sábado, 27 de dezembro de 2008
Quinta da Garrida 2004
Dão DOC
Caves Aliança (Gouveia)
Jumbo, 5,78€
16/20
A Quinta da Garrida, propriedade da Aliança desde 1998, está situada em Vila Nova de Tazém, no concelho de Gouveia, na região demarcada do Dão. Com uma área total de 112 hectares, tem 80 hectares de vinhas com 15 anos e os restantes com novas plantações efectuadas com o recurso às mais modernas técnicas. A vinha é constituída pelas principais castas desta região, como a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro Preto. Aqui são produzidos dois vinhos: o Quinta da Garrida e o Touriga Nacional Reserva, sob a direcção dos enólogos Francisco Antunes (enólogo residente) e Pascal Chatonnet (enólogo consultor).
Este Quinta da Garrida 2004 foi elaborado a partir das castas Jaen, Tinta Roriz e Touriga Nacional, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. É um vinho de bela apresentação, com cor rubi brilhante, boa concentração e viscosidade média. O nariz é elegante com leves notas balsâmicas, fruta vermelha e silvestre macerada, num conjunto cheio e redondo, bem expressivo das boas características da região. Após agitar surge muita frescura, algum mineral e metal, num aroma limpo e fresco.
A boca é leve e aristocrática. Num vinho suave e sedoso sente-se a elegância da touriga nacional, bem casada com a fruta. O perfil austero das terras beirãs é manifestado com classe neste bom exemplo das potencialidades do Dão. Final persistente sem nunca perder a elegância.
Magnífica relação preço/qualidade.
Conde d’Ervideira Reserva 2004
Alentejo DOC
Ribeira d’Ervideira (Évora)
Revista de Vinhos, 5,95€
16/20
Propriedade da família Leal da Costa, descendente do Conde da Ervideira, cuja tradição vinícola remonta a 1880, os vinhos da Ervideira provêm de 160 hectares de vinha distribuída por duas propriedades, as herdades do Monte da Ribeira na Vidigueira e da Herdadinha na Vendinha, Reguengos de Monsaraz. O enólogo residente é Nelson Rolo sendo consultor da casa o enólogo Paulo Laureano. A exportação é o destino de quase metade da produção da Ribeira d’Ervideira, com o Brasil a liderar o top das vendas internacionais, numa lista de fazem igualmente parte a China, Angola ou o Canadá. Da produção fazem parte as marcas Ervideira, Terras d’Ervideira, Lusitano, Vinha d’Ervideira, Castas d’Ervideira e este Conde d’Ervideira, o topo de gama da casa que existe em duas versões: o Reserva e o Garrafeira, produzido apenas nos anos de melhor qualidade.
Este Conde d’Ervideira Reserva 2004 foi produzido a partir das castas Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon a partir de uma selecção dos melhores lotes de uvas, vinificados casta por casta. Estagiou 8 meses em barricas novas, maioritariamente, de carvalho francês. Foi depois engarrafado, permanecendo em cave durante o período mínimo de um ano. Foram produzidas 26 000 garrafas.
De cor rubi brilhante e de concentração elevada, é um vinho bem apresentado e de viscosidade média. No nariz ressaltam os frutos silvestres e compotas, com boa frescura. Após agitar surgem notas de marroquinaria e de metais brancos, com muita frescura. Exibe mesmo um elegante bouquet frutado. Na boca revela-se surpreendentemente leve e com boa acidez. Os taninos são sedosos e elegantes, num vinho fresco e distinto com notas de frutos silvestres e vermelhos. Termina com agradável persistência.
Um vinho muito bem feito, revelador das novas tendências alentejanas de privilegiar a frescura em detrimentos da excessiva extracção, que pontificou nos tempos mais recentes e nos vinhos desta região. Excelente relação preço/qualidade.
CARM Reserva 2005 Branco
Douro Doc
Casa Agrícola Reboredo Madeira (Vila Nova de Foz Côa)
Garrafeira Nacional, 10,30€
16,5/20
Elaborado a partir de castas tradicionais durienses plantadas em vinhas velhas situadas no Douro Superior (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) e estagiado em carvalho francês com “batonnage”, é pois um vinho onde se conjugam a velha tradição vinícola do Douro com as mais modernas técnicas de vinificação.
As castas utilizadas são várias, como é habitual nas velhas parcelas de vinha do Douro, mas predominam a Verdelho, Síria e Rabigato.
A cor é amarelo palha, com elevada concentração, bom brilho e viscosidade média a elevada. Surpreende pela cor e concentração, que mais parecem anunciar um vinho velho.
O aroma é mineral, fresco e frutado. Elegante, com boa fruta (predomina o ananás) e leve anisado. Muito aromático e com aquela faceta mineral sedutora, característica dos bons vinhos do Douro. Exibe mesmo um agradável bouquet frutado.
Na boca mostra corpo e acidez médias. É um branco limonado, com predominância clara dos citrinos, e claramente mais seco que doce. É no entanto de uma secura agradável, austera mas sedutora e elegante que o tornam um excelente companheiro da mesa.
Final muito correcto, seco e longevo.
Um excelente branco do Douro a um preço muito convidativo.
Quinta do Vallado Tawny 10 Anos
Quinta do Vallado (Peso da Régua)
Napoleão, 22.95€
16,5/20
A Quinta do Vallado é uma propriedade histórica do Douro. Situada a escassos 10 quilómetros do Peso da Régua, o centro histórico do Douro vinhateiro, estende-se por ambas as margens do rio Corgo, com 38 hectares de vinha que já foi pertença de Dona Antónia Adelaide Ferreira, e ainda hoje se mantém na família, e está referenciada como produtora de vinho do Porto desde, pelo menos, o ano de 1716. Destes 38 hectares, cerca de 26 são de vinhas muito antigas, com mais de 60 anos de idade.
Este Tawny 10 anos é proveniente dessas vinhas velhas, com mistura de várias castas onde predominam a tinta amarela e a tinta roriz, elaborado com recurso a sucessivos estágios em madeira e engarrafamento em Dezembro de 2003. Recebeu uma medalha de ouro no International Wine Challenge de 2004.
De bela cor âmbar é um vinho de apresentação irrepreensível, com excelente brilho, viscosidade e concentração médias.
O nariz é delicado mas muito aromático, com notas de mel, frutos secos, bolo inglês e leves notas de tabaco. Após agitar sente-se ligeiramente os 20 graus de teor alcoólico, mas também uma agradável frescura. Surgem ainda leves e elegantes notas florais, bem casadas com os aromas primários.
Na boca é um vinho cremoso e distinto. De corpo médio e acidez no ponto, revela madeira nova, leve fumado, muita fruta cristalizada e frutos secos. Finaliza persistente e com alguma complexidade.
Um excelente Tawny. Porém, por este preço, já se acede a alguns vintage e LBV que conseguem elevar a fasquia do desfrute de um bom Porto a patamares mais elevados. A menos que se prefira a delicadeza de um Tawny velho… Aí este Quinta do Vallado 10 anos é seguramente uma referência a reter.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Termeão Pássaro Branco 2004
Bairrada DOC
Manuel Santos Campolargo (Anadia)
6,59€ Corte inglês
15,5/20
Manuel Campolargo foi um dos pioneiros da nova Bairrada vinícola. Quando os vinhos da região pareciam afundar-se num marasmo sem futuro, excepção feita talvez aos espumantes, graças à tradição do leitão bairradino, Manuel Campolargo ousou avançar para a produção própria e para o plantio de novas castas, nacionais e importadas, algumas pela primeira vez experimentadas em terras da Bairrada. Os primeiros vinhos Campolargo saíram para o mercado em 2000, mas a adega apenas foi construída em 2004
Com duas propriedades, a Quinta de São Mateus, com 110 ha de vinha, e a Quinta de Vale de Azar, com 60 ha, os vinhos Campolargo recorrem a uma enorme variedade de castas desde a tradicional Baga ao Pinot Noir, passando pela inevitável Touriga Nacional, a Tinta Barroca do Douro, a Periquita sadina ou a bordalesa Cabernet Sauvignon, só para mencionar as tintas.
O Termeão, Pássaro Branco (existe também o Pássaro Vermelho, mais exclusivo, com estágio prolongado em madeira nova) é elaborado a partir das castas Touriga Nacional, Castelão Nacional e Cabernet Sauvignon, com fermentação meloláctica em balseiros seguida de estágio não muito prolongado em barricas usadas.
De bela cor granada e bom brilho, mostra viscosidade e concentração medianas. O nariz exibe acentuadas notas balsâmicas, fruta silvestre, muito vegetal e leve mineral, num perfil fresco e aberto. Secundariamente continua o vegetal a dominar, verde, fresco com algum metal e ligeiro toque de legumes cozidos. Na boca é um vinho leve e original. Com a acidez no ponto, quase crocante, revela-se um excelente companheiro da mesa. É um vinho elegante e diferente, bem distante das concentrações adocicadas que vão dominando o mercado. Aqui domina o vegetal, com distinção e acentuada vocação gastronómica. Finaliza correcto e de boa duração.
Casa de Santa Vitória 2004
Vinho Regional Alentejano
Casa de Santa Vitória (Beja)
4,50€ Modelo
15/20
Fruto de um projecto pioneiro, o de unir o turismo rural ao vinho, a Casa de Santa Vitória apresenta-se assim ao enófilo com uma curiosidade acrescida. Elaborado a partir de uvas das castas Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Aragonez e Syrah, cultivadas nos vastos terrenos que circundam o empreendimento Vila Galé Clube de Campo, na freguesia de Santa Vitória (que dá nome ao vinho) do concelho de Beja, com as vinhas e as adegas abertas aos olhares curiosos dos muitos milhares de visitantes que se deslocam anualmente a este acolhedor empreendimento turístico do Baixo Alentejo, parece deixar sempre no ar a pergunta: será vinho para turistas? Estamos perante um mero aproveitamento de terras, não utilizadas na construção do empreendimento, destinadas assim a garantir ao visitante o vislumbre duma nesga da rotina agrícola alentejana ou, pelo contrário, este Clube de Campo Vila Galé assume-se como um verdadeiro projecto triicéfalo, com a agricultura, a vinicultura e o turismo a aparecerem com igual destaque na prioridade, rigor e profissionalismo do investimento.
Se considerarmos o volume de produção vinícola desta propriedade, os avultados valores investidos, designadamente na construção de uma moderna adega, e os prémios já alcançados pelos seus vinhos, onde figuram verdadeiros topos de gama, novos ícones da vinicultura alentejana (sobretudo do novo Alentejo vinícola, quase todo distribuído pelo distrito de Beja) como o Reserva ou o Inevitável, dificilmente restarão dúvidas quanto à seriedade deste projecto vinícola da Casa de Santa Vitória.
Este colheita 2004 mostra brilho e viscosidade médias, mas uma concentração elevada, numa bonita cor rubi. O nariz possui elegantes notas florais e muita fruta vermelha, num misto de frescura e doçura que ora remete para os morangos e vegetais frescos ora para as suculentas compotas da região. Um aroma primário muito conseguido. Após agitar surgem os couros característicos das castas utilizadas e dos solos alentejanos, temperados por ligeiro metal e verniz. Na boca tem corpo e acidez medianas com a adstringência correcta, sem exageros. A fruta está lá, vermelha e silvestre, mas também algum verniz que lhe confere um toque algo licoroso. É um vinho fresco mas mais doce que seco, com boa fruta. Finaliza correcto e com agradável persistência.
Pena o perfil ligeiramente tecnológico… Ainda assim, assinalável relação preço/qualidade.
Subscrever:
Mensagens (Atom)