Os taninos são sedosos e elegantes, num vinho fresco e distinto com notas de frutos silvestres e vermelhos. Termina com agradável persistência.
Um vinho muito bem feito, revelador das novas tendências alentejanas de privilegiar a frescura em detrimentos da excessiva extracção, que pontificou nos tempos mais recentes e nos vinhos desta região. Excelente relação preço/qualidade.

CARM Reserva 2005 Branco



Douro Doc
Casa Agrícola Reboredo Madeira (Vila Nova de Foz Côa)
Garrafeira Nacional, 10,30€
16,5/20

Elaborado a partir de castas tradicionais durienses plantadas em vinhas velhas situadas no Douro Superior (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) e estagiado em carvalho francês com “batonnage”, é pois um vinho onde se conjugam a velha tradição vinícola do Douro com as mais modernas técnicas de vinificação.
As castas utilizadas são várias, como é habitual nas velhas parcelas de vinha do Douro, mas predominam a Verdelho, Síria e Rabigato.
A cor é amarelo palha, com elevada concentração, bom brilho e viscosidade média a elevada. Surpreende pela cor e concentração, que mais parecem anunciar um vinho velho.
O aroma é mineral, fresco e frutado. Elegante, com boa fruta (predomina o ananás) e leve anisado. Muito aromático e com aquela faceta mineral sedutora, característica dos bons vinhos do Douro. Exibe mesmo um agradável bouquet frutado.
Na boca mostra corpo e acidez médias. É um branco limonado, com predominância clara dos citrinos, e claramente mais seco que doce. É no entanto de uma secura agradável, austera mas sedutora e elegante que o tornam um excelente companheiro da mesa.
Final muito correcto, seco e longevo.
Um excelente branco do Douro a um preço muito convidativo.

Quinta do Vallado Tawny 10 Anos



Quinta do Vallado (Peso da Régua)
Napoleão, 22.95€
16,5/20

A Quinta do Vallado é uma propriedade histórica do Douro. Situada a escassos 10 quilómetros do Peso da Régua, o centro histórico do Douro vinhateiro, estende-se por ambas as margens do rio Corgo, com 38 hectares de vinha que já foi pertença de Dona Antónia Adelaide Ferreira, e ainda hoje se mantém na família, e está referenciada como produtora de vinho do Porto desde, pelo menos, o ano de 1716. Destes 38 hectares, cerca de 26 são de vinhas muito antigas, com mais de 60 anos de idade.
Este Tawny 10 anos é proveniente dessas vinhas velhas, com mistura de várias castas onde predominam a tinta amarela e a tinta roriz, elaborado com recurso a sucessivos estágios em madeira e engarrafamento em Dezembro de 2003. Recebeu uma medalha de ouro no International Wine Challenge de 2004.
De bela cor âmbar é um vinho de apresentação irrepreensível, com excelente brilho, viscosidade e concentração médias.
O nariz é delicado mas muito aromático, com notas de mel, frutos secos, bolo inglês e leves notas de tabaco. Após agitar sente-se ligeiramente os 20 graus de teor alcoólico, mas também uma agradável frescura. Surgem ainda leves e elegantes notas florais, bem casadas com os aromas primários.
Na boca é um vinho cremoso e distinto. De corpo médio e acidez no ponto, revela madeira nova, leve fumado, muita fruta cristalizada e frutos secos. Finaliza persistente e com alguma complexidade.
Um excelente Tawny. Porém, por este preço, já se acede a alguns vintage e LBV que conseguem elevar a fasquia do desfrute de um bom Porto a patamares mais elevados. A menos que se prefira a delicadeza de um Tawny velho… Aí este Quinta do Vallado 10 anos é seguramente uma referência a reter.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Termeão Pássaro Branco 2004



Bairrada DOC
Manuel Santos Campolargo (Anadia)
6,59€ Corte inglês
15,5/20

Manuel Campolargo foi um dos pioneiros da nova Bairrada vinícola. Quando os vinhos da região pareciam afundar-se num marasmo sem futuro, excepção feita talvez aos espumantes, graças à tradição do leitão bairradino, Manuel Campolargo ousou avançar para a produção própria e para o plantio de novas castas, nacionais e importadas, algumas pela primeira vez experimentadas em terras da Bairrada. Os primeiros vinhos Campolargo saíram para o mercado em 2000, mas a adega apenas foi construída em 2004
Com duas propriedades, a Quinta de São Mateus, com 110 ha de vinha, e a Quinta de Vale de Azar, com 60 ha, os vinhos Campolargo recorrem a uma enorme variedade de castas desde a tradicional Baga ao Pinot Noir, passando pela inevitável Touriga Nacional, a Tinta Barroca do Douro, a Periquita sadina ou a bordalesa Cabernet Sauvignon, só para mencionar as tintas.
O Termeão, Pássaro Branco (existe também o Pássaro Vermelho, mais exclusivo, com estágio prolongado em madeira nova) é elaborado a partir das castas Touriga Nacional, Castelão Nacional e Cabernet Sauvignon, com fermentação meloláctica em balseiros seguida de estágio não muito prolongado em barricas usadas.
De bela cor granada e bom brilho, mostra viscosidade e concentração medianas. O nariz exibe acentuadas notas balsâmicas, fruta silvestre, muito vegetal e leve mineral, num perfil fresco e aberto. Secundariamente continua o vegetal a dominar, verde, fresco com algum metal e ligeiro toque de legumes cozidos. Na boca é um vinho leve e original. Com a acidez no ponto, quase crocante, revela-se um excelente companheiro da mesa. É um vinho elegante e diferente, bem distante das concentrações adocicadas que vão dominando o mercado. Aqui domina o vegetal, com distinção e acentuada vocação gastronómica. Finaliza correcto e de boa duração.

Casa de Santa Vitória 2004



Vinho Regional Alentejano
Casa de Santa Vitória (Beja)
4,50€ Modelo
15/20


Fruto de um projecto pioneiro, o de unir o turismo rural ao vinho, a Casa de Santa Vitória apresenta-se assim ao enófilo com uma curiosidade acrescida. Elaborado a partir de uvas das castas Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Aragonez e Syrah, cultivadas nos vastos terrenos que circundam o empreendimento Vila Galé Clube de Campo, na freguesia de Santa Vitória (que dá nome ao vinho) do concelho de Beja, com as vinhas e as adegas abertas aos olhares curiosos dos muitos milhares de visitantes que se deslocam anualmente a este acolhedor empreendimento turístico do Baixo Alentejo, parece deixar sempre no ar a pergunta: será vinho para turistas? Estamos perante um mero aproveitamento de terras, não utilizadas na construção do empreendimento, destinadas assim a garantir ao visitante o vislumbre duma nesga da rotina agrícola alentejana ou, pelo contrário, este Clube de Campo Vila Galé assume-se como um verdadeiro projecto triicéfalo, com a agricultura, a vinicultura e o turismo a aparecerem com igual destaque na prioridade, rigor e profissionalismo do investimento.
Se considerarmos o volume de produção vinícola desta propriedade, os avultados valores investidos, designadamente na construção de uma moderna adega, e os prémios já alcançados pelos seus vinhos, onde figuram verdadeiros topos de gama, novos ícones da vinicultura alentejana (sobretudo do novo Alentejo vinícola, quase todo distribuído pelo distrito de Beja) como o Reserva ou o Inevitável, dificilmente restarão dúvidas quanto à seriedade deste projecto vinícola da Casa de Santa Vitória.
Este colheita 2004 mostra brilho e viscosidade médias, mas uma concentração elevada, numa bonita cor rubi. O nariz possui elegantes notas florais e muita fruta vermelha, num misto de frescura e doçura que ora remete para os morangos e vegetais frescos ora para as suculentas compotas da região. Um aroma primário muito conseguido. Após agitar surgem os couros característicos das castas utilizadas e dos solos alentejanos, temperados por ligeiro metal e verniz. Na boca tem corpo e acidez medianas com a adstringência correcta, sem exageros. A fruta está lá, vermelha e silvestre, mas também algum verniz que lhe confere um toque algo licoroso. É um vinho fresco mas mais doce que seco, com boa fruta. Finaliza correcto e com agradável persistência.
Pena o perfil ligeiramente tecnológico… Ainda assim, assinalável relação preço/qualidade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Herdade do Pinheiro Reserva 2002


Vinho Regional Alentejano
Herdade do Pinheiro (Ferreira do Alentejo)
17,99€ Continente
16,5/20

Galardoado com uma medalha de ouro no International Wine Challenge 2006 este reserva alentejano é elaborado a partir das castas Aragonez, Trincadeira e Touriga Nacional, sob responsabilidade dos enólogos José António Fonseca e Luís Morgado Leão. Teve estágio de 9 meses em madeira de carvalho francês e americano.
Proveniente da região de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, é assim um novo alentejano, isto é, um vinho proveniente de uma região do Alentejo sem grande tradição vinícola. No entanto muito se tem produzido de qualidade fora das tradicionais regiões vinícolas de além Tejo nos últimos anos, mostrando que essas antigas divisões estão cada vez mais condenadas ao esquecimento. Pelo menos para o grande público, para quem a marca “Alentejo” se afigura cada vez mais como móbil de compra, pouco preocupado em indagar se adquire um DOC ou um mais vulgar regional alentejano…
De cor rubi escuro, quase opaco, é um vinho de viscosidade média e bom brilho. Numa clara opção, assinalável só pelo aspecto, pelo perfil concentrado.
Boas notas de fruta vermelha e silvestre no nariz, conjugadas com as habituais sugestões de campo e terra, características da região. Após agitar surgem previsíveis notas metálicas e de couro, conjugadas com terra molhada, café e alguma frescura vegetal que se mostra bem-vinda, num conjunto exuberante e de assinalável complexidade.
A boca revela um corpo médio de acidez elevada. Ainda assim a adstringência é contida. Um vinho complexo e concentrado, com notas de café, fruta silvestre, compotas e groselhas. Um conjunto que se impõe, mais do que conquista. Num perfil novo-mundista que persegue a exuberância, pela concentração.
Final apenas médio.

Quinta do Portal Moscatel Reserva 1996



Moscatel Douro DOC
Quinta do Portal (Sabrosa)
12,15€ Napoleão
16/20

O Moscatel Galego é uma casta tradicional duriense que tem alcançado enorme sucesso comercial, sobretudo através da Adega Cooperativa de Favaios, que produz e vende anualmente muitos milhões de litros do seu Moscatel local, verdadeira instituição da região, quer no mercado interno, quer na exportação.
O interesse comercial da casta tem levado outros produtores da região a lançarem, também eles, no mercado os seus próprios Moscatéis, aplicando porventura critérios selectivos e tecnologia de produção menos acessíveis ao mais massificado produto das Cooperativas. É o caso deste Reserva 1996, produzido pela Quinta do Portal com uvas oriundas precisamente do Planalto de Favaios, um produtor conceituado do Douro (eleito produtor do ano 2007 pela Revista de Vinhos), que nos habituámos a admirar pelos seus excelentes tintos (o seu porta-estandarte é o elitista Auru) e Portos.
Com bom brilho e uma bonita cor âmbar, bem característica do moscatel, mostra concentração mais baixa do que os seus congéneres setubalenses e viscosidade apenas média.
O nariz exibe notas florais conjugadas com as mais habituais referências a bolo inglês, citrinas (laranja e tangerina) e a mel. É ainda assim um nariz fresco, sobretudo para um vinho fortificado. Essa frescura intensifica-se após agitar, com a fruta a surgir fresca e as notas florais a deixarem um agradável bouquet perfumado.
A boca é cremosa e suave. Não perde as características florais nem as citrinas. Mal se sente o álcool. Um vinho elegante e agradável, de média persistência, que fica porém aquém dos bons exemplos elaborados a partir da casta Moscatel de Setúbal, de que aqui dei nota recente.
Tem boas qualidades, mas falta-lhe o porte aristocrático que os bons moscatéis de Setúbal adquirem com os anos. Aparentemente 12 anos não foram suficientes para que este moscatel galego as adquirisse…

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Singularis 2004



Vinho Regional Alentejano
Paulo Laureano Vinus (Vidigueira)
5,95€ Revista de Vinhos
16/20

O alentejano Paulo Laureano, formado em engenharia agrícola pela Universidade de Évora, é um dos enólogos portugueses mais conhecidos e requisitados, sobretudo no sul do país onde, desde há vários anos, desenvolve importantes tarefas como consultor de dezenas de produtores, entre eles alguns de grande fama e tradição, como a Herdade do Mouchão.
Em 1998 lançou-se na produção de vinhos próprios fundando a Eborae Vitis e Vinus, com marcas que cedo ganharam projecção no mercado como o Dolium, este Singularis e também o Vale da Torre, elaborados a partir de uvas próprias (oriundas de uma vinha de 10 ha perto de Évora) mas sobretudo de uvas seleccionadas, adquiridas a terceiros. Em 2007 deu um novo passo neste seu projecto de produção de vinhos próprios, adquirindo uma nova propriedade com 70 ha de vinha na Vidigueira e uma adega, que tratou de ampliar com as mais modernas tecnologias. Fundou duas novas empresas, a Paulo Laureano Vinus dedicada à produção própria e a Eborae Consulting dedicada à consultoria, que assim sucederam nos negócios da extinta Eborae Vitis e Vinus.
O objectivo declarado é a produção de vinhos de alta qualidade, exclusivamente elaborados a partir de castas tradicionais portuguesas, com uma forte aposta na exportação. A única excepção é a francesa Alicante Bouschet que, fruto da extraordinária adaptação ao solo alentejano e à sua quase extinção em terras gaulesas, se assume hoje em dia como lusitana por adopção.
Este Singularis é elaborado a partir das castas Trincadeira e Aragonês e tem uns comedidos 13,5% de teor alcoólico, para os tempos que correm e para a região alentejana, entenda-se.
Com uma bela cor granada, boa concentração e bom brilho, é um vinho que se apresenta bem, apesar da viscosidade elevada. Bastante aromático, com notas campestres e terrosas e de fruta silvestre e vermelha. Após agitar surgem notas metálicas e leve marroquinaria. Termina com ligeiro bouquet vegetal.
Na boca denota acidez crocante e adstringência mediana. É contudo um vinho surpreendentemente fresco, contrariando a tendência da generalidade dos vinhos alentejanos. A fruta é sobretudo silvestre e roxa, com framboesas e amoras a sobressaírem num conjunto agradável e muito amigo da mesa.
Finaliza correcto e de média duração.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Festa da Vinha e do Vinho em Borba



Vai também decorrer em Novembro, de 8 a 16, em Borba, a Festa da Vinha e do Vinho, onde poderão ser degustadas mais de 100 marcas de vinhos do Alentejo e descoberta a riqueza gastronómica da região.
O evento contará ainda com exposições de artesanato, espectáculos e provas de vinhos conduzidas por enólogos e produtores de vinhos alentejanos.

Horário normal de funcionamento:
Fim-de-semana: 10h - 24h
2.ª a 6.ª feira: 12h - 24h

Encontro com o Vinho e Sabores 2008



Vai decorrer nos próximos dias 31 de Outubro a 3 de Novembro a edição 2008 do Encontro com o Vinho e do Encontro com os Sabores, no Pavilhão do Rio do Centro de Congressos de Lisboa.
Organizado pela Revista de Vinhos e realizado desde 2000, o ECV/ECS é o maior evento dirigido aos consumidores na área de vinhos e gastronomia com 230 stands que representam mais de 350 expositores de todo o país e estrangeiro.
Reúne os melhores produtores de vinhos nacionais e alguns de produtos gourmet, que expõem e oferecem para degustação aos visitantes.
Nesta feira, os consumidores contactam directamente com os produtores, fazem perguntas, trocam opiniões, degustam os produtos, etc. Os produtores têm também uma rara oportunidade de contactar directamente os seus consumidores, perceber a sua reacção aos novos lançamentos e ensaiar novas possibilidades.
O evento conta ainda com uma loja onde os visitantes podem comprar os produtos expostos para degustação, tem uma média de 10.000 visitantes, entre consumidores de primeira linha, retalhistas da especialidade e restaurantes.

Paralelamente irá também decorrer o Gosto de Lisboa, um evento gastronómico que celebra os melhores restaurantes de Lisboa como um valor de referência na oferta turística e cultural da cidade.
Durante um fim-de-semana, 8 restaurantes sedeados em Lisboa, representativos, pelos tipos de cozinha que apresentam, do melhor que se faz em Portugal, vão apresentar aos visitantes propostas gastronómicas para degustação que são ao mesmo tempo uma mostra do seu virtuosismo e um convite para uma visita futura mais demorada. Em doses individuais, os restaurantes presentes vão apresentar criações próprias (mínimo de 3 por restaurante, por dia) a preços de venda ao público entre €5 e €15.
Com uma esplanada com duas centenas de lugares sentados, o espaço oferece todo o conforto ao visitante para uma apreciação descansada das criações dos chefes. Empresas de vinhos, cervejas e de outras bebidas, completam a oferta para um acompanhamento perfeito desta experiência gastronómica.

Estes eventos são organizados pela Revista de Vinhos e pela Media Capital Edições e têm como patrocinador principal o Millennium BCP.
Entrada grátis para portadores de cartões de crédito Millennium BCP + 1 acompanhante.
Desconto de 50% para leitores da Revista de vinhos, mediante apresentação de cupão de desconto (encartado na Revista de Vinhos de Outubro) na bilheteira do evento.
Entrada 10€ - Bilhetes à venda em www.plateia.pt. Fnac, Worten e www.ticketline.sapo.pt

Mais informações pelos telefones 214369454/470 email: dbandeira@mce.iol.pt


Restaurantes convidados

• A Confraria / York House - cozinha portuguesa contemporânea
• El Corte Inglés - cozinha portuguesa contemporânea
• Eleven - cozinha moderna de autor
• Espaço Lisboa – cozinha tradicional portuguesa
• Gemelli - cozinha italiana moderna
• Na Ordem com Luís Suspiro - cozinha de autor
• Terreiro do Paço - cozinha de autor
• Virgula - cozinha de autor

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Três Bagos Sauvignon Blanc 2007


Vinho Regional Duriense
Lavradores de Feitoria (Vila Real)
8,99€ Jumbo
17,5/20

O Douro é uma das regiões nacionais que se tem mostrado mais avessa à entrada de castas estrangeiras na sua produção.
Fiel às castas autóctones, na sua maioria com amplas provas dadas na produção centenária do vinho do Porto, é rara a exploração duriense que arrisca introduzir um Cabernet Sauvignon ou um Syrah nos seus lotes, quanto mais produzir um vinho extreme que não seja um Tinta Roriz, Tinta Barroca ou Touriga Nacional.
A excepção são os brancos. Menos cotados do que os seus irmãos tintos, os brancos do Douro roçam a mera curiosidade, produzida em pequenas quantidades, quase para consumo local. Mesmo o Porto branco tem uma presença muito discreta quando comparado com os aristocráticos tintos, únicos com direito a edições Vintage ou LBV.
Assim não admira que quando esta jovem empresa, formada por um conjunto de lavradores durienses, proprietários de algumas das melhores quintas e terroirs da região, se lembrou de produzir um Sauvignon Blanc, ainda por cima nas históricas vinhas da Casa de Mateus, em Vila Real, a ideia tenha soado excêntrica aos ouvidos de muitos. Escassos anos volvidos, sempre com resultados animadores, surgiu esta colheita de 2007, a confirmar plenamente a justeza da proposta. Num ano perfeito, com maturações lentas e uniformes, surgiu o melhor Sauvignon Blanc dos Lavradores de Feitoria e um dos melhores (senão mesmo o melhor) Sauvignon Blanc nacional.
Com fermentação em inox e apenas 20% do lote estagiado em barricas novas de carvalho francês, durante apenas 3 meses, resultou um vinho elegante e atractivo, fresco e citrino, conjugando brilhantemente a complexidade da casta com a frescura e mineralidade do solo e clima durienses.
De cor citrina e bom brilho, mostra-se mediano como convém na concentração e viscosidade.
O nariz exibe boas notas frutadas, com frutos tropicais (papaia, abacaxi) e alguma fruta cozida. Secundariamente o vinho respira frescura. Ananás, tangerina, leve mineral num conjunto esplêndido e muito conseguido. Bom bouquet frutado.
Na boca é um vinho redondo e de corpo médio a elevado. Elegante e de acidez contida, sem contudo comprometer a frescura, é um branco cheio de classe e de fruta, com as notas tropicais e citrinas a dominarem.
Finaliza longo e característico da casta, elegante e pleno de fruta.
Um grande sauvignon blanc do Douro!

Grand’Arte Touriga Nacional Rosé 2007


Estremadura DOC
DFJ Vinhos (Alenquer)
5,95€ Revista de Vinhos
15/20

Para José Neiva Correia, o principal accionista, gestor e enólogo da DFJ Vinhos, o objectivo primordial da empresa é “transformar a riqueza e a variedade das castas portuguesas em vinhos da mais alta qualidade e levá-los ao alcance da maioria dos consumidores”.
Fundada em 1998 e localizada no coração do Ribatejo, na Quinta da Fonte Bela, esta empresa produz em quase todas as regiões de Portugal e exporta cerca de 90% da sua vasta produção de cerca de 8 milhões de litros por ano.
Este Grand’Arte Touriga Nacional Rosé é produzido na região de Alenquer, na Estremadura, na Quinta do Porto Franco.
Longe do perfil doce e gasoso que marcou durante muito tempo os rosés nacionais, este touriga mostra-se mais sério, mais concentrado e seguramente mais evoluído.
Com um aspecto irrepreensível, denota bom brilho, concentração e viscosidade médias. O nariz exibe boas notas frutadas e florais, elegante e refrescante.
Na boca é um vinho liso e de acidez média, com boa fruta e muita frescura. Mais seco do que doce, impõe-se com elegância, recorrendo para isso às boas notas florais que a nobreza da casta lhe permite.
Final correcto, elegante e de média duração. Um bom exemplo de que a qualidade também pode ser apanágio de um rosé, o qual se vê assim destinado a voos gastronómicos bem mais variados e sedutores.

Castas d’Ervideira Trincadeira 2004


Vinho Regional Alentejano
Ribeira da Ervideira (Évora)
8,59€ Supercor
15,5/20

Este vinho alentejano, elaborado sob a responsabilidade enológica de Paulo Laureano, provém das herdades do Monte da Ribeira e da Herdadinha, pertencentes à família Leal da Costa, descendente do Conde de Ervideira que aqui produziu vinho desde 1880. Com 160ha de vinhedos divididos pela Vidigueira (110ha) e por Reguengos (50ha), plantados entre 1986 e 2002, a Ribeira da Ervideira produz em 1998 o seu primeiro vinho próprio após um longo interregno, que durava desde 1950. Em 2002 nasce a adega da Ervideira, na Herdadinha no concelho de Évora. Das cerca de 800 mil garrafas produzidas actualmente, 40% destina-se ao mercado externo que é constituído por países como o Brasil, Canadá, Estados Unidos e México; Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça; Cabo Verde, Angola e Moçambique; e ainda Macau/China.
As castas tintas representam ¾ da produção, sendo a Trincadeira e o Aragonez as predominantes (50%), seguidas de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Caiada, Syrah, e Castelão. Nos encepamentos de brancos destacam-se as castas nobres tipicamente regionais como Antão Vaz, Roupeiro, Arinto e Perrum.
Este monovarietal de Trincadeira foi fermentado em inox e estagiou entre 6 e 8 meses em barricas novas de carvalho francês e americano. Foram produzidas apenas 6.600 garrafas.
De bela cor rubi com muito brilho, mostra-se bem com concentração e viscosidade médias. O aroma é sedutor e complexo com notas fumadas e de madeira exótica, fruta vermelha macerada e leve campestre, com breves notas de terra molhada. Após agitar surgem metais amarelos e leves notas herbáceas com o álcool a sentir-se ligeiramente. O nariz termina com um agradável bouquet frutado. Na boca mostra acidez média, tal como a adstringência que está presente sem nunca incomodar. Há um ligeiríssimo amargor que tende a desaparecer com a oxigenação. A fruta é roxa mas sobretudo vermelha e madura, com um agradável lado vegetal a contrabalançar e a impedir o vinho de assumir um carácter excessivamente telúrico como é característico da região. Não tem uma elegância aristocrática mas é um vinho alegre e sedutor, aberto com tudo no sítio e pronto a beber.
Finaliza muito correcto, sem defeitos e de média duração.

domingo, 28 de setembro de 2008

Quinta do Ameal Loureiro 2007

Vinho Verde DOC
Quinta do Ameal (Ponte de Lima)
5,68€ Jumbo
16/20

A Quinta do Ameal situa-se numa das mais ancestrais freguesias de Portugal, anterior à Nacionalidade (1143), em Refóios do Lima, concelho de Ponte de Lima. A produção de vinhos no Ameal é já mencionada em documentos de 1710, sendo portanto anterior a essa data. A quinta sofreu contudo importantes reformas e melhoramentos nos anos mais recentes, visando o máximo controlo e acompanhamento por técnicos responsáveis nas áreas enológica e vitícola. O processo de produção inclui a selecção criteriosa das melhores uvas, fermentação a temperaturas controladas, enxaguamento, engarrafamento e rotulagem automáticos na propriedade.
Mas esta belíssima quinta, nas margens do rio Lima, tornou-se conhecida nos últimos anos sobretudo pela sua aposta na casta Loureiro, uma das mais emblemáticas da região dos vinhos verdes. Esta opção tem-lhe garantido enorme sucesso, nacional e internacional, quer na crítica quer no público consumidor. O vinho da Quinta do Ameal é hoje exportado para cerca de duas dezenas de países, incluindo os importantes mercados norte-americano e brasileiro, mas também para países de enorme tradição vinícola como a Espanha, França, Alemanha ou Austrália.
Este Quinta do Ameal Loureiro é um vinho extreme da casta Loureiro, produzido na sub-região do Lima e em solos graníticos. Provém de uma vinha de 12 hectares exclusivamente plantados com esta casta e cultivada de acordo com os princípios biodinâmicos, que origina a produção de cerca de 50.000 garrafas por ano.
De aspecto límpido e brilhante, é um vinho pouco concentrado (como se quer num branco) e de cor citrina. O nariz mostra-se frutado, com boas notas florais e citrinas, a que se junta alguma doçura que lembra a uva de mesa. Já secundariamente o Loureiro aparece em todo o seu esplendor: mineral e fresco, a fruta surge personalizada com enorme elegância e requinte. Exibe mesmo um agradável bouquet frutado.
Na boca apresenta corpo médio com bolha finíssima. A acidez está contida e elegante sem nunca comprometer a frescura. A fruta surge através dos citrinos, num perfil mineral e limonado. Finaliza muito bem, elegante e prolongado.
Um excelente exemplo das potencialidades desta magnífica casta minhota, para mim a que melhor personifica as virtudes do vinho verde, indiscutivelmente um dos melhores brancos nacionais, fortemente vocacionado para a exportação.

sábado, 20 de setembro de 2008

Quinta do Crasto Tinto 2004


Douro DOC
Quinta do Crasto (Gouvinhas – Sabrosa)
8,00€ Hipermercado
16/20

A Quinta do Crasto é uma propriedade centenária, fundada em 1615, situada na margem direita do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão. Há mais de cem anos nas mãos da família Almeida conta com 130 hectares de terra, dos quais cerca de 70 estão ocupados com vinha. Objecto de importantes investimentos nos últimos anos, possui hoje modernos equipamentos de vinificação que garantem a produção de vinhos de elevada qualidade desde o Crasto, que garante a entrada na gama de vinhos da Quinta até aos exclusivos Vinha da Ponte e Vinha Maria Teresa, passando pelo Reserva Vinhas Velhas, pelos Monovarietais (Tinta Roriz e Touriga Nacional) e sem esquecer as categorias especiais de Vinho do Porto (LBV e Vintage).
Apesar da modernização operada nas vinhas e adega, a Quinta do Crasto continua a utilizar o tradicional método de pisa da uva em lagares, garantindo assim que os seus vinhos mantenham um carácter autêntico e característico da histórica região vinícola em que se insere.
Os actuais proprietários da Quinta do Crasto, Leonor Roquette (neta de Constantino de Almeida, fundador dos vinhos Constantino que adquiriu a Quinta no início do Séc. XX) e o seu marido Jorge Roquette assumiram a maioria do capital e a gestão da propriedade em 1981, e com a ajuda dos seus filhos Miguel e Tomás Roquette deram início ao processo de remodelação e ampliação das vinhas bem como ao projecto de produção de vinhos de mesa pelos quais a Quinta do Crasto é hoje amplamente conhecida. A responsabilidade enológica pertence a Dominic Morris e Manuel Lobo.
A Quinta do Crasto faz parte da mediática associação dos Douro Boys (juntamente com a Quinta do Vallado, as Quintas de Nápoles e do Carril da Niepoort, a Quinta do Vale Dona Maria e a Quinta do Vale Meão) a qual impulsionada pela esposa de Dirk Niepoort, a austríaca Dorli Muhr, relações públicas do grupo, muito tem feito pela divulgação do vinho do Douro internacionalmente, particularmente do produzido por estas quintas históricas.
Mais recentemente a família Roquette envolveu-se ainda no projecto Xisto, juntamente com a família Cazés, winemakers do Château Lynch-Bages da região francesa de Bordéus. O objectivo declarado é o de produzir um vinho Premium maioritariamente destinado à exportação.
Este Quinta do Crasto 2004 é um dos vinhos de entrada na gama da Quinta (abaixo dele apenas figura o Flor do Crasto). Produzido a partir das castas Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Touriga Nacional, fermentadas em inox e sem estágio em madeira, procurando-se um vinho fresco, frutado e “fácil” de beber.
De cor rubi escuro, com boa concentração, mostra ainda bom brilho e viscosidade média. O nariz é bastante aromático, com boa fruta silvestre, balsâmico mas muito fresco com notas de campo, terra molhada e menta. Após agitar surgem agradáveis notas metálicas e especiadas..
Na boca revela um corpo médio e acidez acima da média, com os taninos também a sentirem-se se bem que sem exageros. Boas notas de fruta que se mantém fresca, roxa e silvestre. Um vinho simples mas elegante.
Finaliza com boa persistência, fresco e especiado.
Um vinho moderno, fresco, elegante e apelativo a um preço contido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Moscatel Roxo 1998



Setúbal DOC
Bacalhoa Vinhos (Vila Nogueira de Azeitão)
18,50€ Jumbo
17,5/20

O Moscatel Roxo era, há poucos anos, uma casta em vias de extinção. Tendo em conta que origina vinhos de qualidade superior, vários produtores da região de Setúbal, entre eles a JP Vinhos, hoje integrada na Bacalhoa Vinhos, promoveu o plantio de 4 hectares de moscatel roxo, nas suas vinhas da Serra da Arrábida. No entanto a exiguidade do produto levou a empresa a lançá-lo no mercado apenas em garrafas de capacidade de 0,5 litros.
Este vinho é produzido inteiramente com a casta Moscatel Roxo de uma única colheita, de 1998, proveniente de vinhas pertencentes á J.P. Vinhos, desta zona demarcada. A tecnologia de vinificação é idêntica à utilizada nos vinhos de Moscatel de Setúbal: após uma curta fermentação do mosto em contacto com as películas, adiciona-se aguardente de vinho seleccionada que, ao parar a fermentação, permite a conservação de uma doçura original das uvas. O vinho é mantido durante o Inverno em contacto com as películas e seguidamente sangrado, e as massas prensadas. Segue-se um envelhecimento em barris de carvalho americano de 180 litros, durante 9 anos, em armazéns de elevada amplitude térmica. No caso foram utilizados barris previamente usados no envelhecimento de whisky de malte escocês, o que contribuiu para amaciar o vinho, aumentando igualmente o seu requinte e exclusividade.
De cor âmbar e concentração média (é mais claro do que o Moscatel normal) apresenta-se com bom brilho e viscosidade média. O aroma é intenso e rico, com notas de mel, frutos secos e passas, mas também com notas florais que lhe aumentam a frescura, quando comparado com o Moscatel de Setúbal. Após agitar, esse lado vegetal revela-se mais intensamente, com notas mentoladas que surpreendem, num Moscatel. Na boca volta a surpreender surgindo encorpado e meloso, mas sem doçura excessiva. É antes um vinho fresco e elegante, muito suave e personalizado. Notas de mel, frutos secos, fruta cristalizada e florais conjugam-se numa boca original e conseguida. É um moscatel redondo e de porte aristocrático.
Termina com boa persistência e levemente picante, mas sempre suave e elegante.
Sem dúvida um moscatel de excelência. No entanto o Moscatel de Setúbal de 1998 mostrou-se ao mesmo nível… e é vendido substancialmente mais barato!

Casa de Santar Reserva Branco 2006


Dão DOC
Casa de Santar (Nelas)
5,95€ Revista de Vinhos
16/20

Santar é uma povoação do concelho de Nelas, no coração da região do Dão onde desde tempos imemoriais se cultiva a vinha. A Casa de Santar é um solar do do séc. XVII e XVIII, rodeado de jardins de sebes e buxos que conduzem às imponentes adegas, que se integram admiravelmente no conjunto arquitectónico da propriedade. Estas, construídas em granito, com os seus frescos de azulejos históricos, abrigam, num ambiente do passado, as mais modernas e avançadas tecnologias. Propriedade de D. Tereza de Lencastre de Mello, Condessa de Santar, Condessa de Magalhães e Viscondessa de Taveiro, a propriedade está em posse da família desde 1616, há 15 gerações consecutivas. A vinha contudo, passou recentemente para o controlo da poderosa Dão Sul, uma das mais importantes vinícolas portuguesas, presente em todas as principais regiões do país e com avultados investimentos no estrangeiro também.
A Casa de Santar tem 103 hectares de vinha plantada, da qual 90 hectares são de castas tintas. O encepamento concentra maior atenção às castas que considera mais importantes e de maior potencial, tais como a Touriga-Nacional, o Alfrocheiro e a Tinta Roriz, entre os tintos e o Encruzado, o Borrado das Moscas, o Cercial e o Arinto, no que concerne à brancas.
Este reserva branco de 2006 é um vinho de lote, elaborado em 50% a partir da casta Encruzado e em 25% a partir do Cerceal branco e do Bical. As castas foram fermentadas separadamente, metade em inox e a outra metade em barrica nova de carvalho francês. A responsabilidade enológica é de Pedro de Vasconcellos e Souza.
Apresenta-se muito bem, de cor citrina, com uma concentração muito baixa, bom brilho e viscosidade média. O nariz, sem ser exuberante, denota boas notas de frutos tropicais e citrinos, temperados por leve mineral. Secundariamente exala muita frescura, com os citrinos e leve anisado a destacarem-se entre os demais aromas. Termina o nariz com leve bouquet frutado. Na boca apresenta corpo médio e acidez bem controlada, sem nunca comprometer a frescura. Leve e mineral sentem-se ainda notas citrinas e tropicais. Um vinho elegante e com classe.
Finaliza com alguma persistência mantendo sempre a frescura.

sábado, 6 de setembro de 2008

Vinha do Almo Escolha 2004


Vinho Regional Alentejano
Herdade do Perdigão (Monforte)
6,89€ Jumbo
15,5/20

Elaborado a partir das castas Trincadeira, Aragonez e Touriga Nacional, este alentejano de Monforte, produzido pela célebre Herdade do Perdigão, ícone recente da vinicultura alentejana, estagiou 16 meses em barricas de carvalho francês e americano e, após o engarrafamento, manteve-se ainda 12 meses em garrafa antes da comercialização.
Com uns ousados 15 graus de volume alcoólico, dir-se-ia que este Vinha do Almo Escolha ataca mais em força do que em jeito (perdoem-se o futebolismo)… No entanto, o generoso estágio de que foi objecto e bem assim a presença da Touriga Nacional no lote, conferem-lhe uma frescura que vai, felizmente, muito além do que a sua exagerada graduação faria supor.
De cor granada e boa concentração, embora não opaco, mostra uma viscosidade média e um excelente brilho. No nariz sobressaem as notas vegetais, mentoladas até, da Touriga, juntamente com frutos roxos e vermelhos macerados, tudo envolto em atraentes especiarias. Após agitar pouco muda no aroma, aligeira-se a menta, agora com leves notas canforadas e surgem breves notas de café. Surpreendentemente vegetal, para um vinho que passou 16 meses em barrica.
Na boca não esconde o seu carácter alentejano. Bom corpo com a acidez e adstringência em alta, embora acalmando com a oxigenação. A frescura vegetal do nariz mantém-se, uma vez mais temperada pela fruta macerada e ligeiro balsâmico. Um vinho quente e encorpado, mas com uma inesperada leveza e frescura, para um alentejano (a Serra de São Mamede ali tão perto faz destes milagres). Entra contudo demasiado directo. Falta-lhe alguma complexidade na boca para atingir a excelência… E já agora, se não for pedir muito, um bocadinho menos de álcool!
Finaliza correcto, sem surpresas e de média persistência.

domingo, 31 de agosto de 2008

Moscatel de Setúbal 1998


Moscatel de Setúbal 1998
Setúbal DOC
Bacalhoa Vinhos (Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal)
13,50€ Jumbo
17,5/20

A tradição portuguesa em matéria de vinhos fortificados é grande e de longa data.
Apesar dos produtores ingleses durienses reclamarem a autoria do vinho do Porto, pela adição de brandy ao vinho do Douro destinado à exportação (para ajudar à sua conservação) durante o séc. XVII, a verdade é que a adição de aguardente ao vinho era já uma prática antiga em Portugal, sendo frequentemente utilizada durante a época dos descobrimentos como forma de garantir a conservação do vinho, durante as longas viagens marítimas intercontinentais. São aliás famosos os moscatéis de “torna-viagem” (recentemente redescobertos pela firma José Maria da Fonseca), que eram colocados em barricas de madeira nos navios de partida, e levados a correr mundo nos seus porões, forma de acelerar o seu envelhecimento. No regresso eram vendidos a peso de oiro, como verdadeiro néctar dos Deuses.
Tais tradições são reveladoras da antiguidade do processo de fortificar o vinho em terras lusitanas e explicam a profusão de vinhos fortificados que sempre por cá existiu.
O que torna o vinho fortificado é o facto da sua fermentação não ser completa, sendo parada numa fase inicial (dois ou três dias depois do início), através da adição de uma aguardente vínica neutra (com cerca de 77º de álcool). Assim o vinho fica naturalmente doce (visto o açúcar natural das uvas não se transformar completamente em álcool) e mais forte do que os restantes vinhos (entre 18 e 22º de álcool).
Além do celebérrimo Vinho do Porto, exportado em grandes quantidades desde o séc. XVII por comerciantes ingleses radicados nas cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, outros vinhos fortificados atingiram fama em Portugal e no estrangeiro. Caso flagrante é o vinho da Madeira, cuja produção remonta quase à descoberta da ilha em 1419. Foi com um Madeira, bebida preferida de Thomas Jefferson, que os americanos brindaram à sua independência em 4 de Julho de 1776 e foi também por um Madeira e uma perna de frango que Falstaff vendeu a sua alma, em Henrique IV de William Shakespeare.
O vinho dos Biscoitos, na ilha Terceira do arquipélago dos Açores, é outro exemplo antigo de vinho fortificado. Elaborado a partir da casta verdelho, criada nas pedras vulcânicas daquele arquipélago atlante, ganhou fama e proveito até que a filoxera quase acabou com ele nos anos de 1870, quando era presença obrigatória na mesa de reis e czares. Desde então tem sido progressiva, mas timidamente, redescoberto, ainda longe porém da fama e importância económica de outrora.
Exemplo típico e antigo é também o vinho de Carcavelos, produzido nas terras arenosas da foz do Tejo, bem perto da cidade de Lisboa. Hoje está reduzido a uma mera curiosidade histórica, produzido em quantidades ridículas e vendido principescamente. O próprio Marquês de Pombal produzia-o nas terras do seu palácio e quinta de Oeiras e era de tal modo apreciado que integrou uma oferta de el rei D. José I à corte de Pequim, em 1752.
Não há adega cooperativa deste país que não produza um “vinho abafado”, designação com que o povo premeia os vinhos fortificados, de preferência com aquela aguardente típica de cada região, tão apreciada pelos autóctones.
Serve esta introdução para vos trazer mais um vinho fortificado português de enorme e antiga tradição: o Moscatel de Setúbal. No caso o moscatel produzido pela Bacalhôa Vinhos, empresa de Vila Nogueira de Azeitão com as suas vinhas estrategicamente localizadas nas encostas da Serra da Arrábida. Esta empresa, que já foi João Pires & Filhos e passou, nos autos 80 e sob a batuta de António Francisco Avillez a evidenciar-se no mercado com vinhos como o JP, Quinta da Bacalhoa, Má Partilha ou Cova da Ursa pertence hoje ao império de Joe Berardo, que tratou de modernizar as vinhas e adegas e ampliar largamente a área de plantio, que atinge presentemente os 500 hectares.
Este vinho, exclusivamente elaborado a partir da nobre casta moscatel de Setúbal, colhida em 1998 e produzida na vinha da Serra da Ursa (então com 18 anos de idade), foi brevemente fermentado em contacto pelicular, sendo a fermentação interrompida pela adição de aguardente vínica. Após a maceração foi transfegado e as suas massas prensadas. Seguiram-se oito anos de estágio em barricas de carvalho de 200 litros, importadas da Escócia e previamente usadas no envelhecimento de whisky de malte, numa estufa com grandes amplitudes térmicas (processo que visa simular os velhos “torna-viagem” supra referidos). Foi finalmente engarrafado, já este ano, originando apenas 35.000 garrafas.
De cor âmbar, límpida e brilhante, muito bela, é um vinho que conquista a vista antes de apelar aos restantes sentidos. O nariz é nobre e envolvente, com notas de citrinos, casca de laranja cristalizada, bolo-rei (ou bolo inglês, se preferirem) num conjunto muito aromático e nada impositivo, onde o álcool mal denota. Só após agitar surgem, sem exageros, os 18 graus de volume alcoólico se bem que acompanhados de uma frescura citrina e vegetal, quase surpreendente. Na boca é pura souplesse… Delicioso, com notas de tangerina e mel, envoltas numa suavidade cremosa, leve e apelativa. Perdura na boca, interminável, com enorme classe.
Um magnífico moscatel, vendido nas grandes superfícies a pouco mais de 13,00€. Experimente-o com uma tablete de chocolate suíço, para um requintado e original desfrute.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Drink (Port) Pink


Croft Pink
Porto
Cerca de 9,5€ Jumbo
14/20

Este Croft Pink é, antes de mais, uma ousada jogada de marketing, que visa penetrar segmentos de mercado, até agora, pouco permeáveis ao vinho em geral e ao Porto em particular. Na verdade, provavelmente por razões que a própria razão desconhece, a maioria dos mais jovens (refiro-me aos menores de 30 anos de idade, para não ferir susceptibilidades) prefere beber cerveja nas suas saídas nocturnas e, quando ocasionalmente se aventura por uma long drink, prefere um Licor Beirão “on the rocks”, um vermute ou então um whisky (preferencialmente um JB ou um Cutty Sark novos, para não magoar muito a carteira…).
Um vinho do Porto?! Isso é bebida de senhoras idosas, servida geralmente pelas avozinhas bem intencionadas às visitas, quase sempre acompanhada por um sortido de bolachinhas Cuétara, comprado na mercearia da esquina.
Convenhamos que esta imagem não agrada muito aos produtores de vinho do Porto! É verdade que também se associa o Porto à aristocracia (sobretudo anglo-saxónica) mas isso são prazeres requintados e exclusivistas, distantes das bolsas dos comuns mortais! Será?
Um whisky escocês corrente custa mais de 10,00€ na maioria dos supermercados, valor suficiente para adquirir um Porto de razoável qualidade. Mas se olharmos para o preço de scotch de 12 anos ou mais, então poucos Porto ficarão fora do orçamento, mesmo de categorias superiores como o Vintage ou LBV.
Portanto, não é pelo preço que o Porto não pega em Portugal! Então deve ser pela imagem… Vamos pegar num Porto Ruby, aligeirar-lhe a cor (que fica de um rosa choque, sedutor e apelativo) e mandar servi-lo com gelo, nas noites quentes do Algarve (já havia o Portonic para as noites da Ribeira).
A bebida fica alegre, ousada, feminina… Bem longe da austeridade tradicional de um bom Vintage. Longe também da complexidade sedutora de um LBV. Longe ainda da enorme beleza e profundidade de velho Tawny. Fica apenas um Ruby, mais doce e cor-de-rosa, com sabor a groselha e que precisa de muito gelo para disfarçar a doçura…
Convenhamos que, para um Porto, é muito pouco…
Resta saber se será suficiente para convencer os putos a largarem o Licor Beirão (que custa menos de 5,00€ a garrafa) e a agarrarem-se a esta pantera cor-de-rosa da Croft (que custa quase dez…)!
Eu vou seguramente continuar a beber os meus Vintage e LBV.

sábado, 26 de julho de 2008

Quinta da Cortezia Reserva 2001



Vinho Regional da Estremadura
Quinta da Cortezia - Alenquer
13,64€ Jumbo
16/20

A Quinta da Cortezia é uma propriedade familiar sita em Aldeia Gavinha, no concelho de Alenquer, a escassos 50 Km de Lisboa, pertença, há quase um século, da família Reis Catarino, sendo Miguel Reis Catarino, engenheiro agrónomo licenciado pelo ISA e especializado em França em viticultura e enologia, o seu responsável enológico.
Possui 103 hectares de terra divididos entre a vinha (66ha) e a floresta (37ha). O encepamento é essencialmente tinto (80%) com predominância da touriga nacional e tinta Roriz, mas também com alguma trincadeira, merlot, castelão e Alicante-bouschet. As uvas da casa dão origem a duas marcas: a vinha conchas e a quinta da cortezia, de que este Reserva é o topo de gama.
De cor granada mostra brilho, concentração e viscosidade médias. O nariz é muito balsâmico com notas de madeira de qualidade, cânfora e frutos roxos. À boa fruta juntam-se notas de marroquinaria, metal amarelo e algum álcool canforado que acentuam a complexidade do aroma, após agitar. O nariz termina com um agradável bouquet frutado.
Na boca revela acidez algo elevada ainda que não muito impositiva. A fruta continua roxa e silvestre num corpo médio e levemente adstringente, ainda que aveludado. Finaliza com persistência mediana.
É indiscutivelmente um vinho bem feito e de elevada qualidade ainda que de perfil mais tradicional. Vocacionado para quem prefere um bom vinho típico da Estremadura às “bombas” de cor e fruta que vão abundando no mercado...

domingo, 6 de julho de 2008

Quinta do Minho Loureiro 2006



Verde DOC
Quinta do Minho (Póvoa de Lanhoso)
3,78€ Jumbo
16/20

A Quinta do Minho teve origem numa empresa criada por António Pires da Silva, vocacionada para a comercialização de vinho verde. No início dos anos 90 a empresa de Bárrio, Póvoa de Lanhoso, decidiu criar a Quinta com o objectivo de produzir vinho destinado a um segmento superior do mercado. Actualmente a Quinta possui 10 hectares de vinha, plantados com a casta Loureiro e dispõe de excelentes condições para acolher visitantes. Sob a responsabilidade de Paula Moreira produz as marcas Quinta do Minho Loureiro, Campo da Vinha (para o grupo Unicer) e Porta Nova.
De cor amarelo palha, límpida, brilhante e de viscosidade média, não é seguramente um verde tradicional. No nariz as notas de citrinos cruzam-se com alguma caruma e fruta mais doce. Após agitar revela boa frescura, com elegância e leve mineralidade, sempre com a fruta bem presente, citrinos e alguma maçã verde. Termina mesmo com leve bouquet frutado.
Na boca revela bom corpo, bolha fina e acidez não muito elevada para um vinho verde. É um verde de perfil moderno e de maior complexidade. Quase um branco de Inverno. Notas de citrino doce (abacaxi) e de maçã assada.. Final com persistência e elegância.
Com um preço imbatível.
Decididamente tudo está a mudar nos vinhos verdes… E para melhor!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Cimarosa Syrah Gran Reserva 2004


Via Wine Group – Central Valley – Chile
3,99€ LIDL
15,5/20

Com este é já o terceiro monovarietal que provo deste gigante chileno (possui 1358 hectares de vinha distribuídos por quarto vales: Casablanca, Colchagua, Curicó e Maule, grupo liderado enologicamente por Juan Pable Cajas com participação do francês Michel Laroche de Chablis) e é talvez o menos original e conseguido (depois do excelente Pinot Noir e do original Carmenére).
Não obstante este Syrah, sobretudo olhando à módica quantia que custou, não se apresenta nada mal! Óptima cor, concentrada e de elevada opacidade, bom brilho e viscosidade mediana. Aroma muito frutado com notas balsâmicas, compotas de frutos silvestres, bem maduros, e alguma cânfora. Após agitar surgem notas metálicas, de couro e de café, num nariz com alguma complexidade, fiel aos bons princípios da casta que lhe está na origem.
A boca é correctíssima, concentrada, com frutos roxos e vermelhos, bem como algum vegetal seco. Taninos suaves e aveludados, em contraste com a acidez, mais elevada. Alguma compota. Finaliza sem defeitos e com assinalável persistência.
Em suma um vinho extremamente correcto, de inegável qualidade e alguma complexidade, sobretudo no nariz. Disponível nos supermercados LIDL (a marca Cimarosa é exclusiva deste grupo de distribuição) por menos de 4,00€… É obra.

sábado, 14 de junho de 2008

Vale do Rico Homem, Branco 2007



Vinho Regional Alentejano
Monte dos Perdigões (Reguengos de Monsaraz)
3,49€ Pingo Doce
15/20

Este Vale do Rico Homem é uma marca produzida pelo Monte dos Perdigões (propriedade que já foi de Damião de Góis e Luís de Freitas Branco e agora é pertença do ex-presidente da PT, Henrique Granadeiro) na região de Reguengos de Monsaraz, para o grupo Jerónimo Martins (proprietários dos supermercados Pingo Doce e Feira Nova). A responsabilidade enológica é de Paulo Laureano nesta propriedade centenária cujo ícone vinícola é o Tapada do Barão (no caso o Barão holandês Sloettot Everlo, antepossuidor da propriedade que concebeu a respectiva adega).
Granadeiro é alentejano e está há muito ligado ao vinho através da Fundação Eugénio de Almeida (que produz os vinhos Pêra Manca ou Cartuxa), fazendo parte do respectivo conselho de administração desde 1987. Em 1997 realizou o sonho de produzir o seu próprio vinho adquirindo a histórica propriedade do Monte dos Perdigões e ampliando a respectiva adega em 2006, com as mais modernas técnicas de vinificação e uma cuidada arquitectura, recorrendo aos bonitos mármores alentejanos.
Apesar de não ser um vinho emblemático da casa, antes um produto massificado para a grande distribuição, este vinho apresenta-se bem, límpido, brilhante de cor citrina e viscosidade baixa como é jaez dos brancos. O nariz é aromático com frutos tropicais, citrinos, boa frescura e leve mineral, num perfil mais fresco do que é habitual no Alentejo. Secundariamente a fruta fresca liberta-se de forma sedutora, com levíssimo anisado, de modo elegante e apelativo.
A boca porém não é tão conseguida quanto o nariz. Redondo e frutado, revela compotas e ligeiro rebuçado, com a acidez apenas mediana. O paladar é dominado pelos citrinos num vinho apenas correcto, embora ainda assim elegante.
Finaliza sem defeitos e com persistência de média duração. Um alentejano muito correcto, com uma excelente relação preço/qualidade.

domingo, 8 de junho de 2008

Nogueira's Port - Aloirado Claro Doce


Nogueira’s Port
Porto Aloirado Claro Doce
Sociedade de Vinhos F. Nogueira (Vila Nova de Gaia)
16,5/20

Esta é uma velha garrafa de família, desprezada durante duas gerações, até que este enófilo curioso se sentiu tentado a dar-lhe um bom uso. Desconheço a idade exacta, até porque a companhia em questão já não existe, nem é fácil recolher indicações sobre o seu destino na Internet, no entanto estimo que a aquisição tenha ocorrido há perto de 40 anos…
É muito curiosa a designação Aloirado Claro Doce, indicadora também da sua antiguidade, já que desde há muitos anos que se generalizou a designação tawny para os vinhos tintos envelhecidos em pipa (e por isso com acentuado processo de oxidação, que acelera a descoloração característica deste tipo de envelhecimento do Porto).
O facto de ser apelidado de Aloirado Claro deveria significar que se trata de um vinho que atingiu a etapa mais alta do processo de envelhecimento em barris. Atingiu o pico da sua carreira: a cor dourada.
Estamos portanto perante um vinho que já deveria ter algumas dezenas de anos (pelo menos em idade média do lote) quando foi engarrafado (aparentemente por volta de finais dos anos 60) permanecendo desde então mais 40 anos em garrafa (embora calculo que nem sempre nas melhores condições de preservação).
Mostrou uma cor âmbar linda, claramente denunciadora da idade, e uma limpeza e brilho que as fracas condições de armazenamento não faziam prever. A viscosidade apresentou-se contudo mediana, sobretudo se considerarmos a avançada idade…
O nariz revela algum álcool, mas exibe excelentes notas de frutos secos e mel às quais, após agitar, advém ainda uma frescura quase metálica.
É um vinho redondo e cremoso na boca, com notas de passas, mel, bolo inglês, num conjunto personalizado e carregado de finesse. Afinal os receios mostraram-se infundados, parece estar em excelente forma. Muito macio e elegante sentindo-se como única aresta o álcool surpreendentemente vivo para a idade. Termina com grande elegância e com boa persistência.
Sem dúvida, uma boa surpresa.

Casal d'Além Arinto 2006


Casal d’Além Arinto 2006
Bucelas DOC
Carlos Canário (Bucelas)
14,5/20

Já tive oportunidade de tecer algumas considerações acerca das virtudes do Arinto e das potencialidades da região de Bucelas para o seu cultivo. A sua semelhança com os vinhos do Reno fez já correr muita tinta, numa acesa polémica sobre se foram os alemães a levarem os Arinto até ao Reno ou se foram os portugueses (há quem afirme que por ordem do Marquês de Pombal) a importarem as castas teutónicas para terras do concelho de Loures. Certo é que desde a Guerra Peninsular, ao que parece por iniciativa do Duque de Wellington e como oferta ao Rei Jorge III, os vinhos de Bucelas são conhecidos e apreciados em terras britânicas, conhecido como “Lisbon Hock”, o vinho de Lisboa.
Depois de uma fase de declínio e quase extinção, os últimos 20 anos têm sido de profunda renovação e de forte investimento no vinho de Bucelas, particularmente no Arinto (embora também o Sercial/Esgana-Cão e o Rabo-de-Ovelha sejam admitidos a certificação como Bucelas DOC). Além das históricas Caves Velhas (que tiveram origem nas velhas adegas Camillo Alves), proprietárias de marcas de grande tradição como o Bucellas e que tem hoje o seu património vinícola alargado a várias regiões do país (Douro, Dão, Bairrada, Vinhos Verdes, Estremadura, Palmela, Carcavelos, Colares, Vinho do Porto, Alentejo e Ribatejo) temos um novo peso pesado, actualmente propriedade do mediático comendador Joe Berardo, a Companhia das Quintas, cuja origem esteve na Quinta da Romeira, em Bucelas, mas à qual se juntaram muitas outras espalhadas por todo o país vinícola (Pancas, Cardo, Farizoa entre outras), proprietária do best seller da região o famoso Prova Régia.
Mas para além destes grandes produtores há também muitos pequenos a investir em Bucelas e no Arinto. E é de um desses que vou falar hoje, cujo vinho (um extreme de Arinto) Casal d’Além me foi igualmente apresentado por gentileza do restaurante Quinta do Almirante, em Ponte de Frielas.
Carlos Canário formou-se em enologia em 1989 e esteve dois anos a estagiar no Sonoma Valley, na Califórnia, onde adquiriu o saber do novo mundo vinícola. De regresso a Portugal trabalhou como enólogo em vários produtores nacionais, da Bairrada ao Ribatejo, passando naturalmente por Bucelas, até se lançar, em 2003, num projecto próprio denominado Casal d’Além.
Este Casal d’Além 2006 apresenta-se de cor amarelo palha, límpido e de brilho e viscosidade médias. Tem um nariz muito frutado, típico Arinto, onde as notas doces e ácidas se cruzam numa indefinição sedutora. Secundariamente revela-se fresco com a uva de mesa a encontrar agradáveis notas de menta e leve mineral. Na boca revelou contudo uma secura que o nariz não fazia prever (secura essa que a oxidação foi progressivamente eliminando, apesar da agressividade inicial). Paladar limpo mas seco. Acidez não muito elevada, o que o torna um vinho ligeiramente plano. Algumas notas de fruta (citrinos, marmelos e maçã verde) num vinho que se mostrou de perfil mais gastronómico. Finalizou limpo e correcto e com alguma persistência.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Frei Bernardo Branco (sem data)


Vinho Regional Beiras
Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo
14,5/20

Esta é uma nota de prova especial. Pela primeira vez, reconhecido nos meus dotes enófilos e na qualidade de coleccionador de notas de prova, foram-me oferecidas garrafas por um restaurante, especialmente para sobre elas emitir parecer, vertido nas presentes páginas. Subida honra e responsabilidade que me foi conferida pelo Restaurante Quinta do Almirante, a que não posso deixar de corresponder com avisada mas isenta prova deste Frei Bernardo, que constitui o vinho da casa naquele afamado ícone gastronómico do concelho de Loures.
Elaborado a partir das castas síria, rabo de ovelha e malvasia fina este Frei Bernardo (de Brito, em homenagem ao Cronista Mor do Reino e teólogo que residiu em Figueira de Castelo Rodrigo, em finais do Séc. XVI) apresenta-se muito bem, com cor citrina e límpida, bom brilho e escassa concentração, como se exige num branco. O aroma é frutado, com notas de fruta cozida e levíssimo anisado. Após agitar liberta-se intensa frescura, algum leve mineral e breves notas citrinas e de frutos tropicais. Na boca é redondo, frutado, elegante, não escondendo a sua origem beirã. Um vinho suave e levemente mineral que compensa em elegância o que porventura lhe falte em complexidade. Nota-se bem a nobreza de algumas das castas que o compõem, embora temperada por alguma rusticidade que o menor rigor do lote não esconde. Finaliza com persistência mediana e boa fruta.
Custa menos de dois euros por garrafa (na Cooperativa), o que faz dele um caso sério em termos de relação preço/qualidade.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Companhia das Lezírias Rosé


Vinho Regional Ribatejano
Companhia das Lezírias (Samora Correia)
2,49€ Jumbo
14/20

Já devem ter reparado, com certeza, que de há uns tempos a esta parte os supermercados aparecem inundados de vinho rosé. Bom, talvez inundados seja exagero… Mas já se intrigou porque razão, havendo tão pouco português interessado em vinho rosé (tradicionalmente é um vinho destinado a senhoras e… à exportação), de um momento para o outro tudo quanto é produtor nacional decidiu lançar um rosé?
Tudo tem uma explicação e por vezes mais simples do que parece à primeira vista. Na verdade os produtores bem sabem que em Portugal se vende pouco rosé, mas também pouco investem na sua produção. A maioria dos rosés que por aí se vendem (embora também haja boas e honrosas excepções) são meros subprodutos do vinho tinto que, em vez de se deitar fora, se engarrafa e vende com uma atraente cor rosada.
Eu passo a explicar. De há uns anos a esta parte o mercado passou a só apreciar tintos. E não basta ser tinto, há que ser retinto, isto é concentrado, complexo, frutado em suma, novo-mundista.
Mas como é que, de um momento para o outro, as nossas castas tradicionais deixaram de produzir vinhos rosados e pouco graduados e passaram a dar origem a poderosas bombas de cor e de fruta, com teores alcoólicos que já ultrapassam os 15 graus?
Bom há muito saber e tecnologia aplicada (e avultadas fortunas que, na maioria das vezes já viram melhores dias) mas um dos truques mais comuns é efectuar a sangria da cuba do vinho tinto. Ao sangrá-lo, isto é, ao retirar-se parte do sumo proveniente da prensagem da uva, aumenta-se a concentração do mosto e a respectiva cor, originando assim vinhos mais complexos e frutados.
Resta pois encontrar um destino para o sumo sangrado… Se tiver umas garrafas vazias à mão basta enchê-las e pô-las à venda como vinho rosé!
Assim se explica este súbito interesse dos produtores nacionais pelo vinho rosé para consumo interno.
Este rosé da Companhia das Lezírias, sem data no rótulo, não fugirá certamente a esta lógica produtiva economicista. Ainda assim apresenta-se bem, com uma bonita cor rosa velho (que denuncia claramente a sua origem sangrada, porquanto esta técnica potencia a cor e os açucares dos rosés), com bom brilho e concentração elevada (eu diria até que já vi tintos menos concentrados). Um nariz aromático com notas frutadas e florais, leve mineral e balsâmico, num conjunto simples mas agradável. Após agitar surge grande frescura com notas metálicas e até animais!!! (será tinto, será rosé, branco não é certamente…).
Na boca revela corpo médio mas acidez baixa. Alguma fruta vermelha (morangos, framboesas) num vinho não muito doce. Se tivesse um pouco mais de frescura, bebia-se seguramente com maior prazer.
Finaliza correcto e de média duração.
Sem esconder a sua natureza de subproduto (que até tens aspectos positivos como a belíssima cor) é um vinho correcto e competente. Falta-lhe contudo alguma acidez e consequentemente frescura, aspectos essenciais num vinho de Verão como é o rosé…
Mas acompanhou satisfatoriamente um jantar de comida chinesa.

sábado, 10 de maio de 2008

Alabastro Branco 2007


Vinho Regional Alentejano
Caves Aliança (Borba)
3,19€ Modelo
16/20

Dizem os especialistas que 2007 vai ser um ano espectacular para os brancos nacionais, capaz de os catapultar para um patamar qualitativo nunca antes atingido.
No entanto os portugueses puseram os brancos na prateleira, de há alguns anos a esta parte. Por razões que a própria razão desconhece, beber branco passou de moda (à excepção dos verdes que, apesar de tudo, mantiveram o seu lugar no coração dos portugueses, sobretudo no Verão e a acompanhar peixes e mariscos) e vinho passou a ser sinónimo de tinto. Há quem o justifique por razões de saúde (como se o branco fosse menos vinho que o tinto…), de estética gustativa (como na célebre frase feita – “Bebemos vinho ou preferes branco?”) e até os produtores começaram a tratar o branco como produto de segunda categoria (fruto da desvalorização que a menor procura provocou).
Como todos os fenómenos de moda, o ciclo dos tintos parece estar a terminar. Cada vez surgem mais e melhores brancos e até os respectivos preços começam a subir (havendo regiões no país, como o Alentejo, em que a boa uva branca já é paga substancialmente melhor do que a tinta).
Um bom ano vinícola, como parece ter sido 2007, poderá ser o empurrão que os brancos nacionais careciam para se imporem definitivamente aquém e além fronteiras.
Este Alabastro está longe de ser uma referência incontornável das Caves Aliança. Produzido na Quinta da Terrugem em Borba, de onde saem ícones como o T de Terrugem ou Quinta da Terrugem, é ainda assim, e por enquanto, o topo de gama branco da casa (ainda que referenciado como mero vinho tradicional, abaixo da gama Premium onde se insere por exemplo o Galeria produzido pela casa na Bairrada a partir da casta Bical). Este posicionamento dos brancos na gama Aliança alentejana (e apesar da moda porque passam castas como a Antão Vaz ou o Roupeiro, que compõem o lote) é sintomático da escassa importância que o branco representa na estratégia comercial da Aliança para o Alentejo… Penso que terão de a rever brevemente, pois o mercado apresenta sinais evidentes de que, muito em breve, serão os brancos a estar na moda.
Então e este Alabastro 2007, vale a pena ou não? Perguntam os leitores mais impacientes, cansados das minhas morosas deambulações. Apresenta-se impecavelmente: límpido, brilhante de viscosidade média e baixa concentração. O nariz é frutado e muito conseguido, com notas de maçã e pêra envoltas em leve madeira, num conjunto atraente e muito fresco. Após agitar exala um aroma notável de enorme frescura frutada. A boca é redonda com a acidez elevada mas sem comprometer, antes acentuando a frescura com notas de maçã reineta num conjunto muito agradável e apelativo, de perfil moderno e excelente apetência gastronómica. Finaliza correcto, de média duração, sempre com a acidez da fruta a dominar, e a viciar…
Um vinho de excelente qualidade e por módica quantia.

domingo, 4 de maio de 2008

Morgado de Sta. Catherina Reserva 2006


Bucelas DOC
Companhia das Quintas (Bucelas)
8,25€ Jumbo
17/20

Diz a tradição que Portugal não é um país de brancos. No entanto regiões há no nosso país que construíram precisamente a sua tradição vinícola à custa dos brancos, sendo Bucelas um dos seus melhores exemplos. Após anos de letargia, redescobriu-se as virtudes do Arinto como casta maior do nosso património ampelográfico e promoveu-se os vinhos de Bucelas ao estatuto de estrelato, muito por culpa dos enormes investimentos realizados nas vinhas e adegas da região, designadamente pela Companhia das Quintas, proprietária da histórica Quinta da Romeira (com vinhas a perder de vista que acolhem o visitante desprevenido ao longo de vários quilómetros da CREL).
Este Morgado de Sta. Catherina é um peso pesado da casa que, após 2006 e por efeito da melhoria qualitativa desenvolvida pelo produtor, passou a constituir o Reserva dos brancos extremes de Arinto, elaborados a partir das uvas da Quinta da Romeira. E pode dizer-se que bem o merece. De aspecto límpido e brilhante, com concentração e viscosidade medianas, é um vinho visualmente perfeito e apelativo. Exibe um nariz frutado mas mineral, com grande frescura e elegância. Notas anisadas e fruta diversa e original (para além do ananás, surgem subtilmente a maça e a pêra, a conferirem-lhe distinção e originalidade). Após agitar revela a sua enorme frescura frutada numa essência elegante e perfumada (digna de comercialização nas melhores perfumarias…). Na boca domina a fruta. Ananás, frutos tropicais num conjunto sem exageros, com mineralidade e uma sublime elegância. Acidez contida sem nunca beliscar a frescura, corpo médio, mas com enorme leveza. Pura finesse.
Final limpo e prolongado em total sintonia com as notas deixadas.
Um excelente branco a mostrar que tudo parece estar a mudar nos brancos nacionais. E para melhor.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Evel Grande Escolha 2001


Douro DOC
Real Companhia Velha (Alijó)
14,99€ Feira Nova
16,5/20

O topo de gama da Real Companhia Velha é elaborado com recurso às castas Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinto Cão e envelhecido durante 18 meses em barricas de carvalho francês (na sua maioria novas). É um vinho de excelente apresentação. Boa cor (rubi escura), limpidez imaculada e um brilho enorme. O nariz exibe muita fruta, preta e vermelha, compotas num casamento feliz com a madeira nova. Após agitar surge alguma complexidade com notas minerais e vegetais conjugadas com uma frescura especiada que lhe dá carácter. Apresenta bom corpo, com presença e elegância. Muita fruta vermelha e silvestre envolta em madeira. Os taninos são aveludados e a acidez muito equilibrada, sem exageros mas também sem comprometer a frescura. Um vinho de inegável qualidade, que finaliza distinto e prolongado.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Muros Antigos Loureiro 2006


Verde DOC
Anselmo Mendes (Melgaço)
5,25€ Supercor
16,5/20

Muito se escreveu já sobre Anselmo Mendes. Um dos principais responsáveis pela renovação dos vinhos verdes muito pela exploração afincada das potencialidades das suas castas mais nobres, sobretudo o alvarinho e o loureiro. Este Muros Antigos Loureiro foi prensado com adição de neve carbónica e o respectivo mosto decantado por 48 horas antes da transfega para pequenas cubas de inox. Aqui fermentou por 15 dias à temperatura máxima controlada de 18ºC. Durante três meses realizou-se bâtonnage semanal (levantamento das borras), para ser finalmente estabilizado a frio (-4º) e efectuado o engarrafamento, não sem antes ser filtrado. Não admira pois as enormes qualidades demonstradas e que já mereceram o meu aplauso rendido na colheita de 2005. No geral o vinho mantém–se fiel aos princípios que me levaram ao pretérito elogio. Limpído, brilhante, com muito boa fruta (citrinos a que se juntam as mais originais maçãs e até banana) e fortes notas minerais que remetem de imediato para os solos graníticos do alto Minho de onde provém. É um vinho elegante e extremamente refrescante, um dos mais altos expoentes desta magnífica casta, tantas vezes esquecida em detrimento do mais consensual alvarinho. Parece-me no entanto que perdeu um pouco de frescura face à colheita de 2005 (talvez eu tivesse sido menos feliz na conjugação gastronómica…).

Quinta da Esperança 2004


Vinho Regional Alentejano
Maria Joana Castro Duarte (Estremoz)
4,98€ Pingo Doce
16/20

Um vinho alentejano de quinta, elaborado sobretudo a partir de Touriga Nacional (70%), mas também da Trincadeira (20%) e em menor proporção do Aragonez (10%), com estágio de 7 meses em barricas de carvalho francês e americano. Este projecto Encostas de Estremoz, apoiado enologicamente por Miguel Reis Catarino, assume despudoradamente a sua inspiração novo-mundista. Com cerca de 100 ha de vinha, com sistema de rega gota-a-gota, entre Estremoz e Sousel, (dos quais apenas 6 ha estão dedicados a uva branca… sinal dos tempos que no entanto, parecem estar lentamente a mudar) a aposta vai sobretudo para as castas nacionais, independentemente da região de origem. Assim não admira a presença maioritária da touriga nacional neste lote que lhe dá distinção, elegância e até leveza, apesar do tradicional corpo dos vinhos alentejanos. O aragonez e a trincadeira contribuem para o carácter frutado, ma non troppo, que é característico da casa, tudo bem combinado pela madeira de qualidade no ponto, sem exageros como deve de ser. Um vinho muito atraente e com um preço irrecusável, que coleccionou prémios entre os quais se destaca a medalha de Ouro nas Selections Mondiales des Vins 2007, no Canadá.

Tinta Caiada 2005


Vinho Regional Alentejano
Adega Cooperativa de Borba
14,5/20

Monovarietal da nova geração de vinhos da adega cooperativa de Borba, elaborado exclusivamente a partir de uma casta em desuso. Rejeitada na maioria das regiões devido à sua baixa qualidade vitícola e enológica e bem assim pela sua acentuada exposição à botrytis, é no Alentejo que a Tinta Caiada subsiste graças ao clima quente que potencia a sua maturação, originando vinhos de qualidade.
Este exemplar da Adega Cooperativa de Borba é um vinho de acidez elevada e com uma rusticidade notória. Agradará aos apreciadores de vinhos alentejanos da velha guarda, de carácter mais aberto e acentuada propensão gastronómica regional e será seguramente criticado pelos seguidores das novas tendências elegantes e frutadas, importadas do novo mundo vinícola. Incapaz de assumir posições radicais terei de me situar a meio termo: é um vinho de qualidade e de assumida rusticidade, feito com o recurso a uma única casta, com tradições bem vincadas no Alentejo. Não é contudo o meu Alentejo preferido… Gosto mais da fruta e elegância do aragonez, da trincadeira ou da syrah. Modernices!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Festival Nacional do Vinho


Entre os dias 13 e 16 de Maio o Centro Nacional de Exposições, em Santarém, será
palco de mais uma edição do Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados (C.N.V.E.), onde serão premiados os melhores vinhos nacionais. Os vencedores serão depois conhecidos durante a Portuguese Wine Fair | Festival Nacional do Vinho (PWF | FNV), iniciativa a decorrer entre os dias 11 e 15 de Junho, no âmbito da 45ª Feira Nacional de Agricultura | 55ª Feira do Ribatejo, e que pretende retratar a produção vinícola nacional e promover o encontro de produtores, empresas, técnicos,enólogos e curiosos.

Drink Pink


A Croft lançou no mercado o primeiro vinho do Porto rosado (não existe a categoria rosé no Porto). Uma ideia original do director-geral da Croft, Adrian Bridge, concretizada pela equipa enológica da casa, liderada por David Guimaraens. O sabor é de groselhas e framboesas, com um final doce a confirmá-lo. Parece pois um vinho talhado para um público jovem e feminino... (sem preconceitos, entenda-se). Tem 19,5 graus de álcool e é inteiramente produzido na Quinta da Roeda, no Pinhão. Foram produzidas 480.000 garrafas, na sua maioria destinadas à exportação, e custa a simpática quantia de 9,90€. Se a moda pega...

Vinoble '08


Vai realizar-se nos dias 25, 26, 27 e 28 de Maio, em Jerez de La Frontera, em Espanha, mais uma edição da Vinoble, Salão Internacional de Vinhos Nobres, único certame dedicado exclusivamente aos vinhos generosos, fortificados e especiais. Nele vão estar presentes os Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e Eiswine da Alemanha, os Kremstal, Neusiedlersee e Neusiedlersee-Hügelland da Áustria, os Jerez e Manzanillas de Espanha, os Sauternes, Barsac, Alsacia, Languedoc-Roussillon, Loira, Mombazillac, Pacherenc, Gaillac, Jurançon, Sainte Croix du Mont, Loupiac e Bergerac de França, os Samos, Santorini, Patras, Macedonia e Creta da Grécia, os Tokaj da Hungria, vinsanto, passito e moscato de Itália, Porto, Moscatel e Madeira de Portugal, bem como uma enorme variedade de colheitas tardias, icewine, moscatéis e fortificados oriundos da Austrália, Argentina, Canadá, Chile, Eslovénia, Estados Unidos, Nova Zelândia, África do Sul, Suiça, Uruguai e até do Japão!
Sem dúvida um salão único a não perder pelos que possam deslocar-se à província de Cadiz no final de Maio...