domingo, 20 de abril de 2008

Domingos Damascenos de Carvalho 2004


Regional Terras do Sado
SOTA (Poceirão, Palmela)
8,99€ Continente
16,5/20

Um produtor de tradição na região de Palmela e uma garrafa já com alguns anos de casa… Mostrou-se contudo em excelente forma. De cor rubi, viva e brilhante, concentração média e viscosidade não muito elevada. O nariz é balsâmico com a fruta roxa e silvestre a evidenciar-se, entre leve madeira, num conjunto campestre com levíssimo odor animal. Após agitar surgem algum vegetal e muita cânfora, com notas de metal amarelo. Leve bouquet silvestre. Na boca é medianamente encorpado, com a acidez muito contida mas sem comprometer. Os taninos são aveludados e muito elegantes, mostrando mesmo alguma nobreza. À fruta silvestre do nariz juntam-se agora os frutos vermelhos e as compotas, notando-se alguma doçura mas sem demasia. Finaliza elegante, redondo e prolongado. Um vinho excelente e com algum requinte. Um pouco mais complexo e seria uma referência… Foi galardoado com uma medalha de ouro no V Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, CVRPS 2005.

domingo, 13 de abril de 2008

Herdade de Muge 2004


Ribatejo DOC
Casa Cadaval (Muge – Salvaterra de Magos)
5,95€ Revista de Vinhos
16,5/20

Um blend ribatejano da responsabilidade enológica de Rui Reguinga. Apresenta-se bem, de cor granada, com boa concentração e brilho. No nariz revela-se muito aromático com boas notas de madeira, frutos vermelhos maduros e em compota e algum balsâmico. Após agitar surgem notas de couro e metal bem como algum vegetal canforado. Termina com leve bouquet frutado. Na boca denota acidez elevada com taninos vivos mas não agressivos. Muita fruta vermelha madura e compotada. Alguma doçura. É um vinho encorpado e elegante, envolto em excelente balsâmico, dominado pela fruta mas sem exageros nem concessões à moda ou ao estilo. Termina persistente com os taninos e durarem sem excessos nem amargor. Um final elegante e muito frutado. Um bom DOC Ribatejo.

sábado, 12 de abril de 2008

Cabriz Colheita Seleccionada 2007


Dão Doc
Dão Sul (Carregal do Sal)
3,18€ Jumbo
15/20

Límpido, pouco concentrado e brilhante, mostra-se medianamente viscoso na aparência. O nariz é frutado, com leve toque de madeira e ligeiramente tropical. Após agitar revela uma excelente frescura, elegância e leve anisado. Na boca é um vinho macio, de acidez média tal como a frescura. Muito correcto e sem arestas denota boa fruta, madura mas sem excessiva doçura. Redondo e com alguma elegância, finaliza sem surpresas e de mediana dimensão. Uma aposta segura da Dão Sul e a um preço correcto.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Mouchão Tonel nº 3-4 2001


Vinho Regional Alentejano
Vinhos da Cavaca Dourada (Sousel)
61,00€ Garrafeira Nacional
18,5/20

Em dia de Ano Novo propus-me provar uma das jóias da coroa e posso garantir que em nada desiludiu, antes pelo contrário…
Este tonel 3-4 do Mouchão é uma verdadeira pérola desta casa alentejana de grande tradição. Muito concentrado, exibe uma bonita cor granada, cheio de brilho e com viscosidade elevada. O nariz está ainda um pouco fechado, mas é um verdadeiro concentrado de aromas: madeira de qualidade na dose certa, fruta roxa e vermelha, campo e caruma, bem como um surpreendente lado vegetal muito apelativo, com menta e vegetal verde. Secundariamente exibe leve farmácia, muita cânfora e notas fumadas num conjunto aromático e conseguido. Termina com bouquet fumado. Na boca tem a acidez no ponto com taninos muito suaves e carregados de elegância. A fruta continua lá, roxa e vermelha, compotas, madeira elegante e nada impositiva. Pura classe que se mantém no final, elegante e suavíssimo. Um grande vinho.

Colecção Privada 1985


Vinho de Mesa Tinto
António Bernardino Paulo da Silva (Azenhas do Mar – Colares)
17,5/20

Uma raridade (trazida por um amigo) em dia de Ano Novo. Um lote de João Santarém, Tinta Miúda e Castelão, proveniente dos solos arenosos das ribanceiras de Colares e com a respeitável idade de 22 anos. Revelou-se em grande forma. De cor rubi, exibiu-se mediano no aspecto (concentração, viscosidade e brilho). Já no nariz marcou pontos… Ainda fechado, mostrou passas, figos secos, leves odores fenólicos e madeira bem envolta na fruta, madura e compotada, mas nada cansada. Secundariamente sobressaiu o álcool da vetusta idade, envolto em cânfora e com notas frutadas (aguardente de peras). Conseguiu ainda deixar um ligeiro bouquet frutado. Na boca revelou boa acidez, taninos de veludo, quase imperceptíveis, boa fruta, seca e compotada, algum fumeiro e licores. Termina prolongadíssimo e muito aveludado. Um vinho com classe.

Quinta de Cabriz Touriga Nacional 2003


Dão DOC
Dão Sul (Carregal do Sal)
13,99€ Jumbo
17,5/20

Originária do Dão, a touriga nacional é hoje uma estrela em ascensão não só por todo o país, mas também já em muitas regiões vinícolas do mundo, da Austrália à Califórnia, passando pela América e África do Sul. É pois curioso verificar como os produtores do Dão tratam a sua casta mais mediática, agora que têm a impiedosa concorrência de tanta gente, no seu cultivo. Este Touriga de Cabriz apresenta boa concentração (quase opaco), viscosidade elevada (acentuado efeito de lágrima, quase parecendo um vinho fortificado) e bom brilho, com cor rubi escuro. O nariz é muito perfumado, com evidentes notas campestres e florais, licores, fruta madura e compotas, com algum vegetal de fundo. Após agitar mostra-se fresco e mentolado com ligeira cânfora a dar um carácter levemente especiado ao nariz. Excelente bouquet silvestre. Na boca é um vinho encorpado mas macio. De taninos vivos mas muito agradáveis e acidez elevada, mostra frescura e vitalidade (a produtora arrisca uma longevidade de 20 anos no contra-rótulo da garrafa!). Surgem notas de licores e muita fruta: madura, vermelha e silvestre. Muito elegante, mostra-se contudo bem vivo e especiado. Finaliza duradouro e com elegância, com a acidez a perdurar. Um grande touriga… Talvez o melhor Dão que provei até hoje!

Escolha António Saramago 2003


Palmela DOC
António Saramago Vinhos (Palmela)
8,49€ Feira Nova
17/20

Galardoado com uma medalha de ouro no VI Concurso de Vinhos da Península de Setúbal 2006 e eleito o melhor Palmela DOC do ano é um vinho de autor, elaborado com uva “emprestada”, pelo enólogo António Saramago, antigo colaborador da casa José Maria da Fonseca e por isso profundo conhecedor da região. Vinho extreme da casta Castelão é a prova das boas capacidades desta casta, tantas vezes desprezada, vítima do seu próprio sucesso no passado. Muito concentrado, opaco mesmo com auréola violeta, apresenta-se de cor granada, com bom brilho e viscosidade elevada. Nariz potente com muito couro e marroquinaria mas com a frescura bem presente nas notas canforadas. A fruta está algo escondida no perfil muito concentrado mas ainda assim surgem notas de fruta muito madura (silvestre e preta) e licores. Após agitar acentua-se a frescura vegetal, surgindo os mentolados e ligeira farmácia. Na boca revela boa acidez, que garante a almejada frescura, com taninos de cetim, delicados e elegantes. Fruta muito madura, vermelha e silvestre (preta), licores e vegetal fresco num vinho encorpado e com raça. Termina muito longo, cheio de personalidade. Um excelente castelão. Não me lembro de ter provado outro assim…