domingo, 28 de setembro de 2008

Quinta do Ameal Loureiro 2007

Vinho Verde DOC
Quinta do Ameal (Ponte de Lima)
5,68€ Jumbo
16/20

A Quinta do Ameal situa-se numa das mais ancestrais freguesias de Portugal, anterior à Nacionalidade (1143), em Refóios do Lima, concelho de Ponte de Lima. A produção de vinhos no Ameal é já mencionada em documentos de 1710, sendo portanto anterior a essa data. A quinta sofreu contudo importantes reformas e melhoramentos nos anos mais recentes, visando o máximo controlo e acompanhamento por técnicos responsáveis nas áreas enológica e vitícola. O processo de produção inclui a selecção criteriosa das melhores uvas, fermentação a temperaturas controladas, enxaguamento, engarrafamento e rotulagem automáticos na propriedade.
Mas esta belíssima quinta, nas margens do rio Lima, tornou-se conhecida nos últimos anos sobretudo pela sua aposta na casta Loureiro, uma das mais emblemáticas da região dos vinhos verdes. Esta opção tem-lhe garantido enorme sucesso, nacional e internacional, quer na crítica quer no público consumidor. O vinho da Quinta do Ameal é hoje exportado para cerca de duas dezenas de países, incluindo os importantes mercados norte-americano e brasileiro, mas também para países de enorme tradição vinícola como a Espanha, França, Alemanha ou Austrália.
Este Quinta do Ameal Loureiro é um vinho extreme da casta Loureiro, produzido na sub-região do Lima e em solos graníticos. Provém de uma vinha de 12 hectares exclusivamente plantados com esta casta e cultivada de acordo com os princípios biodinâmicos, que origina a produção de cerca de 50.000 garrafas por ano.
De aspecto límpido e brilhante, é um vinho pouco concentrado (como se quer num branco) e de cor citrina. O nariz mostra-se frutado, com boas notas florais e citrinas, a que se junta alguma doçura que lembra a uva de mesa. Já secundariamente o Loureiro aparece em todo o seu esplendor: mineral e fresco, a fruta surge personalizada com enorme elegância e requinte. Exibe mesmo um agradável bouquet frutado.
Na boca apresenta corpo médio com bolha finíssima. A acidez está contida e elegante sem nunca comprometer a frescura. A fruta surge através dos citrinos, num perfil mineral e limonado. Finaliza muito bem, elegante e prolongado.
Um excelente exemplo das potencialidades desta magnífica casta minhota, para mim a que melhor personifica as virtudes do vinho verde, indiscutivelmente um dos melhores brancos nacionais, fortemente vocacionado para a exportação.

sábado, 20 de setembro de 2008

Quinta do Crasto Tinto 2004


Douro DOC
Quinta do Crasto (Gouvinhas – Sabrosa)
8,00€ Hipermercado
16/20

A Quinta do Crasto é uma propriedade centenária, fundada em 1615, situada na margem direita do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão. Há mais de cem anos nas mãos da família Almeida conta com 130 hectares de terra, dos quais cerca de 70 estão ocupados com vinha. Objecto de importantes investimentos nos últimos anos, possui hoje modernos equipamentos de vinificação que garantem a produção de vinhos de elevada qualidade desde o Crasto, que garante a entrada na gama de vinhos da Quinta até aos exclusivos Vinha da Ponte e Vinha Maria Teresa, passando pelo Reserva Vinhas Velhas, pelos Monovarietais (Tinta Roriz e Touriga Nacional) e sem esquecer as categorias especiais de Vinho do Porto (LBV e Vintage).
Apesar da modernização operada nas vinhas e adega, a Quinta do Crasto continua a utilizar o tradicional método de pisa da uva em lagares, garantindo assim que os seus vinhos mantenham um carácter autêntico e característico da histórica região vinícola em que se insere.
Os actuais proprietários da Quinta do Crasto, Leonor Roquette (neta de Constantino de Almeida, fundador dos vinhos Constantino que adquiriu a Quinta no início do Séc. XX) e o seu marido Jorge Roquette assumiram a maioria do capital e a gestão da propriedade em 1981, e com a ajuda dos seus filhos Miguel e Tomás Roquette deram início ao processo de remodelação e ampliação das vinhas bem como ao projecto de produção de vinhos de mesa pelos quais a Quinta do Crasto é hoje amplamente conhecida. A responsabilidade enológica pertence a Dominic Morris e Manuel Lobo.
A Quinta do Crasto faz parte da mediática associação dos Douro Boys (juntamente com a Quinta do Vallado, as Quintas de Nápoles e do Carril da Niepoort, a Quinta do Vale Dona Maria e a Quinta do Vale Meão) a qual impulsionada pela esposa de Dirk Niepoort, a austríaca Dorli Muhr, relações públicas do grupo, muito tem feito pela divulgação do vinho do Douro internacionalmente, particularmente do produzido por estas quintas históricas.
Mais recentemente a família Roquette envolveu-se ainda no projecto Xisto, juntamente com a família Cazés, winemakers do Château Lynch-Bages da região francesa de Bordéus. O objectivo declarado é o de produzir um vinho Premium maioritariamente destinado à exportação.
Este Quinta do Crasto 2004 é um dos vinhos de entrada na gama da Quinta (abaixo dele apenas figura o Flor do Crasto). Produzido a partir das castas Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Touriga Nacional, fermentadas em inox e sem estágio em madeira, procurando-se um vinho fresco, frutado e “fácil” de beber.
De cor rubi escuro, com boa concentração, mostra ainda bom brilho e viscosidade média. O nariz é bastante aromático, com boa fruta silvestre, balsâmico mas muito fresco com notas de campo, terra molhada e menta. Após agitar surgem agradáveis notas metálicas e especiadas..
Na boca revela um corpo médio e acidez acima da média, com os taninos também a sentirem-se se bem que sem exageros. Boas notas de fruta que se mantém fresca, roxa e silvestre. Um vinho simples mas elegante.
Finaliza com boa persistência, fresco e especiado.
Um vinho moderno, fresco, elegante e apelativo a um preço contido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Moscatel Roxo 1998



Setúbal DOC
Bacalhoa Vinhos (Vila Nogueira de Azeitão)
18,50€ Jumbo
17,5/20

O Moscatel Roxo era, há poucos anos, uma casta em vias de extinção. Tendo em conta que origina vinhos de qualidade superior, vários produtores da região de Setúbal, entre eles a JP Vinhos, hoje integrada na Bacalhoa Vinhos, promoveu o plantio de 4 hectares de moscatel roxo, nas suas vinhas da Serra da Arrábida. No entanto a exiguidade do produto levou a empresa a lançá-lo no mercado apenas em garrafas de capacidade de 0,5 litros.
Este vinho é produzido inteiramente com a casta Moscatel Roxo de uma única colheita, de 1998, proveniente de vinhas pertencentes á J.P. Vinhos, desta zona demarcada. A tecnologia de vinificação é idêntica à utilizada nos vinhos de Moscatel de Setúbal: após uma curta fermentação do mosto em contacto com as películas, adiciona-se aguardente de vinho seleccionada que, ao parar a fermentação, permite a conservação de uma doçura original das uvas. O vinho é mantido durante o Inverno em contacto com as películas e seguidamente sangrado, e as massas prensadas. Segue-se um envelhecimento em barris de carvalho americano de 180 litros, durante 9 anos, em armazéns de elevada amplitude térmica. No caso foram utilizados barris previamente usados no envelhecimento de whisky de malte escocês, o que contribuiu para amaciar o vinho, aumentando igualmente o seu requinte e exclusividade.
De cor âmbar e concentração média (é mais claro do que o Moscatel normal) apresenta-se com bom brilho e viscosidade média. O aroma é intenso e rico, com notas de mel, frutos secos e passas, mas também com notas florais que lhe aumentam a frescura, quando comparado com o Moscatel de Setúbal. Após agitar, esse lado vegetal revela-se mais intensamente, com notas mentoladas que surpreendem, num Moscatel. Na boca volta a surpreender surgindo encorpado e meloso, mas sem doçura excessiva. É antes um vinho fresco e elegante, muito suave e personalizado. Notas de mel, frutos secos, fruta cristalizada e florais conjugam-se numa boca original e conseguida. É um moscatel redondo e de porte aristocrático.
Termina com boa persistência e levemente picante, mas sempre suave e elegante.
Sem dúvida um moscatel de excelência. No entanto o Moscatel de Setúbal de 1998 mostrou-se ao mesmo nível… e é vendido substancialmente mais barato!

Casa de Santar Reserva Branco 2006


Dão DOC
Casa de Santar (Nelas)
5,95€ Revista de Vinhos
16/20

Santar é uma povoação do concelho de Nelas, no coração da região do Dão onde desde tempos imemoriais se cultiva a vinha. A Casa de Santar é um solar do do séc. XVII e XVIII, rodeado de jardins de sebes e buxos que conduzem às imponentes adegas, que se integram admiravelmente no conjunto arquitectónico da propriedade. Estas, construídas em granito, com os seus frescos de azulejos históricos, abrigam, num ambiente do passado, as mais modernas e avançadas tecnologias. Propriedade de D. Tereza de Lencastre de Mello, Condessa de Santar, Condessa de Magalhães e Viscondessa de Taveiro, a propriedade está em posse da família desde 1616, há 15 gerações consecutivas. A vinha contudo, passou recentemente para o controlo da poderosa Dão Sul, uma das mais importantes vinícolas portuguesas, presente em todas as principais regiões do país e com avultados investimentos no estrangeiro também.
A Casa de Santar tem 103 hectares de vinha plantada, da qual 90 hectares são de castas tintas. O encepamento concentra maior atenção às castas que considera mais importantes e de maior potencial, tais como a Touriga-Nacional, o Alfrocheiro e a Tinta Roriz, entre os tintos e o Encruzado, o Borrado das Moscas, o Cercial e o Arinto, no que concerne à brancas.
Este reserva branco de 2006 é um vinho de lote, elaborado em 50% a partir da casta Encruzado e em 25% a partir do Cerceal branco e do Bical. As castas foram fermentadas separadamente, metade em inox e a outra metade em barrica nova de carvalho francês. A responsabilidade enológica é de Pedro de Vasconcellos e Souza.
Apresenta-se muito bem, de cor citrina, com uma concentração muito baixa, bom brilho e viscosidade média. O nariz, sem ser exuberante, denota boas notas de frutos tropicais e citrinos, temperados por leve mineral. Secundariamente exala muita frescura, com os citrinos e leve anisado a destacarem-se entre os demais aromas. Termina o nariz com leve bouquet frutado. Na boca apresenta corpo médio e acidez bem controlada, sem nunca comprometer a frescura. Leve e mineral sentem-se ainda notas citrinas e tropicais. Um vinho elegante e com classe.
Finaliza com alguma persistência mantendo sempre a frescura.

sábado, 6 de setembro de 2008

Vinha do Almo Escolha 2004


Vinho Regional Alentejano
Herdade do Perdigão (Monforte)
6,89€ Jumbo
15,5/20

Elaborado a partir das castas Trincadeira, Aragonez e Touriga Nacional, este alentejano de Monforte, produzido pela célebre Herdade do Perdigão, ícone recente da vinicultura alentejana, estagiou 16 meses em barricas de carvalho francês e americano e, após o engarrafamento, manteve-se ainda 12 meses em garrafa antes da comercialização.
Com uns ousados 15 graus de volume alcoólico, dir-se-ia que este Vinha do Almo Escolha ataca mais em força do que em jeito (perdoem-se o futebolismo)… No entanto, o generoso estágio de que foi objecto e bem assim a presença da Touriga Nacional no lote, conferem-lhe uma frescura que vai, felizmente, muito além do que a sua exagerada graduação faria supor.
De cor granada e boa concentração, embora não opaco, mostra uma viscosidade média e um excelente brilho. No nariz sobressaem as notas vegetais, mentoladas até, da Touriga, juntamente com frutos roxos e vermelhos macerados, tudo envolto em atraentes especiarias. Após agitar pouco muda no aroma, aligeira-se a menta, agora com leves notas canforadas e surgem breves notas de café. Surpreendentemente vegetal, para um vinho que passou 16 meses em barrica.
Na boca não esconde o seu carácter alentejano. Bom corpo com a acidez e adstringência em alta, embora acalmando com a oxigenação. A frescura vegetal do nariz mantém-se, uma vez mais temperada pela fruta macerada e ligeiro balsâmico. Um vinho quente e encorpado, mas com uma inesperada leveza e frescura, para um alentejano (a Serra de São Mamede ali tão perto faz destes milagres). Entra contudo demasiado directo. Falta-lhe alguma complexidade na boca para atingir a excelência… E já agora, se não for pedir muito, um bocadinho menos de álcool!
Finaliza correcto, sem surpresas e de média persistência.

domingo, 31 de agosto de 2008

Moscatel de Setúbal 1998


Moscatel de Setúbal 1998
Setúbal DOC
Bacalhoa Vinhos (Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal)
13,50€ Jumbo
17,5/20

A tradição portuguesa em matéria de vinhos fortificados é grande e de longa data.
Apesar dos produtores ingleses durienses reclamarem a autoria do vinho do Porto, pela adição de brandy ao vinho do Douro destinado à exportação (para ajudar à sua conservação) durante o séc. XVII, a verdade é que a adição de aguardente ao vinho era já uma prática antiga em Portugal, sendo frequentemente utilizada durante a época dos descobrimentos como forma de garantir a conservação do vinho, durante as longas viagens marítimas intercontinentais. São aliás famosos os moscatéis de “torna-viagem” (recentemente redescobertos pela firma José Maria da Fonseca), que eram colocados em barricas de madeira nos navios de partida, e levados a correr mundo nos seus porões, forma de acelerar o seu envelhecimento. No regresso eram vendidos a peso de oiro, como verdadeiro néctar dos Deuses.
Tais tradições são reveladoras da antiguidade do processo de fortificar o vinho em terras lusitanas e explicam a profusão de vinhos fortificados que sempre por cá existiu.
O que torna o vinho fortificado é o facto da sua fermentação não ser completa, sendo parada numa fase inicial (dois ou três dias depois do início), através da adição de uma aguardente vínica neutra (com cerca de 77º de álcool). Assim o vinho fica naturalmente doce (visto o açúcar natural das uvas não se transformar completamente em álcool) e mais forte do que os restantes vinhos (entre 18 e 22º de álcool).
Além do celebérrimo Vinho do Porto, exportado em grandes quantidades desde o séc. XVII por comerciantes ingleses radicados nas cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, outros vinhos fortificados atingiram fama em Portugal e no estrangeiro. Caso flagrante é o vinho da Madeira, cuja produção remonta quase à descoberta da ilha em 1419. Foi com um Madeira, bebida preferida de Thomas Jefferson, que os americanos brindaram à sua independência em 4 de Julho de 1776 e foi também por um Madeira e uma perna de frango que Falstaff vendeu a sua alma, em Henrique IV de William Shakespeare.
O vinho dos Biscoitos, na ilha Terceira do arquipélago dos Açores, é outro exemplo antigo de vinho fortificado. Elaborado a partir da casta verdelho, criada nas pedras vulcânicas daquele arquipélago atlante, ganhou fama e proveito até que a filoxera quase acabou com ele nos anos de 1870, quando era presença obrigatória na mesa de reis e czares. Desde então tem sido progressiva, mas timidamente, redescoberto, ainda longe porém da fama e importância económica de outrora.
Exemplo típico e antigo é também o vinho de Carcavelos, produzido nas terras arenosas da foz do Tejo, bem perto da cidade de Lisboa. Hoje está reduzido a uma mera curiosidade histórica, produzido em quantidades ridículas e vendido principescamente. O próprio Marquês de Pombal produzia-o nas terras do seu palácio e quinta de Oeiras e era de tal modo apreciado que integrou uma oferta de el rei D. José I à corte de Pequim, em 1752.
Não há adega cooperativa deste país que não produza um “vinho abafado”, designação com que o povo premeia os vinhos fortificados, de preferência com aquela aguardente típica de cada região, tão apreciada pelos autóctones.
Serve esta introdução para vos trazer mais um vinho fortificado português de enorme e antiga tradição: o Moscatel de Setúbal. No caso o moscatel produzido pela Bacalhôa Vinhos, empresa de Vila Nogueira de Azeitão com as suas vinhas estrategicamente localizadas nas encostas da Serra da Arrábida. Esta empresa, que já foi João Pires & Filhos e passou, nos autos 80 e sob a batuta de António Francisco Avillez a evidenciar-se no mercado com vinhos como o JP, Quinta da Bacalhoa, Má Partilha ou Cova da Ursa pertence hoje ao império de Joe Berardo, que tratou de modernizar as vinhas e adegas e ampliar largamente a área de plantio, que atinge presentemente os 500 hectares.
Este vinho, exclusivamente elaborado a partir da nobre casta moscatel de Setúbal, colhida em 1998 e produzida na vinha da Serra da Ursa (então com 18 anos de idade), foi brevemente fermentado em contacto pelicular, sendo a fermentação interrompida pela adição de aguardente vínica. Após a maceração foi transfegado e as suas massas prensadas. Seguiram-se oito anos de estágio em barricas de carvalho de 200 litros, importadas da Escócia e previamente usadas no envelhecimento de whisky de malte, numa estufa com grandes amplitudes térmicas (processo que visa simular os velhos “torna-viagem” supra referidos). Foi finalmente engarrafado, já este ano, originando apenas 35.000 garrafas.
De cor âmbar, límpida e brilhante, muito bela, é um vinho que conquista a vista antes de apelar aos restantes sentidos. O nariz é nobre e envolvente, com notas de citrinos, casca de laranja cristalizada, bolo-rei (ou bolo inglês, se preferirem) num conjunto muito aromático e nada impositivo, onde o álcool mal denota. Só após agitar surgem, sem exageros, os 18 graus de volume alcoólico se bem que acompanhados de uma frescura citrina e vegetal, quase surpreendente. Na boca é pura souplesse… Delicioso, com notas de tangerina e mel, envoltas numa suavidade cremosa, leve e apelativa. Perdura na boca, interminável, com enorme classe.
Um magnífico moscatel, vendido nas grandes superfícies a pouco mais de 13,00€. Experimente-o com uma tablete de chocolate suíço, para um requintado e original desfrute.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Drink (Port) Pink


Croft Pink
Porto
Cerca de 9,5€ Jumbo
14/20

Este Croft Pink é, antes de mais, uma ousada jogada de marketing, que visa penetrar segmentos de mercado, até agora, pouco permeáveis ao vinho em geral e ao Porto em particular. Na verdade, provavelmente por razões que a própria razão desconhece, a maioria dos mais jovens (refiro-me aos menores de 30 anos de idade, para não ferir susceptibilidades) prefere beber cerveja nas suas saídas nocturnas e, quando ocasionalmente se aventura por uma long drink, prefere um Licor Beirão “on the rocks”, um vermute ou então um whisky (preferencialmente um JB ou um Cutty Sark novos, para não magoar muito a carteira…).
Um vinho do Porto?! Isso é bebida de senhoras idosas, servida geralmente pelas avozinhas bem intencionadas às visitas, quase sempre acompanhada por um sortido de bolachinhas Cuétara, comprado na mercearia da esquina.
Convenhamos que esta imagem não agrada muito aos produtores de vinho do Porto! É verdade que também se associa o Porto à aristocracia (sobretudo anglo-saxónica) mas isso são prazeres requintados e exclusivistas, distantes das bolsas dos comuns mortais! Será?
Um whisky escocês corrente custa mais de 10,00€ na maioria dos supermercados, valor suficiente para adquirir um Porto de razoável qualidade. Mas se olharmos para o preço de scotch de 12 anos ou mais, então poucos Porto ficarão fora do orçamento, mesmo de categorias superiores como o Vintage ou LBV.
Portanto, não é pelo preço que o Porto não pega em Portugal! Então deve ser pela imagem… Vamos pegar num Porto Ruby, aligeirar-lhe a cor (que fica de um rosa choque, sedutor e apelativo) e mandar servi-lo com gelo, nas noites quentes do Algarve (já havia o Portonic para as noites da Ribeira).
A bebida fica alegre, ousada, feminina… Bem longe da austeridade tradicional de um bom Vintage. Longe também da complexidade sedutora de um LBV. Longe ainda da enorme beleza e profundidade de velho Tawny. Fica apenas um Ruby, mais doce e cor-de-rosa, com sabor a groselha e que precisa de muito gelo para disfarçar a doçura…
Convenhamos que, para um Porto, é muito pouco…
Resta saber se será suficiente para convencer os putos a largarem o Licor Beirão (que custa menos de 5,00€ a garrafa) e a agarrarem-se a esta pantera cor-de-rosa da Croft (que custa quase dez…)!
Eu vou seguramente continuar a beber os meus Vintage e LBV.