sexta-feira, 25 de abril de 2008

Muros Antigos Loureiro 2006


Verde DOC
Anselmo Mendes (Melgaço)
5,25€ Supercor
16,5/20

Muito se escreveu já sobre Anselmo Mendes. Um dos principais responsáveis pela renovação dos vinhos verdes muito pela exploração afincada das potencialidades das suas castas mais nobres, sobretudo o alvarinho e o loureiro. Este Muros Antigos Loureiro foi prensado com adição de neve carbónica e o respectivo mosto decantado por 48 horas antes da transfega para pequenas cubas de inox. Aqui fermentou por 15 dias à temperatura máxima controlada de 18ºC. Durante três meses realizou-se bâtonnage semanal (levantamento das borras), para ser finalmente estabilizado a frio (-4º) e efectuado o engarrafamento, não sem antes ser filtrado. Não admira pois as enormes qualidades demonstradas e que já mereceram o meu aplauso rendido na colheita de 2005. No geral o vinho mantém–se fiel aos princípios que me levaram ao pretérito elogio. Limpído, brilhante, com muito boa fruta (citrinos a que se juntam as mais originais maçãs e até banana) e fortes notas minerais que remetem de imediato para os solos graníticos do alto Minho de onde provém. É um vinho elegante e extremamente refrescante, um dos mais altos expoentes desta magnífica casta, tantas vezes esquecida em detrimento do mais consensual alvarinho. Parece-me no entanto que perdeu um pouco de frescura face à colheita de 2005 (talvez eu tivesse sido menos feliz na conjugação gastronómica…).

Quinta da Esperança 2004


Vinho Regional Alentejano
Maria Joana Castro Duarte (Estremoz)
4,98€ Pingo Doce
16/20

Um vinho alentejano de quinta, elaborado sobretudo a partir de Touriga Nacional (70%), mas também da Trincadeira (20%) e em menor proporção do Aragonez (10%), com estágio de 7 meses em barricas de carvalho francês e americano. Este projecto Encostas de Estremoz, apoiado enologicamente por Miguel Reis Catarino, assume despudoradamente a sua inspiração novo-mundista. Com cerca de 100 ha de vinha, com sistema de rega gota-a-gota, entre Estremoz e Sousel, (dos quais apenas 6 ha estão dedicados a uva branca… sinal dos tempos que no entanto, parecem estar lentamente a mudar) a aposta vai sobretudo para as castas nacionais, independentemente da região de origem. Assim não admira a presença maioritária da touriga nacional neste lote que lhe dá distinção, elegância e até leveza, apesar do tradicional corpo dos vinhos alentejanos. O aragonez e a trincadeira contribuem para o carácter frutado, ma non troppo, que é característico da casa, tudo bem combinado pela madeira de qualidade no ponto, sem exageros como deve de ser. Um vinho muito atraente e com um preço irrecusável, que coleccionou prémios entre os quais se destaca a medalha de Ouro nas Selections Mondiales des Vins 2007, no Canadá.

Tinta Caiada 2005


Vinho Regional Alentejano
Adega Cooperativa de Borba
14,5/20

Monovarietal da nova geração de vinhos da adega cooperativa de Borba, elaborado exclusivamente a partir de uma casta em desuso. Rejeitada na maioria das regiões devido à sua baixa qualidade vitícola e enológica e bem assim pela sua acentuada exposição à botrytis, é no Alentejo que a Tinta Caiada subsiste graças ao clima quente que potencia a sua maturação, originando vinhos de qualidade.
Este exemplar da Adega Cooperativa de Borba é um vinho de acidez elevada e com uma rusticidade notória. Agradará aos apreciadores de vinhos alentejanos da velha guarda, de carácter mais aberto e acentuada propensão gastronómica regional e será seguramente criticado pelos seguidores das novas tendências elegantes e frutadas, importadas do novo mundo vinícola. Incapaz de assumir posições radicais terei de me situar a meio termo: é um vinho de qualidade e de assumida rusticidade, feito com o recurso a uma única casta, com tradições bem vincadas no Alentejo. Não é contudo o meu Alentejo preferido… Gosto mais da fruta e elegância do aragonez, da trincadeira ou da syrah. Modernices!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Festival Nacional do Vinho


Entre os dias 13 e 16 de Maio o Centro Nacional de Exposições, em Santarém, será
palco de mais uma edição do Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados (C.N.V.E.), onde serão premiados os melhores vinhos nacionais. Os vencedores serão depois conhecidos durante a Portuguese Wine Fair | Festival Nacional do Vinho (PWF | FNV), iniciativa a decorrer entre os dias 11 e 15 de Junho, no âmbito da 45ª Feira Nacional de Agricultura | 55ª Feira do Ribatejo, e que pretende retratar a produção vinícola nacional e promover o encontro de produtores, empresas, técnicos,enólogos e curiosos.

Drink Pink


A Croft lançou no mercado o primeiro vinho do Porto rosado (não existe a categoria rosé no Porto). Uma ideia original do director-geral da Croft, Adrian Bridge, concretizada pela equipa enológica da casa, liderada por David Guimaraens. O sabor é de groselhas e framboesas, com um final doce a confirmá-lo. Parece pois um vinho talhado para um público jovem e feminino... (sem preconceitos, entenda-se). Tem 19,5 graus de álcool e é inteiramente produzido na Quinta da Roeda, no Pinhão. Foram produzidas 480.000 garrafas, na sua maioria destinadas à exportação, e custa a simpática quantia de 9,90€. Se a moda pega...

Vinoble '08


Vai realizar-se nos dias 25, 26, 27 e 28 de Maio, em Jerez de La Frontera, em Espanha, mais uma edição da Vinoble, Salão Internacional de Vinhos Nobres, único certame dedicado exclusivamente aos vinhos generosos, fortificados e especiais. Nele vão estar presentes os Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e Eiswine da Alemanha, os Kremstal, Neusiedlersee e Neusiedlersee-Hügelland da Áustria, os Jerez e Manzanillas de Espanha, os Sauternes, Barsac, Alsacia, Languedoc-Roussillon, Loira, Mombazillac, Pacherenc, Gaillac, Jurançon, Sainte Croix du Mont, Loupiac e Bergerac de França, os Samos, Santorini, Patras, Macedonia e Creta da Grécia, os Tokaj da Hungria, vinsanto, passito e moscato de Itália, Porto, Moscatel e Madeira de Portugal, bem como uma enorme variedade de colheitas tardias, icewine, moscatéis e fortificados oriundos da Austrália, Argentina, Canadá, Chile, Eslovénia, Estados Unidos, Nova Zelândia, África do Sul, Suiça, Uruguai e até do Japão!
Sem dúvida um salão único a não perder pelos que possam deslocar-se à província de Cadiz no final de Maio...

domingo, 20 de abril de 2008

Domingos Damascenos de Carvalho 2004


Regional Terras do Sado
SOTA (Poceirão, Palmela)
8,99€ Continente
16,5/20

Um produtor de tradição na região de Palmela e uma garrafa já com alguns anos de casa… Mostrou-se contudo em excelente forma. De cor rubi, viva e brilhante, concentração média e viscosidade não muito elevada. O nariz é balsâmico com a fruta roxa e silvestre a evidenciar-se, entre leve madeira, num conjunto campestre com levíssimo odor animal. Após agitar surgem algum vegetal e muita cânfora, com notas de metal amarelo. Leve bouquet silvestre. Na boca é medianamente encorpado, com a acidez muito contida mas sem comprometer. Os taninos são aveludados e muito elegantes, mostrando mesmo alguma nobreza. À fruta silvestre do nariz juntam-se agora os frutos vermelhos e as compotas, notando-se alguma doçura mas sem demasia. Finaliza elegante, redondo e prolongado. Um vinho excelente e com algum requinte. Um pouco mais complexo e seria uma referência… Foi galardoado com uma medalha de ouro no V Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, CVRPS 2005.