domingo, 7 de dezembro de 2008

Casa de Santa Vitória 2004



Vinho Regional Alentejano
Casa de Santa Vitória (Beja)
4,50€ Modelo
15/20


Fruto de um projecto pioneiro, o de unir o turismo rural ao vinho, a Casa de Santa Vitória apresenta-se assim ao enófilo com uma curiosidade acrescida. Elaborado a partir de uvas das castas Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Aragonez e Syrah, cultivadas nos vastos terrenos que circundam o empreendimento Vila Galé Clube de Campo, na freguesia de Santa Vitória (que dá nome ao vinho) do concelho de Beja, com as vinhas e as adegas abertas aos olhares curiosos dos muitos milhares de visitantes que se deslocam anualmente a este acolhedor empreendimento turístico do Baixo Alentejo, parece deixar sempre no ar a pergunta: será vinho para turistas? Estamos perante um mero aproveitamento de terras, não utilizadas na construção do empreendimento, destinadas assim a garantir ao visitante o vislumbre duma nesga da rotina agrícola alentejana ou, pelo contrário, este Clube de Campo Vila Galé assume-se como um verdadeiro projecto triicéfalo, com a agricultura, a vinicultura e o turismo a aparecerem com igual destaque na prioridade, rigor e profissionalismo do investimento.
Se considerarmos o volume de produção vinícola desta propriedade, os avultados valores investidos, designadamente na construção de uma moderna adega, e os prémios já alcançados pelos seus vinhos, onde figuram verdadeiros topos de gama, novos ícones da vinicultura alentejana (sobretudo do novo Alentejo vinícola, quase todo distribuído pelo distrito de Beja) como o Reserva ou o Inevitável, dificilmente restarão dúvidas quanto à seriedade deste projecto vinícola da Casa de Santa Vitória.
Este colheita 2004 mostra brilho e viscosidade médias, mas uma concentração elevada, numa bonita cor rubi. O nariz possui elegantes notas florais e muita fruta vermelha, num misto de frescura e doçura que ora remete para os morangos e vegetais frescos ora para as suculentas compotas da região. Um aroma primário muito conseguido. Após agitar surgem os couros característicos das castas utilizadas e dos solos alentejanos, temperados por ligeiro metal e verniz. Na boca tem corpo e acidez medianas com a adstringência correcta, sem exageros. A fruta está lá, vermelha e silvestre, mas também algum verniz que lhe confere um toque algo licoroso. É um vinho fresco mas mais doce que seco, com boa fruta. Finaliza correcto e com agradável persistência.
Pena o perfil ligeiramente tecnológico… Ainda assim, assinalável relação preço/qualidade.

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