terça-feira, 25 de novembro de 2008
Herdade do Pinheiro Reserva 2002
Vinho Regional Alentejano
Herdade do Pinheiro (Ferreira do Alentejo)
17,99€ Continente
16,5/20
Galardoado com uma medalha de ouro no International Wine Challenge 2006 este reserva alentejano é elaborado a partir das castas Aragonez, Trincadeira e Touriga Nacional, sob responsabilidade dos enólogos José António Fonseca e Luís Morgado Leão. Teve estágio de 9 meses em madeira de carvalho francês e americano.
Proveniente da região de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, é assim um novo alentejano, isto é, um vinho proveniente de uma região do Alentejo sem grande tradição vinícola. No entanto muito se tem produzido de qualidade fora das tradicionais regiões vinícolas de além Tejo nos últimos anos, mostrando que essas antigas divisões estão cada vez mais condenadas ao esquecimento. Pelo menos para o grande público, para quem a marca “Alentejo” se afigura cada vez mais como móbil de compra, pouco preocupado em indagar se adquire um DOC ou um mais vulgar regional alentejano…
De cor rubi escuro, quase opaco, é um vinho de viscosidade média e bom brilho. Numa clara opção, assinalável só pelo aspecto, pelo perfil concentrado.
Boas notas de fruta vermelha e silvestre no nariz, conjugadas com as habituais sugestões de campo e terra, características da região. Após agitar surgem previsíveis notas metálicas e de couro, conjugadas com terra molhada, café e alguma frescura vegetal que se mostra bem-vinda, num conjunto exuberante e de assinalável complexidade.
A boca revela um corpo médio de acidez elevada. Ainda assim a adstringência é contida. Um vinho complexo e concentrado, com notas de café, fruta silvestre, compotas e groselhas. Um conjunto que se impõe, mais do que conquista. Num perfil novo-mundista que persegue a exuberância, pela concentração.
Final apenas médio.
Quinta do Portal Moscatel Reserva 1996
Moscatel Douro DOC
Quinta do Portal (Sabrosa)
12,15€ Napoleão
16/20
O Moscatel Galego é uma casta tradicional duriense que tem alcançado enorme sucesso comercial, sobretudo através da Adega Cooperativa de Favaios, que produz e vende anualmente muitos milhões de litros do seu Moscatel local, verdadeira instituição da região, quer no mercado interno, quer na exportação.
O interesse comercial da casta tem levado outros produtores da região a lançarem, também eles, no mercado os seus próprios Moscatéis, aplicando porventura critérios selectivos e tecnologia de produção menos acessíveis ao mais massificado produto das Cooperativas. É o caso deste Reserva 1996, produzido pela Quinta do Portal com uvas oriundas precisamente do Planalto de Favaios, um produtor conceituado do Douro (eleito produtor do ano 2007 pela Revista de Vinhos), que nos habituámos a admirar pelos seus excelentes tintos (o seu porta-estandarte é o elitista Auru) e Portos.
Com bom brilho e uma bonita cor âmbar, bem característica do moscatel, mostra concentração mais baixa do que os seus congéneres setubalenses e viscosidade apenas média.
O nariz exibe notas florais conjugadas com as mais habituais referências a bolo inglês, citrinas (laranja e tangerina) e a mel. É ainda assim um nariz fresco, sobretudo para um vinho fortificado. Essa frescura intensifica-se após agitar, com a fruta a surgir fresca e as notas florais a deixarem um agradável bouquet perfumado.
A boca é cremosa e suave. Não perde as características florais nem as citrinas. Mal se sente o álcool. Um vinho elegante e agradável, de média persistência, que fica porém aquém dos bons exemplos elaborados a partir da casta Moscatel de Setúbal, de que aqui dei nota recente.
Tem boas qualidades, mas falta-lhe o porte aristocrático que os bons moscatéis de Setúbal adquirem com os anos. Aparentemente 12 anos não foram suficientes para que este moscatel galego as adquirisse…
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Singularis 2004
Vinho Regional Alentejano
Paulo Laureano Vinus (Vidigueira)
5,95€ Revista de Vinhos
16/20
O alentejano Paulo Laureano, formado em engenharia agrícola pela Universidade de Évora, é um dos enólogos portugueses mais conhecidos e requisitados, sobretudo no sul do país onde, desde há vários anos, desenvolve importantes tarefas como consultor de dezenas de produtores, entre eles alguns de grande fama e tradição, como a Herdade do Mouchão.
Em 1998 lançou-se na produção de vinhos próprios fundando a Eborae Vitis e Vinus, com marcas que cedo ganharam projecção no mercado como o Dolium, este Singularis e também o Vale da Torre, elaborados a partir de uvas próprias (oriundas de uma vinha de 10 ha perto de Évora) mas sobretudo de uvas seleccionadas, adquiridas a terceiros. Em 2007 deu um novo passo neste seu projecto de produção de vinhos próprios, adquirindo uma nova propriedade com 70 ha de vinha na Vidigueira e uma adega, que tratou de ampliar com as mais modernas tecnologias. Fundou duas novas empresas, a Paulo Laureano Vinus dedicada à produção própria e a Eborae Consulting dedicada à consultoria, que assim sucederam nos negócios da extinta Eborae Vitis e Vinus.
O objectivo declarado é a produção de vinhos de alta qualidade, exclusivamente elaborados a partir de castas tradicionais portuguesas, com uma forte aposta na exportação. A única excepção é a francesa Alicante Bouschet que, fruto da extraordinária adaptação ao solo alentejano e à sua quase extinção em terras gaulesas, se assume hoje em dia como lusitana por adopção.
Este Singularis é elaborado a partir das castas Trincadeira e Aragonês e tem uns comedidos 13,5% de teor alcoólico, para os tempos que correm e para a região alentejana, entenda-se.
Com uma bela cor granada, boa concentração e bom brilho, é um vinho que se apresenta bem, apesar da viscosidade elevada. Bastante aromático, com notas campestres e terrosas e de fruta silvestre e vermelha. Após agitar surgem notas metálicas e leve marroquinaria. Termina com ligeiro bouquet vegetal.
Na boca denota acidez crocante e adstringência mediana. É contudo um vinho surpreendentemente fresco, contrariando a tendência da generalidade dos vinhos alentejanos. A fruta é sobretudo silvestre e roxa, com framboesas e amoras a sobressaírem num conjunto agradável e muito amigo da mesa.
Finaliza correcto e de média duração.
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