sábado, 10 de janeiro de 2009

Quinta da Viçosa 2003


Vinho Regional Alentejano
João Portugal Ramos (Estremoz)
22,49€ Garrafeira Nacional
17,5/20

A Quinta da Viçosa é uma das marcas de topo da produção de João Portugal Ramos, um dos mais conceituados e empreendedores produtores nacionais, com projectos espalhados já pelas principais regiões vinícolas nacionais. Elaborado a partir de uvas produzidas na Quinta da Viçosa, perto de Estremoz, das castas Touriga Nacional e Merlot, parcialmente pisadas em lagares de mármore e o restante com fermentação a temperatura controlada em cubas de aço inox. Estagiou ainda 12 meses em meias pipas novas de carvalho francês e americano.
Estamos perante um original vinho alentejano de perfil aristocrático bordalês. A touriga nacional faz aqui as vezes do Cabernet Sauvignon, casta com quem partilha variadas características organolépticas, como a frescura, a elegância e um sedutor perfil vegetal.
Aspecto denso, belo e irrepreensível. Fortemente concentrado.
Nariz fumado com a fruta vermelha e silvestre bem presente. Após agitar revela elegância e complexidade, com um agradável lado vegetal.
Na boca exibe bom corpo com taninos sedosos e de enorme elegância. Um vinho de grande nobreza e profundamente sedutor. Poderoso mas muito delicado.
Final longo e de enorme elegância.
Um grande vinho alentejano!

Quinta do Ferro Bruto 2006



Vinho Verde DOC
Quinta do Ferro (Baião)
6,25€ Revista de Vinhos
16/20

Foi com curiosidade que abordei este espumante produzido na região dos vinhos verdes, a partir de uma casta menos comum mas de inegáveis méritos como é o Avesso. Devo confessar que foi uma agradável surpresa.
Exibe uma bela cor citrina, brilhante e de bolha abundante mas fina. Concentração e viscosidade medianas. O nariz revela boas notas frutadas com os citrinos sempre a dominar o aroma. Tem contudo um agradável toque mineral. Um nariz limonado e sedutor. Após agitar a frescura mineral liberta-se revelando um espumante elegante e com um ligeiro toque herbáceo.
Na boca apresenta uma agradável bolha fina, como é devido, e uma mousse suave e cremosa. A acidez mostra-se no ponto. Seco, limonado, fresco e mineral este Quinta do Ferro Bruto 2006 revela-se um parceiro privilegiado da boa mesa.
Finaliza guloso e cheio de classe.
Um excelente espumante de vinho verde, com garra e originalidade e por um preço irrecusável.
Uma excelente prenda de Natal!

Cimarosa Gran Reserva Pinot Noir 2005


Central Valley – Chile
Via Wine Group – LIDL
6,99€ LIDL
15,5/20

Marca produzida pela chilena Via Wine Group para os supermercados LIDL, exclusiva para os seus vinhos Gran Reserva monocasta. Neste caso foi o Pinot Noir de 2005, uma casta de origem borgonhesa (é também utilizada no fabrico do Champagne) mas que encontrou uma pátria adoptiva nos vales chilenos, caracterizados por um clima de forte influência marítima. É aliás um dos poucos locais do mundo onde esta difícil casta francesa se adaptou, originando vinhos frescos e frutados, no melhor estilo da Borgonha, o que geralmente não sucede em adaptações levadas a cabo noutros climas, como o português, em que os Pinot Noir surgem geralmente mais densos e encorpados, menos característicos.
Esta colheita de 2005 mostra cor granada aberta e brilhante, de viscosidade média e baixa concentração, como é costume na casta. O nariz exibe boas notas frutadas de morangos e groselhas, compotas e leves notas balsâmicas e vegetais. Secundariamente a fruta surge fresca e apetecível, com algum mineral e leve vegetal verde e legumes (feijão verde).
Na boca revela corpo e acidez medianas. Fruta vermelha característica (morangos, cerejas, groselhas) com alguma doçura. Algum vegetal cozido. É um vinho leve e elegante, que finaliza correcto e sem defeitos.
Um vinho de qualidade mas que se mostrou abaixo da colheita de 2003, de porte mais aristocrático e exclusivista. Ainda assim exibe uma boa relação preço/qualidade, para um Pinot Noir, claro está...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Quinta da Garrida 2004



Dão DOC
Caves Aliança (Gouveia)
Jumbo, 5,78€
16/20

A Quinta da Garrida, propriedade da Aliança desde 1998, está situada em Vila Nova de Tazém, no concelho de Gouveia, na região demarcada do Dão. Com uma área total de 112 hectares, tem 80 hectares de vinhas com 15 anos e os restantes com novas plantações efectuadas com o recurso às mais modernas técnicas. A vinha é constituída pelas principais castas desta região, como a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro Preto. Aqui são produzidos dois vinhos: o Quinta da Garrida e o Touriga Nacional Reserva, sob a direcção dos enólogos Francisco Antunes (enólogo residente) e Pascal Chatonnet (enólogo consultor).
Este Quinta da Garrida 2004 foi elaborado a partir das castas Jaen, Tinta Roriz e Touriga Nacional, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. É um vinho de bela apresentação, com cor rubi brilhante, boa concentração e viscosidade média. O nariz é elegante com leves notas balsâmicas, fruta vermelha e silvestre macerada, num conjunto cheio e redondo, bem expressivo das boas características da região. Após agitar surge muita frescura, algum mineral e metal, num aroma limpo e fresco.
A boca é leve e aristocrática. Num vinho suave e sedoso sente-se a elegância da touriga nacional, bem casada com a fruta. O perfil austero das terras beirãs é manifestado com classe neste bom exemplo das potencialidades do Dão. Final persistente sem nunca perder a elegância.
Magnífica relação preço/qualidade.

Conde d’Ervideira Reserva 2004



Alentejo DOC
Ribeira d’Ervideira (Évora)
Revista de Vinhos, 5,95€
16/20

Propriedade da família Leal da Costa, descendente do Conde da Ervideira, cuja tradição vinícola remonta a 1880, os vinhos da Ervideira provêm de 160 hectares de vinha distribuída por duas propriedades, as herdades do Monte da Ribeira na Vidigueira e da Herdadinha na Vendinha, Reguengos de Monsaraz. O enólogo residente é Nelson Rolo sendo consultor da casa o enólogo Paulo Laureano. A exportação é o destino de quase metade da produção da Ribeira d’Ervideira, com o Brasil a liderar o top das vendas internacionais, numa lista de fazem igualmente parte a China, Angola ou o Canadá. Da produção fazem parte as marcas Ervideira, Terras d’Ervideira, Lusitano, Vinha d’Ervideira, Castas d’Ervideira e este Conde d’Ervideira, o topo de gama da casa que existe em duas versões: o Reserva e o Garrafeira, produzido apenas nos anos de melhor qualidade.
Este Conde d’Ervideira Reserva 2004 foi produzido a partir das castas Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon a partir de uma selecção dos melhores lotes de uvas, vinificados casta por casta. Estagiou 8 meses em barricas novas, maioritariamente, de carvalho francês. Foi depois engarrafado, permanecendo em cave durante o período mínimo de um ano. Foram produzidas 26 000 garrafas.
De cor rubi brilhante e de concentração elevada, é um vinho bem apresentado e de viscosidade média. No nariz ressaltam os frutos silvestres e compotas, com boa frescura. Após agitar surgem notas de marroquinaria e de metais brancos, com muita frescura. Exibe mesmo um elegante bouquet frutado. Na boca revela-se surpreendentemente leve e com boa acidez. Os taninos são sedosos e elegantes, num vinho fresco e distinto com notas de frutos silvestres e vermelhos. Termina com agradável persistência.
Um vinho muito bem feito, revelador das novas tendências alentejanas de privilegiar a frescura em detrimentos da excessiva extracção, que pontificou nos tempos mais recentes e nos vinhos desta região. Excelente relação preço/qualidade.

CARM Reserva 2005 Branco



Douro Doc
Casa Agrícola Reboredo Madeira (Vila Nova de Foz Côa)
Garrafeira Nacional, 10,30€
16,5/20

Elaborado a partir de castas tradicionais durienses plantadas em vinhas velhas situadas no Douro Superior (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) e estagiado em carvalho francês com “batonnage”, é pois um vinho onde se conjugam a velha tradição vinícola do Douro com as mais modernas técnicas de vinificação.
As castas utilizadas são várias, como é habitual nas velhas parcelas de vinha do Douro, mas predominam a Verdelho, Síria e Rabigato.
A cor é amarelo palha, com elevada concentração, bom brilho e viscosidade média a elevada. Surpreende pela cor e concentração, que mais parecem anunciar um vinho velho.
O aroma é mineral, fresco e frutado. Elegante, com boa fruta (predomina o ananás) e leve anisado. Muito aromático e com aquela faceta mineral sedutora, característica dos bons vinhos do Douro. Exibe mesmo um agradável bouquet frutado.
Na boca mostra corpo e acidez médias. É um branco limonado, com predominância clara dos citrinos, e claramente mais seco que doce. É no entanto de uma secura agradável, austera mas sedutora e elegante que o tornam um excelente companheiro da mesa.
Final muito correcto, seco e longevo.
Um excelente branco do Douro a um preço muito convidativo.

Quinta do Vallado Tawny 10 Anos



Quinta do Vallado (Peso da Régua)
Napoleão, 22.95€
16,5/20

A Quinta do Vallado é uma propriedade histórica do Douro. Situada a escassos 10 quilómetros do Peso da Régua, o centro histórico do Douro vinhateiro, estende-se por ambas as margens do rio Corgo, com 38 hectares de vinha que já foi pertença de Dona Antónia Adelaide Ferreira, e ainda hoje se mantém na família, e está referenciada como produtora de vinho do Porto desde, pelo menos, o ano de 1716. Destes 38 hectares, cerca de 26 são de vinhas muito antigas, com mais de 60 anos de idade.
Este Tawny 10 anos é proveniente dessas vinhas velhas, com mistura de várias castas onde predominam a tinta amarela e a tinta roriz, elaborado com recurso a sucessivos estágios em madeira e engarrafamento em Dezembro de 2003. Recebeu uma medalha de ouro no International Wine Challenge de 2004.
De bela cor âmbar é um vinho de apresentação irrepreensível, com excelente brilho, viscosidade e concentração médias.
O nariz é delicado mas muito aromático, com notas de mel, frutos secos, bolo inglês e leves notas de tabaco. Após agitar sente-se ligeiramente os 20 graus de teor alcoólico, mas também uma agradável frescura. Surgem ainda leves e elegantes notas florais, bem casadas com os aromas primários.
Na boca é um vinho cremoso e distinto. De corpo médio e acidez no ponto, revela madeira nova, leve fumado, muita fruta cristalizada e frutos secos. Finaliza persistente e com alguma complexidade.
Um excelente Tawny. Porém, por este preço, já se acede a alguns vintage e LBV que conseguem elevar a fasquia do desfrute de um bom Porto a patamares mais elevados. A menos que se prefira a delicadeza de um Tawny velho… Aí este Quinta do Vallado 10 anos é seguramente uma referência a reter.