sexta-feira, 25 de abril de 2008

Muros Antigos Loureiro 2006


Verde DOC
Anselmo Mendes (Melgaço)
5,25€ Supercor
16,5/20

Muito se escreveu já sobre Anselmo Mendes. Um dos principais responsáveis pela renovação dos vinhos verdes muito pela exploração afincada das potencialidades das suas castas mais nobres, sobretudo o alvarinho e o loureiro. Este Muros Antigos Loureiro foi prensado com adição de neve carbónica e o respectivo mosto decantado por 48 horas antes da transfega para pequenas cubas de inox. Aqui fermentou por 15 dias à temperatura máxima controlada de 18ºC. Durante três meses realizou-se bâtonnage semanal (levantamento das borras), para ser finalmente estabilizado a frio (-4º) e efectuado o engarrafamento, não sem antes ser filtrado. Não admira pois as enormes qualidades demonstradas e que já mereceram o meu aplauso rendido na colheita de 2005. No geral o vinho mantém–se fiel aos princípios que me levaram ao pretérito elogio. Limpído, brilhante, com muito boa fruta (citrinos a que se juntam as mais originais maçãs e até banana) e fortes notas minerais que remetem de imediato para os solos graníticos do alto Minho de onde provém. É um vinho elegante e extremamente refrescante, um dos mais altos expoentes desta magnífica casta, tantas vezes esquecida em detrimento do mais consensual alvarinho. Parece-me no entanto que perdeu um pouco de frescura face à colheita de 2005 (talvez eu tivesse sido menos feliz na conjugação gastronómica…).

Quinta da Esperança 2004


Vinho Regional Alentejano
Maria Joana Castro Duarte (Estremoz)
4,98€ Pingo Doce
16/20

Um vinho alentejano de quinta, elaborado sobretudo a partir de Touriga Nacional (70%), mas também da Trincadeira (20%) e em menor proporção do Aragonez (10%), com estágio de 7 meses em barricas de carvalho francês e americano. Este projecto Encostas de Estremoz, apoiado enologicamente por Miguel Reis Catarino, assume despudoradamente a sua inspiração novo-mundista. Com cerca de 100 ha de vinha, com sistema de rega gota-a-gota, entre Estremoz e Sousel, (dos quais apenas 6 ha estão dedicados a uva branca… sinal dos tempos que no entanto, parecem estar lentamente a mudar) a aposta vai sobretudo para as castas nacionais, independentemente da região de origem. Assim não admira a presença maioritária da touriga nacional neste lote que lhe dá distinção, elegância e até leveza, apesar do tradicional corpo dos vinhos alentejanos. O aragonez e a trincadeira contribuem para o carácter frutado, ma non troppo, que é característico da casa, tudo bem combinado pela madeira de qualidade no ponto, sem exageros como deve de ser. Um vinho muito atraente e com um preço irrecusável, que coleccionou prémios entre os quais se destaca a medalha de Ouro nas Selections Mondiales des Vins 2007, no Canadá.

Tinta Caiada 2005


Vinho Regional Alentejano
Adega Cooperativa de Borba
14,5/20

Monovarietal da nova geração de vinhos da adega cooperativa de Borba, elaborado exclusivamente a partir de uma casta em desuso. Rejeitada na maioria das regiões devido à sua baixa qualidade vitícola e enológica e bem assim pela sua acentuada exposição à botrytis, é no Alentejo que a Tinta Caiada subsiste graças ao clima quente que potencia a sua maturação, originando vinhos de qualidade.
Este exemplar da Adega Cooperativa de Borba é um vinho de acidez elevada e com uma rusticidade notória. Agradará aos apreciadores de vinhos alentejanos da velha guarda, de carácter mais aberto e acentuada propensão gastronómica regional e será seguramente criticado pelos seguidores das novas tendências elegantes e frutadas, importadas do novo mundo vinícola. Incapaz de assumir posições radicais terei de me situar a meio termo: é um vinho de qualidade e de assumida rusticidade, feito com o recurso a uma única casta, com tradições bem vincadas no Alentejo. Não é contudo o meu Alentejo preferido… Gosto mais da fruta e elegância do aragonez, da trincadeira ou da syrah. Modernices!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Festival Nacional do Vinho


Entre os dias 13 e 16 de Maio o Centro Nacional de Exposições, em Santarém, será
palco de mais uma edição do Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados (C.N.V.E.), onde serão premiados os melhores vinhos nacionais. Os vencedores serão depois conhecidos durante a Portuguese Wine Fair | Festival Nacional do Vinho (PWF | FNV), iniciativa a decorrer entre os dias 11 e 15 de Junho, no âmbito da 45ª Feira Nacional de Agricultura | 55ª Feira do Ribatejo, e que pretende retratar a produção vinícola nacional e promover o encontro de produtores, empresas, técnicos,enólogos e curiosos.

Drink Pink


A Croft lançou no mercado o primeiro vinho do Porto rosado (não existe a categoria rosé no Porto). Uma ideia original do director-geral da Croft, Adrian Bridge, concretizada pela equipa enológica da casa, liderada por David Guimaraens. O sabor é de groselhas e framboesas, com um final doce a confirmá-lo. Parece pois um vinho talhado para um público jovem e feminino... (sem preconceitos, entenda-se). Tem 19,5 graus de álcool e é inteiramente produzido na Quinta da Roeda, no Pinhão. Foram produzidas 480.000 garrafas, na sua maioria destinadas à exportação, e custa a simpática quantia de 9,90€. Se a moda pega...

Vinoble '08


Vai realizar-se nos dias 25, 26, 27 e 28 de Maio, em Jerez de La Frontera, em Espanha, mais uma edição da Vinoble, Salão Internacional de Vinhos Nobres, único certame dedicado exclusivamente aos vinhos generosos, fortificados e especiais. Nele vão estar presentes os Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e Eiswine da Alemanha, os Kremstal, Neusiedlersee e Neusiedlersee-Hügelland da Áustria, os Jerez e Manzanillas de Espanha, os Sauternes, Barsac, Alsacia, Languedoc-Roussillon, Loira, Mombazillac, Pacherenc, Gaillac, Jurançon, Sainte Croix du Mont, Loupiac e Bergerac de França, os Samos, Santorini, Patras, Macedonia e Creta da Grécia, os Tokaj da Hungria, vinsanto, passito e moscato de Itália, Porto, Moscatel e Madeira de Portugal, bem como uma enorme variedade de colheitas tardias, icewine, moscatéis e fortificados oriundos da Austrália, Argentina, Canadá, Chile, Eslovénia, Estados Unidos, Nova Zelândia, África do Sul, Suiça, Uruguai e até do Japão!
Sem dúvida um salão único a não perder pelos que possam deslocar-se à província de Cadiz no final de Maio...

domingo, 20 de abril de 2008

Domingos Damascenos de Carvalho 2004


Regional Terras do Sado
SOTA (Poceirão, Palmela)
8,99€ Continente
16,5/20

Um produtor de tradição na região de Palmela e uma garrafa já com alguns anos de casa… Mostrou-se contudo em excelente forma. De cor rubi, viva e brilhante, concentração média e viscosidade não muito elevada. O nariz é balsâmico com a fruta roxa e silvestre a evidenciar-se, entre leve madeira, num conjunto campestre com levíssimo odor animal. Após agitar surgem algum vegetal e muita cânfora, com notas de metal amarelo. Leve bouquet silvestre. Na boca é medianamente encorpado, com a acidez muito contida mas sem comprometer. Os taninos são aveludados e muito elegantes, mostrando mesmo alguma nobreza. À fruta silvestre do nariz juntam-se agora os frutos vermelhos e as compotas, notando-se alguma doçura mas sem demasia. Finaliza elegante, redondo e prolongado. Um vinho excelente e com algum requinte. Um pouco mais complexo e seria uma referência… Foi galardoado com uma medalha de ouro no V Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, CVRPS 2005.

domingo, 13 de abril de 2008

Herdade de Muge 2004


Ribatejo DOC
Casa Cadaval (Muge – Salvaterra de Magos)
5,95€ Revista de Vinhos
16,5/20

Um blend ribatejano da responsabilidade enológica de Rui Reguinga. Apresenta-se bem, de cor granada, com boa concentração e brilho. No nariz revela-se muito aromático com boas notas de madeira, frutos vermelhos maduros e em compota e algum balsâmico. Após agitar surgem notas de couro e metal bem como algum vegetal canforado. Termina com leve bouquet frutado. Na boca denota acidez elevada com taninos vivos mas não agressivos. Muita fruta vermelha madura e compotada. Alguma doçura. É um vinho encorpado e elegante, envolto em excelente balsâmico, dominado pela fruta mas sem exageros nem concessões à moda ou ao estilo. Termina persistente com os taninos e durarem sem excessos nem amargor. Um final elegante e muito frutado. Um bom DOC Ribatejo.

sábado, 12 de abril de 2008

Cabriz Colheita Seleccionada 2007


Dão Doc
Dão Sul (Carregal do Sal)
3,18€ Jumbo
15/20

Límpido, pouco concentrado e brilhante, mostra-se medianamente viscoso na aparência. O nariz é frutado, com leve toque de madeira e ligeiramente tropical. Após agitar revela uma excelente frescura, elegância e leve anisado. Na boca é um vinho macio, de acidez média tal como a frescura. Muito correcto e sem arestas denota boa fruta, madura mas sem excessiva doçura. Redondo e com alguma elegância, finaliza sem surpresas e de mediana dimensão. Uma aposta segura da Dão Sul e a um preço correcto.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Mouchão Tonel nº 3-4 2001


Vinho Regional Alentejano
Vinhos da Cavaca Dourada (Sousel)
61,00€ Garrafeira Nacional
18,5/20

Em dia de Ano Novo propus-me provar uma das jóias da coroa e posso garantir que em nada desiludiu, antes pelo contrário…
Este tonel 3-4 do Mouchão é uma verdadeira pérola desta casa alentejana de grande tradição. Muito concentrado, exibe uma bonita cor granada, cheio de brilho e com viscosidade elevada. O nariz está ainda um pouco fechado, mas é um verdadeiro concentrado de aromas: madeira de qualidade na dose certa, fruta roxa e vermelha, campo e caruma, bem como um surpreendente lado vegetal muito apelativo, com menta e vegetal verde. Secundariamente exibe leve farmácia, muita cânfora e notas fumadas num conjunto aromático e conseguido. Termina com bouquet fumado. Na boca tem a acidez no ponto com taninos muito suaves e carregados de elegância. A fruta continua lá, roxa e vermelha, compotas, madeira elegante e nada impositiva. Pura classe que se mantém no final, elegante e suavíssimo. Um grande vinho.

Colecção Privada 1985


Vinho de Mesa Tinto
António Bernardino Paulo da Silva (Azenhas do Mar – Colares)
17,5/20

Uma raridade (trazida por um amigo) em dia de Ano Novo. Um lote de João Santarém, Tinta Miúda e Castelão, proveniente dos solos arenosos das ribanceiras de Colares e com a respeitável idade de 22 anos. Revelou-se em grande forma. De cor rubi, exibiu-se mediano no aspecto (concentração, viscosidade e brilho). Já no nariz marcou pontos… Ainda fechado, mostrou passas, figos secos, leves odores fenólicos e madeira bem envolta na fruta, madura e compotada, mas nada cansada. Secundariamente sobressaiu o álcool da vetusta idade, envolto em cânfora e com notas frutadas (aguardente de peras). Conseguiu ainda deixar um ligeiro bouquet frutado. Na boca revelou boa acidez, taninos de veludo, quase imperceptíveis, boa fruta, seca e compotada, algum fumeiro e licores. Termina prolongadíssimo e muito aveludado. Um vinho com classe.

Quinta de Cabriz Touriga Nacional 2003


Dão DOC
Dão Sul (Carregal do Sal)
13,99€ Jumbo
17,5/20

Originária do Dão, a touriga nacional é hoje uma estrela em ascensão não só por todo o país, mas também já em muitas regiões vinícolas do mundo, da Austrália à Califórnia, passando pela América e África do Sul. É pois curioso verificar como os produtores do Dão tratam a sua casta mais mediática, agora que têm a impiedosa concorrência de tanta gente, no seu cultivo. Este Touriga de Cabriz apresenta boa concentração (quase opaco), viscosidade elevada (acentuado efeito de lágrima, quase parecendo um vinho fortificado) e bom brilho, com cor rubi escuro. O nariz é muito perfumado, com evidentes notas campestres e florais, licores, fruta madura e compotas, com algum vegetal de fundo. Após agitar mostra-se fresco e mentolado com ligeira cânfora a dar um carácter levemente especiado ao nariz. Excelente bouquet silvestre. Na boca é um vinho encorpado mas macio. De taninos vivos mas muito agradáveis e acidez elevada, mostra frescura e vitalidade (a produtora arrisca uma longevidade de 20 anos no contra-rótulo da garrafa!). Surgem notas de licores e muita fruta: madura, vermelha e silvestre. Muito elegante, mostra-se contudo bem vivo e especiado. Finaliza duradouro e com elegância, com a acidez a perdurar. Um grande touriga… Talvez o melhor Dão que provei até hoje!

Escolha António Saramago 2003


Palmela DOC
António Saramago Vinhos (Palmela)
8,49€ Feira Nova
17/20

Galardoado com uma medalha de ouro no VI Concurso de Vinhos da Península de Setúbal 2006 e eleito o melhor Palmela DOC do ano é um vinho de autor, elaborado com uva “emprestada”, pelo enólogo António Saramago, antigo colaborador da casa José Maria da Fonseca e por isso profundo conhecedor da região. Vinho extreme da casta Castelão é a prova das boas capacidades desta casta, tantas vezes desprezada, vítima do seu próprio sucesso no passado. Muito concentrado, opaco mesmo com auréola violeta, apresenta-se de cor granada, com bom brilho e viscosidade elevada. Nariz potente com muito couro e marroquinaria mas com a frescura bem presente nas notas canforadas. A fruta está algo escondida no perfil muito concentrado mas ainda assim surgem notas de fruta muito madura (silvestre e preta) e licores. Após agitar acentua-se a frescura vegetal, surgindo os mentolados e ligeira farmácia. Na boca revela boa acidez, que garante a almejada frescura, com taninos de cetim, delicados e elegantes. Fruta muito madura, vermelha e silvestre (preta), licores e vegetal fresco num vinho encorpado e com raça. Termina muito longo, cheio de personalidade. Um excelente castelão. Não me lembro de ter provado outro assim…

Quinta de Cidrô Reserva Chardonnay 2006


Regional Duriense
Real Companhia Velha (São João da Pesqueira)
6,09€ Jumbo
17/20

Depois de vários anos de experiências, tentando encontrar a melhor adaptação possível das castas francesas brancas ao Douro, eis que a Real Companhia Velha parece ter acertado na mouche com este Chardonnay Reserva de 2006. De cor citrina, límpida e brilhante, de concentração não muito elevada, mostra-se de aspecto irrepreensível. O nariz é muito frutado, como é característico da casta, com notas tropicais, de baunilha e ananás. Após agitar revela-se muito fresco e elegante, com menta fresca, leve cânfora e algum mineral. A boca é cheia e redonda, num vinho encorpado e complexo. Muita fruta doce (pêssegos, alperces, lichias, frutos tropicais) mas também grande elegância, num vinho cheio de personalidade e com uma acidez crocante que lhe garante a frescura, apesar da doçura habitual dos Chardonnay. Final excelente e longo, sem perder a elegância e o carácter demonstrados. Um extraordinário Chardonnay, que não fica a dever nada aos da Borgonha… Ainda por cima a custar 6€!

Quinta da Alorna Reserva Touriga Nacional 2003


Vinho Regional Ribatejano
Quinta da Alorna (Almeirim)
5,95€ Revista de Vinhos
17/20

Mais um vinho extreme elaborado a partir da casta touriga nacional, desta feita proveniente do Ribatejo e da responsabilidade dos enólogos Nuno Cancela de Abreu e Marta Simões. Teve sangria de 20% do mosto para melhorar a concentração e estagiou 12 meses em barrica de carvalho francês, sendo o lote final colado com claras de ovo, antes do engarrafamento. De belo aspecto rubi, concentrado e brilhante e de viscosidade mediana. O aroma é muito balsâmico e silvestre, fresco e mentolado. Levíssima madeira com boa fruta do bosque: amoras e cassis. Secundariamente surgem notas metálicas e minerais, conjugadas com leve odor campestre. Na boca é um vinho redondo e cheio, que se mostra elegante. Taninos sedosos com a acidez no ponto, nem de mais, nem de menos. Muita fruta fresca e em compota e algum licor. Ligeira adstringência final onde a fruta quase se mastiga. Final prolongado, elegante e sedutor. Um excelente touriga do Ribatejo oferecido a um preço irrecusável pela Revista de Vinhos!

CARM Grande Escolha 2001


Douro DOC
Casa Agrícola Reboredo Madeira (Vila Nova de Foz Côa)
13,83€ Garrafeira Nacional
16,5/20

Apresenta-se bem de cor rubi vivo, boa concentração (auréola violeta), bom brilho num corpo medianamente viscoso. O nariz é rico, complexo e perfumado. Notas fumadas, balsâmicas, de marroquinaria e couro, para além de florais muito agradáveis, a fruta roxa e compotas. Secundariamente surgem ligeiras notas metálicas, num conjunto delicado, fresco, elegante e levemente mineral. Termina com um agradável bouquet floral. Na boca revela boa acidez, taninos muito delicados num conjunto sedoso, marcado pelos frutos roxos e silvestres. Ligeiríssimo amargor (mais seco do que amargo, a café ou cacau). É um vinho elegante e concentrado, delicado mas a precisar ainda de alguma acalmia. Finaliza prolongado e seco.

Herdade das Pias Reserva 2003


Vinho Regional Alentejano
FNF Sociedade Vínicola (Cuba)
13,98€ Jumbo
16,5/20

Apesar do nome este Herdade das Pias não é oriundo da freguesia com o mesmo nome no concelho de Serpa, mas sim de Cuba, no Alto Alentejo. Tem boa cor e excelente apresentação. O nariz começa por ser um pouco impositivo, com as notas campestres e animais algo sobrepostas às restantes, mas felizmente tal impressão vai-se desvanecendo, exibindo o vinho, após algum repouso, boa fruta (silvestre e vermelha), compotas e alguma frescura canforada e balsâmica. Após agitar surgem notas de metais e terra molhada, num carácter muito telúrico, embora exiba um agradável bouquet frutado. Na boca é um vinho surpreendente. O lado terroso, tão presente no nariz, desaparece por completo, dando lugar à fruta ácida e fresca, quase tropical. Taninos elegantes, suaves e sedosos. Acidez elevada e crocante, compensando em frescura o que porventura lhe sobre em agressividade. Algum rebuçado de fruta num corpo médio a elevado. Finaliza muito frutado e prolongado. Um vinho extremado e desconcertante para a região, original e muito conseguido.

Quinta do Gradil 2003


Regional Estremadura
Martim Joanes Gradil (Pêro Moniz – Cadaval)
12,95€ Jumbo
16,5/20

Elaborado a partir das castas Touriga Nacional, Syrah e Alicante Bouchet é um vinho da nova Estremadura, região que cada vez menos quer ser conotada com a produção a granel e procura construir uma nova imagem de qualidade vinícola. Este Quinta do Gradil apresenta-se bem, com boa concentração e brilho, viscosidade algo elevada e cor rubi escuro. O nariz é muito aromático, com frutos silvestres, framboesas, algum balsâmico, mas também muita frescura, com menta e vegetais frescos. Após agitar surgem notas de couro, marroquinaria, algum metal amarelo, fumo e balsâmicos. Termina o nariz com acentuado bouquet silvestre e fumado. Na boca é redondo e encorpado. Concentrado mas com acidez elevada, não muito agressiva, que lhe confere frescura. Taninos aveludados e bem domados, com muita fruta roxa e vermelha, macerada e compotada. Finaliza longo e muito correcto. Um vinho de assinalável qualidade.

Casa de Sabicos 2001


Alentejo DOC
Casa Agrícola Santana Ramalho
Montoito (Redondo)
12,45€ Supercor
16,5/20

De cor granada e média concentração, apresentou viscosidade elevada e apenas brilho médio. O aroma é muito concentrado, com fruta silvestre madura e ácida, cânfora, algum balsâmico e compotas. Após agitar intensifica-se a frescura canforada com alguma menta e notas minerais e metálicas que se prolongam, ligeiras, no bouquet. A boca mantém-se concentrada mas com frescura e algum vegetal. A acidez elevada ajuda a aguentar a concentração e o corpo elevados. Os taninos são sedosos, totalmente domados… A fruta silvestre madura domina e o vinho mostrou-se uma boa companhia para a mesa, com amoras silvestres a groselhas a sobressaírem. Um Alentejo diferente, mas de inegável qualidade.

Granja Amareleja Garrafeira 2000


Alentejo DOC
Cooperativa Agrícola da Granja (Mourão)
10,95€ Supercor
16/20

Aparência bela e brilhante, de cor rubi, média concentração e viscosidade elevada. Aroma a frutos vermelhos, leve caruma, vegetal seco, compotas e levíssimo balsâmico. Após agitar surge ligeiro odor animal, couro, metais amarelos e fruta vermelha ácida. Leve bouquet frutado. Na boca mostra acidez média a elevada num corpo ligeiramente magro. Frutos vermelhos e silvestres e notas de vegetal seco. Muito correcto e com alguma elegância. Taninos sedosos e adstringência bem controlada. Finaliza sem arestas e prolongado. Um Alentejo tradicional que ainda marca pontos…

Quinta do Cerrado Reserva 2003


Dão DOC
União Comercial da Beira (Oliveirinha – Carregal do Sal)
4,98€ Feira Nova
16/20

Tinto DOC elaborado a partir das castas touriga nacional, tinta roriz e jaen, da responsabilidade do enólogo Osvaldo Amado. De cor granada e concentração média a alta, mostra ainda viscosidade média e bom brilho. O nariz tem frutos vermelhos e aromas campestres, notas fumadas e ligeira madeira molhada. Após agitar mostra-se muito fresco e vegetal, com notas abertas, canforadas e levemente especiadas. Na boca revela boa acidez e taninos de cetim, com boa fruta vermelha e silvestre. Alguma madeira e especiarias num conjunto bem conseguido e sem arestas. Finaliza correcto e prolongado, embora sem surpresas. Excelente relação qualidade/preço.

Ostatu Crianza 2003


DOC Rioja (Espanha)
Bodegas Ostatu (Samariego – Rioja)
Corte Inglês (Badajoz)
16/20

Elaborado sobretudo a partir da casta tempranillo (90%) com um pouco de Graciano (10%) estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês. Da responsabilidade do enólogo da casa Iñigo Sáenz de Samaniego. Tem cor granada, bom brilho e concentração com viscosidade assinalável. O nariz revela notas de couro, ligeiro metal, chocolate de leite, algum fumeiro, num conjunto onde a fruta vermelha e em compota marcam igualmente presença. Secundariamente exibe alguma frescura vegetal e leve mentolado, mostrando-se contudo algo fechado. Bom corpo na boca, muito macio e aveludado, com notas lácteas. Boa presença, com muita elegância. Taninos elegantíssimos e acidez contida mas presente (algo escondida pelo carácter lácteo). A fruta está bem presente, vermelha e compotada, assim como um ligeiro achocolatado. Termina muito agradável, correcto e prolongado. Um vinho de inegável qualidade.

Quinta de Cabriz Encruzado 2005


Dão DOC
Dão Sul (Carregal do Sal)
6,99€ Napoleão
16,5/20

Depois de vários anos de esquecimento, em que esta antiga região vinícola nacional passou por uma letargia não condizente com a sua vasta tradição, o Dão começa a pouco e pouco a impor-se como uma região de referência no panorama vínico português, muito por culpa dos importantes investimentos que empresas, como a Dão Sul, têm feito na região. A comprová-lo estão a relevância crescente que as castas autóctones, como o Touriga Nacional ou este Encruzado, vão ganhando um pouco por toda a parte, fruto das excelentes qualidades e enorme potencialidade que encerram.
Este extreme de Encruzado, elaborado de forma original, com metade fermentado em inox e a restante em madeira de carvalho francês, com recurso a bâttonage, tem aspecto irrepreensível, de cor citrina, brilhante, de concentração e viscosidade médias. O nariz é mineral e frutado, muito fresco, com notas de alperce e citrinos e leve toque tropical. Após agitar revela uma faceta muito aromática, com a mineralidade e frescura a dominarem o aroma, levemente canforado. A frescura perdura na boca, num perfil original e conseguido, macio, com boa acidez mas sem exageros, e a fruta a surgir elegante e agradável. Finaliza correcto e prolongado, com alguma maçã cozida. Excelente branco.

Aveleda Follies Touriga Nacional 2003


Bairrada DOC
Aveleda (Nelas)
8,00€ Supercor
16/20

Monocasta de Touriga Nacional proveniente de uvas seleccionadas, colhidas numa única propriedade em Aguieira, Nelas. É pois estranha a certificação como Bairrada e não como Dão ou Beiras… De elaboração extremamente cuidada (vindima manual, escolha, fermentação e maceração em cubas de pequena capacidade, maceração pós-fermentativa, fermentação meloláctica, estágio de um ano em carvalho francês e em garrafa por mais um ano) não admira o perfil ligeiramente tecnológico exibido. De cor granada com boa concentração, exibe ainda bom brilho num corpo medianamente viscoso. O nariz tem notas de madeira, muita fruta preta e silvestre, algum balsâmico e leve floral. Após agitar surgem notas de menta, fumo, algum vegetal e couro. Termina com ligeiro bouquet floral. Na boca mostra-se medianamente encorpado com taninos aveludados e acidez média, sem comprometer a frescura. É um vinho concentrado e licoroso, com notas de frutos macerados, roxos e silvestres, compotas e passas, elegante, suave e distinto, ainda que um pouco tecnológico para alguns gostos… Termina correcto e suficientemente prolongado. Sem dúvida um touriga muito bem feito, com uma excelente relação preço/qualidade

Quinta do Ameal Loureiro 2006


Verde DOC
Quinta do Ameal (Ponte de Lima)
5,68€ Jumbo
16/20

De cor citrina, límpida e brilhante, mostra viscosidade baixa e média concentração. O nariz é muito fresco e limonado, com notas citrinas (lima) e leve caruma. Após agitar acentua-se a frescura com os citrinos a dominarem, leve toque tropical e alguma mineralidade. Na boca revela frescura intensa, com acidez elevada e crocante. Bolha muito fina com acentuadas notas de citrinos (lima e limão) num corpo médio, frutado, muito agradável e refrescante, com alguma elegância. Termina muito correcto e de média duração. Um belo representante da casta com uma excelente relação preço/qualidade.

Montes Claros Reserva 2006


Alentejo DOC
Adega Cooperativa de Borba
3,98€ Jumbo
16/20

Elaborado a partir das castas Arinto, Antão Vaz e Roupeiro é proveniente de vinhas seleccionadas. Vinificado com desengace total, ligeira maceração pré-fermentativa e clarificação. Estagiou ligeiramente em barricas usadas de carvalho francês e três meses em garrafa, antes de ser comercializado. Resultou um vinho claro, límpido e brilhante. O nariz é fresco e frutado, com os citrinos a dominarem. Após agitar revela mais aromas, a ligeira madeira de estágio (de qualidade), leve baunilha, anisado e muita frescura, num perfil apelativo. Exibe mesmo um leve bouquet frutado. Na boca é redondo, encorpado mas sem exageros. Muito fresco (para um alentejano), leve mesmo… A fruta é madura mas elegante, com a acidez no ponto: nem de mais, nem de menos. O final é apenas médio mas de qualidade. Uma boa surpresa e por um preço excelente.

Señorio de Nava Crianza 2003


D.O. Ribera de Duero (Espanha)
Bodegas Señorio de Nava (Nava de Roa – Burgos)
Supercor (Badajoz)
15,5/20

Extreme de tempranillo (ou tinta del pais) mostra uma bonita cor rubi, com boa concentração, brilho e viscosidade médias. Aromas fumados, com madeira nova, fruta roxa e silvestre. Após agitar acentuam-se as notas de madeira e de algum verniz, tal como os aromas vegetais, de farmácia e ligeira especiaria. O bouquet insiste na madeira nova (uma constante nalgum vinho espanhol, o uso excessivo da madeira). A boca denota acidez elevada (que até se torna bem vinda servindo para contrabalançar a madeira), boa fruta fresca e silvestre e taninos sedosos com leve adstringência. As notas de baunilha estão mais controladas do que no nariz, surgindo ainda alguma especiaria. Finaliza correcto e prolongado. Um vinho de qualidade que peca apenas por um pouco de madeira em excesso, mais notória no nariz do que na boca.

Vinha Antiga Escolha Alvarinho 2005


Verde DOC
PROVAM (Monção)
8,29€ Jumbo
15,5/20

Da responsabilidade dos enólogos José Domingues e Alselmo Mendes é um monocasta Alvarinho fermentado em barrica de carvalho, oriundo de Barbeita, concelho de Monção. Bela cor citrina, pouco concentrado mas com bom brilho e viscosidade média. O nariz é frutado com boa frescura. Notas de marmelos, ananás e leve madeira. Após agitar revela um intenso aroma elegante, com baunilha, anis e fruta cozida. Termina com leve bouquet frutado. Na boca mostra boa acidez e muita fruta ácida. Um vinho encorpado para um verde, com alguma secura. Um perfil mais frutado que mineral. Finaliza correcto e de média duração Um produto muito correcto da nova geração de verdes, onde se nota o dedo de Anselmo Mendes.

Chaminé Branco 2006


Vinho Regional Alentejano
Corte de Cima (Vidigueira)
Jumbo 5,81€
15/20

De cor citrina, límpida e brilhante, é um vinho atraente, pouco concentrado mas de viscosidade média.
Notas citrinas e tropicais no aroma (ananás), num nariz com boa fruta e leve mineralidade. Após agitar revela algum anisado e especiarias, com muita frescura e alguma cânfora. Na boca sente-se um corpo médio onde a fruta tropical e os citrinos imperam. A acidez é média sem comprometer a frescura. O vinho é equilibrado e agradável e embora não muito complexo, mostra-se consistente e sem arestas ou defeitos. Finaliza correcto mas um pouco abrupto, embora sem amargor. Um esforço honesto e de preço correcto, que não esconde a juventude, mas a precisar ainda de algum apuramento para alcançar os melhores tintos da casa.

Muralhas de Monção 2006


Verde DOC
Adega Cooperativa de Monção
9,50€ Restaurante
15/20

A arma pesada da cooperativa de Monção, uma das mais bem sucedidas do norte do país, com mais de três milhões de garrafas produzidas anualmente, só deste Muralhas de Monção. Face ao volume produzido e à proveniência dispersa das uvas (são mais de 1600 associados a vender uva à cooperativa) a qualidade exibida por este verde, elaborado apenas a partir das castas Alvarinho e Trajadura, é surpreendentemente elevada, o que me faz tirar o chapéu aos responsáveis vitícolas e enológicos da Cooperativa. Excelente selecção de castas, originando um lote muito conseguido: frutado, fresco, sem a acidez ou a bolha excessiva que caracterizam alguns verdes. A prova de que os verdes têm evoluído muito nos últimos anos, mesmo os produzidos por adegas cooperativas. Equilibrado, agradável e elegante, é um vinho de personalidade para a mesa e não só, de elevados padrões qualitativos e fino recorte enológico. Por um preço muito atractivo (no supermercado, já que no restaurante ascendeu a quase 10€… o triplo do cobrado num hipermercado!). Está de parabéns a Cooperativa de Monção e os seus associados, mas atenção… com o Muralhas neste patamar qualitativo não sei se vale a pena investir mais na escolha do Deu-La-Deu!

BSE 2006


Regional Terras do Sado
José Maria da Fonseca (Vila Nogueira Azeitão- Setúbal)
10,00€ Restaurante
15/20

Este branco seco especial é um valor seguro da casa José Maria da Fonseca. Produzido desde 1947 e elaborado a partir das castas Fernão Pires (52%), Arinto (19%) e Antão Vaz (29%) é uma das mais antigas marcas de vinhos portuguesas sendo produzido à razão de 510.000 litros anuais.
Apesar de ser um vinho de grande produção a qualidade não se ressente disso, fruto da inegável qualidade enológica deste grande produtor de Azeitão. Este vinho tem sofrido alterações significativas ao longo dos anos que o têm mantido a um nível qualitativo assinalável, face ao preço e produção exibidas. Ao seu perfil moderno e apelativo não será alheia a utilização (em perto de 30%) da nobre casta alentejana Antão Vaz, uma cedência à moda com reflexos muito positivos na qualidade apresentada. O perfil esse mantém-se fiel à tradição: aromático, frutado e com uma atraente secura que o tornam companheiro inseparável da boa gastronomia setubalense com a mesma facilidade com que se bebe como aperitivo. Finaliza correcto e prolongado numa apreciável relação preço qualidade.

Luís Pato Vinhas Velhas 2006 (branco)


Vinho Regional Beiras
Luís Pato – Ribeiro da Gândara (Anadia)
6,84€ Jumbo
14,5/20

Depois de, em 2007, ter provado a colheita de 2004, à qual teci rasgados elogios, avancei seguro para esta colheita de 2006, confiante na consistência qualitativa deste consagrado produtor bairradino. Revelou-se afinal puro optimismo… Onde em 2004 havia frescura, mineralidade e elegância surge agora uma doçura seca, a lembrar passas ou figos secos, como se a uva usada tivesse sido ligeiramente afectada pela Botritys (será que foi?!). As notas não são excessivas a ponto de se considerarem um defeito, mas mudam radicalmente o perfil do vinho. E para pior… Afinal, e depois da elegia feita por Jancis Robinson a este Vinhas Velhas beirão (e é proverbial a pouca simpatia da crítica estrangeira, particularmente a anglo-saxónica, aos brancos lusos), esta inconsistência não augura nada de bom para este vinho. Fico à espera de anos melhores… Ou será que foi da rolha?

Vale da Calada Tinto 2003


Vinho Regional Alentejano
Herdade da Calada (Igreijinha – Arraiolos)
4,69€ Feira Nova
14,5/20

Vencedor de uma medalha de ouro no concurso Mundus Vini Alemanha 2006. É elaborado a partir das castas aragonês (60%), Trincadeira (30%) e Syrah (10%), com envelhecimento parcial (20%) em madeira de carvalho. De cor rubi com bom brilho mostra-se contudo abaixo da média na concentração e viscosidade. Aroma simples com balsâmicos, alguma fruta silvestre e leve madeira. Após agitar exibe alguma frescura, com menta, vegetal verde e leve cânfora. Na boca revela acidez média, taninos suaves e agradáveis, boa fruta (vermelha e silvestre) num corpo relativamente magro. Finaliza correcto e de média duração. Um vinho simples e directo, correcto mas aquém das expectativas face àquilo que se vai produzindo na região.

Redondo 2003


Alentejo DOC
Roquevale (Redondo)
14/20

Elaborado a partir de um blend alentejano, que inclui Castelão, Moreto, Trincadeira e Aragonez é totalmente elaborado e estagiado em inox. A cor é granada, de média concentração, tal como a viscosidade e o brilho. O nariz é muito balsâmico com notas de fumo, campo e caruma. Após agitar surge alguma frescura vegetal, leve menta, couro, ligeiro odor animal e notas campestres e térreas. Na boca exibe um corpo médio de acidez elevada e taninos vivos, fruta roxa, silvestre e vermelha macerada, compotada. Finaliza simples mas correcto. Um vinho para consumo massificado pouco complexo e ambicioso.

Marquês de Borba Reserva 2000


Alentejo DOC
João Portugal Ramos (Estremoz)
35€ Modelo
18/20

Elaborado a partir das castas Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, é o topo de gama de João Portugal Ramos, parcialmente pisado em lagares de mármore, fez fermentação meloláctica em barrica e estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês.
A cor é retinta, quase opaca, com forte concentração, viscosidade e brilho. No nariz mostra-se, apesar da idade, um pouco fechado, com frutos vermelhos, especiarias e compotas. Secundariamente é mais complexo, com notas campestres e de couro, num fundo balsâmico fresco e especiado, tal como o bouquet. Na boca é um vinho encorpado, sólido, vigoroso mas elegante, que quase se come. Finaliza prolongado e distinto. Podia esperar mais uns anos para melhor mostrar o seu potencial. Aconselha-se a prévia decantação.

Quinta do Mouro 2002


Vinho Regional Alentejano
Miguel Orduña Viegas Louro (Estremoz)
24,98€ Carrefour
18/20

É já um clássico dos vinhos alentejanos fruto da constante busca da perfeição deste produtor de Estremoz. Tem excelente apresentação, com boa concentração, brilho e viscosidade média. O nariz é muito aromático com as notas de madeira bem casadas com a fruta e o lado telúrico característico dos vinhos do Alentejo. Após agitar surgem notas de maior frescura e vegetal, sem nunca perder a fruta e a baunilha da madeira. Na boca é um vinho que se mostra já no ponto, sem nada a esconder. Excelente fruta vermelha e silvestre, boas notas de barrica, taninos aveludados, acidez sem excessos. Tudo no sítio certo a já suficientemente aberto, mesmo sem decantar, para ser usufruído na sua plenitude, com grande carácter e elegância. Final longo e personalizado. Um excelente vinho.

Quinta da Terrugem 2001


Alentejo DOC (Borba)
Caves Aliança
14,99€ Continente
17,5/20

Produzido pelas Caves Aliança na sua Quinta da Terrugem em Borba, é um DOC Alentejo elaborado a partir das castas tradicionais da região (Aragonez e Tricadeira) com estágio de 12 meses em barrica de carvalho francês.
De forte cor rubi é um belo vinho, brilhante, concentrado e de viscosidade média a elevada. O nariz evidencia-se complexo, com notas terrosas, ligeiro alcatrão, fumeiro e fruta, vermelha e preta, mostrando-se ainda um pouco escondida. Após agitar afiguram-se algumas notas vegetais, ligeira compota e mesmo menta, num aroma onde se mantêm vivas as notas fumadas. Termina com agradável bouquet complexo, onde as notas terrosas, fumadas e campestres se confundem. Na boca demonstra boa acidez, viva mas agradável. É um vinho encorpado e complexo: notas de fruta silvestre, chocolate, vegetal seco, campo e caruma. Finaliza prolongado e muito personalizado, com a acidez a imprimir alguma surpresa no final entre o doce da fruta e amargo vegetal. Um belíssimo vinho, complexo, personalizado, mas muito alentejano.

Muros de Melgaço 2005


Verde DOC
Anselmo Mendes (Penso – Melgaço)
Supercor 14,75€
17,5/20

Alvarinho, de Melgaço, com a enorme particularidade de ter sido fermentado em madeira em contacto com o mosto, da responsabilidade do enólogo/produtor Anselmo Mendes. De cor amarela palha, viva, brilhante, de viscosidade média e bolha discreta é um vinho de aparência pouco habitual no que aos vinhos verdes respeita. O nariz evidencia notas de pêra, de pêssegos, uva de mesa e leve baunilha, temperados por uma frescura mineral. Secundariamente denota frescura intensa e notas de frutos tropicais (ananás, pêssego). Termina com leve bouquet baunilhado. A boca, redonda, revela bolha discretíssima, com fruta fresca (pêssego, pêra) e em compota, e alguma doçura. É um vinho com complexidade. Acidez média, muito bem integrada com a doçura da fruta e a madeira, o que origina um paladar agridoce de difícil descrição. Mostra ainda ligeiríssimo amargor (a azeitonas?...). Finaliza perfeito e duradouro na boca. Um vinho intenso, original, desconcertante mesmo, para a região!

Poeira 2002


Douro DOC
Jorge Nobre Moreira (Provesende-Sabrosa)
32€ - Garrafeira
17/20

De cor retinta, rubi escuro, é generoso na concentração e brilho, não tanto na viscosidade. O aroma é complexo. Notas balsâmicas, fumados, madeira, baunilha e frutas silvestres (amoras, framboesas) bem como ligeira cânfora. Após agitar revelam-se notas florais e canforadas num fundo silvestre e campestre. Termina com leve bouquet balsâmico. Na boca revela acidez média/alta sem perder distinção e elegância. A fruta silvestre domina num corpo médio/alto de taninos aveludados. É um vinho de paladar limpo e de perfil mineral, austero, num estilo tradicional do Douro, no que de melhor tem essa tradição. Finaliza complexo e com as notas fumadas e balsâmicas a dominar.

Muros Antigos Loureiro Escolha 2005


Verde DOC Anselmo Mendes (Melgaço)
5,25€ Supercor
17/20

Um Loureiro da terra do Alvarinho superiormente elaborado por um dos mais competentes enólogos da região e do país, aqui assumindo também a tarefa de produtor, e tal como eu apaixonado pelo Loureiro, uma das mais nobres castas da região dos vinhos verdes. O resultado é um vinho límpido, citrino e brilhante com uma viscosidade acima da média para um verde. No nariz a fruta e a frescura são intensas, assumindo já uma leve mineralidade que tão bem caracteriza o Loureiro. Após agitar revela uma frescura contagiante e frutada, de frutos tropicais e abacaxi. Na boca mostra-se leve e redondo, frutado mas com uma acidez refrescante no ponto, que o torna atraente e nada cansativo. É um vinho encorpado (para um verde) mas muito mineral, quase sem gás. Original para a região e muito conseguido. Finaliza longo e muito guloso. Um dos melhores verdes que já provei, nada inferior ao muito premiado Muros de Melgaço que apesar de mais original (devido ao estágio em madeira) não é superior a este Muros Antigos, que o bate aos pontos em frescura e mineralidade. Um grande Loureiro de Anselmo Mendes, ainda por cima com um preço muito atractivo.

Murganheira Espumante Vintage 2001


Távora Varosa DOC
Sociedade Agrícola e Comercial do Varosa (Tarouca)
36,00€ Corte Inglês
17/20

Uma boa maneira de começar o ano. Elaborado exclusivamente a partir da casta Pinot Noir, a única casta tinta de entre as três autorizadas para a elaboração do Champagne, é assim um espumante que em tudo se aproxima do original néctar gaulês. Bela apresentação, concentração mediana e bolha fina. Nariz aromático e frutado revelando as características da casta. A boca é suave e cremosa, levemente adocicada e frutuosa, num conjunto bem harmonizado e muito conseguido. Termina longo e elegante. Um espumante claramente acima da média, da responsabilidade do enólogo Orlando Lourenço.

Herdade do Perdigão Reserva 2003


Herdade do Perdigão (Monforte)
Vinho Regional Alentejano
16,99€ Jumbo
17/20

Elaborado sobretudo a partir de trincadeira (80%) o lote é composto também de aragonês e cabernet sauvignon. De cor granada viva, mostra boa concentração embora não opaca. Tem bom brilho e viscosidade elevada. O nariz é muito balsâmico, forte e personalizado. Notas de madeira de qualidade, fruta roxa e em compota e frutos secos. Após agitar intensifica-se o (já intenso) balsâmico, surgem algumas notas canforadas, de vegetal seco num aroma campestre que se mantém no bouquet. Na boca revela acidez elevada mas taninos não muito agressivos. É um vinho encorpado, redondo, com notas de fruta roxa doce e em compota, bem secundada pela acidez que se mantém forte (talvez a precisar ainda de acalmia em garrafa). Está muito aveludado mas revela ainda ligeiro amargor. Finaliza prolongado, macio e personalizado. É indiscutivelmente um vinho de excelente qualidade que peca apenas por uma acidez ligeiramente elevada (talvez fruto da juventude).

Domingos Soares Franco Colecção Privada Trincadeira 2001


José Maria da Fonseca – Vila Nogueira de Azeitão (Setúbal)
Vinho Regional Terras do Sado
17,15€ Continente
17/20

De forte cor rubi, concentração média, tal como a viscosidade, mas muito brilho. Um belíssimo vinho. O nariz não lhe fica atrás: couro, tabaco e fumados, balsâmico de excelente qualidade e fruta silvestre que se intensificam em frescura após agitar, surgindo também leve cânfora e madeira, e terminando com leve bouquet balsâmico. Excelente nariz. A boca é elegante e sedosa com os taninos macios envoltos em boa acidez e muita fruta madura, silvestre, vermelha e em compota. O final é persistente mantendo as notas atrás descritas: elegante, frutado e sedoso. È um vinho de porte aristocrático, belo e de extrema elegância, de qualidade absolutamente irrepreensível.

Pazo de Señorans 2006


Rias Baixas DO
Pazo de Señorans – Méis – Pontevedra (Espanha)
Cerca 10€ Supercor (Espanha)
17/20

De cor amarelo palha, apresenta bom brilho, concentração mediana e viscosidade média/baixa. O nariz revela muita fruta, notas de flor de laranjeira, tangerina, frutos tropicais e leve toque meloso. Secundariamente evidencia-se o lado floral, levemente especiado, sempre com muita frescura. Na boca mostra um corpo médio, boa frescura e acidez, alguma doçura muito bem contraposta à acidez. Pleno de fruta (sobretudo citrinos com a laranja a dominar, mas também algum fruto tropical). Não tem gás mas é um vinho levemente especiado, muito fresco e agradável. Termina elegante e longo. Excelente alvarinho.

Mouchão 2001


Vinho Regional Alentejano
Vinhos da Cavaca Dourada – Casa Branca (Sousel)
25,00€ Modelo
17/20

Um clássico dos vinhos portugueses. Uma das marcas mais antigas em produção, verdadeiro ex-libris da vitivinicultura alentejana. Elaborado exclusivamente a partir da casta Alicante Bouschet (a mais alentejana das castas francesas, praticamente extinta em terras de Voltaire, mas pujante no tórrido Alentejo…) é um vinho brilhante, concentrado (mas não opaco) de uma bonita cor granada e uma enorme viscosidade (é daqueles vinhos que quase se comem…).
No nariz é exuberante: balsâmico, com cânfora e muita fruta roxa, exala aromas a rodos como que anunciando a explosão de sabor que se seguiria. Após agitar, está bem presente o carácter telúrico do vinho alentejano, fresco mas anisado, com fortes notas tostadas que quase parecem gengibre… que se prolongam no bouquet.
Na boca é explosivo! Muito encorpado e com a acidez elevada, não é contudo um vinho demasiado taninoso. A fruta está bem presente, sobretudo roxa e silvestre, mas a boca é dominada pela forte extracção e pela acidez elevada que quase sugerem notas de metal amarelo (latão ou cobre) para além dos couros e marroquinaria que os vinhos desta região costumam mostrar.
Finaliza guloso e prolongado.
É um vinho cheio de carácter que ou se ama ou se detesta. Com alguma rusticidade, impressiona porém pela elevadíssima extracção e corpo, que conjugadas pela elevada acidez, obriga a uma degustação com tempo e paciência para vislumbrar as suas virtudes… Apesar da respeitável idade (6 anos) mostrou-se em plena força, capaz de aguentar e até melhorar, com mais alguns anos na cave. Para beber já aconselha-se a prévia decantação (que eu não fiz…).

Quinta das Baceladas Single Estate Tinto 2003


Bairrada DOC
Caves Aliança (Sangalhos – Anadia)
5,95€ Revista de Vinhos
17/20

Uma agradável surpresa. Um perfil bordalês perfeitamente conseguido, ao que não será alheia a responsabilidade enológica de Pascal Chatonnet. Feito com Merlot e Cabernet Sauvignon e uma pequena quantidade de Baga, provenientes da Quinta das Baceladas em Cantanhede, é um vinho de grande elegância. Suavíssimo, aromático, de porte aristocrático. Com estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês é um grande vinho que parece dar razão àqueles que defendem a “vocação” bordalesa da Bairrada. Ainda por cima a um preço muito atractivo. Está de parabéns a Aliança e os seus enólogos!

Quinta do Aciprestes Reserva 2003


Reserva 2003
Douro DOC
Real Companhia Velha (Cima Corgo)
11,50€ Napoleão
17/20

Elaborado a partir das castas touriga nacional e touriga franca de uma única propriedade no Cima Corgo, foi sujeito a estágio prolongado em barricas de carvalho francês e americano predominantemente novas.
De cor rubi escuro mas não opaco, tem excelente brilho e viscosidade média. Aroma a fruta madura e compota com forte componente vegetal e ligeiro toque floral. Secundariamente surgem notas canforadas e a menta, acentuando-se a frescura vegetal, que se prolonga no bouquet. Na boca é um vinho redondo, levemente adocidado, com notas de fruta vermelha madura, compota e vegetal seco. Finaliza longo e elegante, sempre frutado e muito persistente. Um excelente vinho do Douro, por um preço muito atractivo.

Quinta do Portal LBV 2001


Porto DOC
Quinta do Portal (Sabrosa)
15,99€ Modelo
17/20

Não sou um grande consumidor de Porto, confesso, como aliás se poderá constatar por esta lista referente aos vinhos provados em 2007. Mas gosto! É uma estranha inércia que me impele a coleccionar tintos de guarda a preços proibitivos e a esquecer este nobre produto da tradição nacional… Mas de vez em quando arrisco e quase sempre com resultados assinaláveis tal é a consistência dos produtores deste precioso néctar, sobretudo nas categorias especiais, onde se insere esta LBV da Quinta do Portal. Oriundo de uma única propriedade e colheita (no caso a Quinta do Portal em Celeirós do Douro e o ano de 2001) os LBV têm por particularidade face aos mais nobres Vintage o facto de passarem mais tempo a estagiar em barrica (em geral mais de 4 anos). Dai resulta um vinho mais macio e pronto para o consumo imediato, em detrimento dos mais complexos Vintages, engarrafados ao fim de dois anos e destinados à guarda prolongada.
Este Quinta do Portal é um vinho muito concentrado (quase opaco) de cor granada escura e de brilho e viscosidade apenas médias. O nariz está ainda um pouco fechado, mas muito fresco, mentolado até, com fruta vermelha muito madura (cristalizada mesmo) e fortes notas licorosas. Secundariamente revela uma enorme frescura vegetal com muita menta e alguma cânfora. Na boca é um vinho cremoso, medianamente doce e com uma acidez vegetal apetitosa e original. Mentol, algum anisado e muita especiaria (gengibre) fazem uma boca personalizada e extremamente agradável, sobretudo como digestivo, que se prolonga de forma lenta e muito aromática. Um belo Porto sem dúvida e a um preço convidativo.

Quinta do Falcão Reserva 2004


Reserva 2004
Ribatejo DOC
Casa Agrícola da Quinta do Falcão (Vila Chã de Ourique – Cartaxo)
5,95€ Revista de Vinhos
16,5/20

Elaborado a partir das castas touriga nacional, castelão e syrah, estagiou seis meses em barricas novas e mais um ano em garrafa. É um vinho do novo Ribatejo, conjugando a tradição (do castelão ou periquita) com a modernidade nacional (da touriga, a casta do momento) e internacional (da syrah, que tão bons resultados tem dado no Alentejo e também no Ribatejo).
O aspecto denota forte concentração, cor rubi brilhante, embora a viscosidade não seja muito elevada. O nariz é complexo, com notas de fumo, couro, campo, caruma e leve aroma vegetal envoltos em fruto roxo. Após agitar, um lado vegetal (provavelmente proveniente da touriga) revela-se intensamente, com notas muito frescas e mentoladas. No boca é um vinho encorpado com boa acidez e com os taninos bem evidentes, se bem que amaciados e de qualidade. A fruta é essencialmente roxa, com ameixas, uva de mesa e amoras, mas também um original toque de nêspera (será?...). A adstringência é elevada mas agradável. Finaliza prolongado e elegante com alguma secura que só lhe fica bem. Um bom vinho do Ribatejo.